Ponto de Cultura oferta aulas de informática e conscientização para prostitutas

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A Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), por meio da sua Fundação Cultural (Funjope), inaugura nesta quinta-feira (14), às 15h, no Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o quinto dos 20 Pontos de Cultura de João Pessoa. O Puta Cultura, que vai funcionar na Rua Irineu Pinto, 146, no Varadouro, oferecerá de segunda a sexta-feira, das 13h às 18h, aulas de informática, oficinas e palestras de prevenção contra as doenças sexualmente transmissíveis.

“O nosso público-alvo inicial são as prostitutas, mas sem excluir toda a comunidade do entorno do Varadouro, Centro e Centro Histórico”, informa Luza Maria Silva, coordenadora da Associação das Prostitutas da Paraíba (Apros), sem disfarçar o orgulho por mais uma conquista que ajuda a tirar do limbo toda uma categoria acostumada a lidar secularmente com o preconceito.

De acordo com o último mapeamento feito pela associação, cerca de 400 prostitutas atuam na região metropolitana de João Pessoa. Para além dos índices sociais que empurram esta demanda para o trabalho sexual, outra preocupação está no crescimento dos casos de Aids na Paraíba. Dados da Secretaria de Saúde do Estado apontaram 2.437 novos casos entre 2007 e 2013 – um aumento de 10%, realidade semelhante à do Brasil, que registrou crescimento de 11% no mesmo período.

“Desde a nossa fundação, em 2001, fazemos espetáculos em casas noturnas e em vários pontos abertos de prostituição, com o foco educativo na contenção desses casos”, reforça Luza. “Elas representam uma das categorias mais conscientes quanto à saúde e estão avançando no reconhecimento pleno da sua cidadania e direitos”, declarou Maria do Socorro Borges, secretária de Políticas Públicas para as Mulheres.

Pontos de Cultura – João Pessoa é a cidade brasileira contemplada com a maior quantidade de Pontos de Cultura. Criados em novembro passado, os pontos funcionam como instrumento de pulsão e articulação de ações já existentes nas comunidades, cuja parceria com o Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura (MinC), firma um elo mais sólido.

O repasse soma R$ 3,6 milhões, num acordo em que o Ministério da Cultura (MinC) se responsabiliza pelo pagamento de R$ 2,4 milhões e a Prefeitura, por R$ 1,2 milhão. As 20 instituições contempladas recebem R$ 60 mil por ano repassados pelos programas Mais Cultura e Cultura Viva, ligados ao MinC, somando R$ 3,6 milhões ao longo dos três anos em que a parceria se mantém válida.

Entre os projetos selecionados, estão os que promovem a cultura afrobrasileira entre crianças, caso da Casa de Cultura Planalto Boa Esperança, e as que atendem com atividades como contação de histórias, brincadeiras, apoio pedagógico e profissionalização em culinária e corte e costura, a exemplo da Associação Social Evangélica Sarah Kalley, que atua nas comunidades do Cristo Redentor.

Outro exemplo é da Associação Cultural Balaio Nordeste, responsável pela Escola de Música Mestre Dominguinhos, que forma instrumentistas especializados em acordeon. “Os pontos representam uma ação descentralizadora da cultura prezada pela gestão municipal. É a primeira vez que um programa deste porte é implementado na Capital”, informa o diretor-executivo da Funjope, Maurício Burity.