Praça das Mulheres no Parque da Lagoa completa um ano como marco da luta contra feminicídio
A Praça das Mulheres, no Canteiro dos Ipês do Parque da Lagoa Solon de Lucena, está completando um ano de inaugurada neste mês de novembro. O espaço, que faz uma reverência a seis mulheres vítimas do feminicídio na Capital, é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), por meio da Secretaria Extraordinária de Políticas Públicas Para as Mulheres (SEPPM).
O espaço busca chamar a atenção para a violência contra as mulheres e sensibilizar a população para o alto índice de homicídios na Paraíba e no Brasil. No dia 25 de novembro de 2017, a Praça recebeu uma placa simbólica com seis nomes de mulheres, cinco assassinadas e uma que sobreviveu, vítimas do feminicídio em João Pessoa.
Laisa Batista do Nascimento, que sobreviveu a vários tipos de violências por parte do ex-companheiro, é um das homenageadas na Praça, como exemplo de resistência. Laísa, além de ter sido violentada, foi presa e o juiz deu, numa grande ironia, medida protetiva para o agressor.
Ela diz que esse momento é de reverências, mas também de alerta para o alto índice da violência contra as mulheres. “A praça é um ponto simbólico, mas muito importante por representar o respeito à memória das mulheres vítimas de uma prática machista violenta”, considera.
Laísa destaca que o canteiro hoje simboliza o renascer da resistência. “É uma área nobre, dá visibilidade para o problema concreto. É algo triste, mas dar visibilidade à violência clama por um engajamento maior da sociedade para o combate e o fim desta violência”, reage a sobrevivente.
Ela destaca também a importância do movimento de mulheres que resistem e lutam contra esse problema. “É necessário entender que as mulheres juntas ficam mais fortes para resistir e buscar melhoria na qualidade de vida, na concretude das políticas públicas”, acrescenta. Laisa diz que hoje está em paz. Está casada, faz faculdade e é mãe de duas crianças.
População elogia – Nestes dias em que familiares e amigos reverenciam seus mortos, a Praça das Mulheres está recebendo um cuidado especial da patrulha da limpeza do Parque. A estudante Eduarda de Oliveira, 27 anos, moradora do Conde, se surpreendeu ao tomar conhecimento da homenagem feitas às mulheres assassinadas em João Pessoa.
Ela diz que iniciativas como essa devem servir de exemplo para gestores de todas as esferas do poder público. “Esse problema é muito sério, o poder publico deve criar várias alternativas para chamar a atenção para uma questão tão séria no País”, diz a jovem.
Ana Paula, de Cruz das Armas, também elogiou a Praça das Mulheres e diz que tomou conhecimento num dos passeios à Lagoa, quando foi brincar nos balanços com a filhinha, de quatro anos.
“Achei muito legal essa praça. Tudo que é feito para alertar para essa calamidade pública, é muito importante”, considera a dona de casa. Ela tem outra filha, de 15 anos, e destaca que a violência é uma grande preocupação dela e do esposo. “Ainda acompanho minha filha nos passeios, são tantas histórias tristes contra essas jovens. Não digo que pego no pé, mas dou uma liberdade vigiada”, brinca a mãe.
PMJP engajada – Liliane Oliveira, da coordenação de Enfrentamento da Violência contra as Mulheres, da SEPPM, lembra que a luta da mulher é todo dia. “E a prefeitura está engajada nesta luta. Com a praça, reverenciamos todas as mulheres que foram assassinadas na Paraíba, vítimas do feminicídio e outras que estão na resistência, especialmente em João Pessoa”, destaca.
A escolha dos seis nomes das placas expostas no canteiro atendeu ao critério de maior brutalidade, os casos mais emblemáticos. Segundo Liliane Oliveira, o desenvolvimento de toda a ação contou com a participação de entidades que lutam pela causa. Destacando o slogan “Nascer e Renascer: pelo empoderamento das mulheres”, cada placa recebeu o nome de uma mulher e o ano do seu assassinato. São elas:
– Rebecca Cristina Alves Simões, 15 anos, ano 2011, bairro de Mangabeira. O suspeito é o padrasto, que está preso.
– Germana Clara Sá Marinho, 28 anos, assassinada em frente dos filhos, 2014, no bairro de Tambiá.
– Fernanda Ellen Miranda Cabral, 11 anos. Morta em 2013 e enterrada no quintal, no bairro Alto do Mateus.
– Ariane Thaís Carneiro de Azevedo, grávida, 21 anos, assassinada em 15 de abril de 2010.
– Vivianny Crisley Viana, 29 anos, de Mangabeira, morta ao sair de um bar no bairro dos Bancários, em 2016.
– Laisa Batista do Nascimento, 23 anos, do Bessa. Ela sobreviveu, mas sofreu vários tipos de abuso. Foi homenageada pela sua história de resistência. Laisa, além de ser violentada, foi presa e o juiz deu a medida protetiva para o agressor.