Prefeitura de João Pessoa alfabetiza mulheres do Conjunto Gervásio Maia

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Ler e escrever pode parecer algo normal para muitas pessoas, afinal é lendo e escrevendo que o ser humano se faz livre para ser compreendido e compreender. Infelizmente ainda existe uma parte da população que não pode vivenciar essa liberdade, ou enquadra-se entre os analfabetos funcionais (não desenvolve habilidade de interpretação de textos). Em João Pessoa, 16 mulheres, entre 16 e 65 anos, estão frequentando a sala de aula para, enfim, conhecer e se apoderar do universo das palavras.

Através de uma parceria entre a Secretaria Extraordinária de Políticas Públicas para as Mulheres (SEPPM), Secretaria de Educação e Cultura (Sedec) e Associação de Cidadania e Inclusão Social (Acis), estão acontecendo, todas as terças, quartas e quintas-feiras, no período da noite, aulas de alfabetização para mulheres que moram no Conjunto Gervásio Maia.

Para Damiana Vicente da Silva, de 51 anos, essa é a oportunidade de mudar algo que traz um grande incomodo para ela. “Eu nunca estudei, me criei no interior, e não sei nem ler e nem escrever. É muito chato não saber assinar o próprio nome, e a pessoa fica envergonhada em ter que colocar o dedo. Essa é a primeira coisa que eu quero aprender, escrever o meu nome”.

A secretária da SEPPM, Giucélia Figueiredo, destaca que é muito importante a oportunidade que está sendo dada para essas mulheres. “São diversos fatores que foram construídos para viabilizar a ida delas para a sala de aula. Estamos oferecendo algo no próprio bairro, gratuito, em um horário viável, e com uma didática pensada especificamente para a realidade delas. Atendemos um pedido da própria comunidade, e a partir desse aprendizado elas terão mais autonomia, e a possibilidade de uma vida melhor”.

Mudança bem vinda – “Moro sozinha, e depois que comecei a frequentar as aulas até a minha saúde melhorou”, disse Isabel Ferreira, 55 anos, que ressalta a importância de se atualizar e aprender. “Estava sem fazer nada, e era melhor estudar um pouco, aprender mais e me atualizar. Também contamos com a ajuda da professora, que não falta e sabe como passar as coisas para a gente. Eu estou amando estudar, e quem sabe consigo arrumar algum trabalho depois”.

Psicóloga e secretária adjunta da SEPPM, Adriana Urquiza ressalta que essa é uma oportunidade para essas mulheres se reencontrarem como indivíduo, e se permitirem. “Temos uma turma com mulheres de diferentes faixas etárias, e no caso das mais velhas, aprender a ler e escrever vai além do que simplesmente ser alfabetizada. Elas estão se permitindo, quebrando preconceitos, e buscando a sua cidadania. Com certeza muitas recebem o apoio da família para viabilizar essa vontade de compreender o que antes eram apenas símbolos, sem significado algum”.

A turma está usando a estrutura da sede da Associação de Cidadania e Inclusão Social, localizada na Rua Memorial Frei Damião, 134, e a presidente, em poucas palavras falou do projeto. “A parceira está sendo muito boa”, avaliou. Os professores seguem as orientações do Programa Brasil Alfabetizado, um projeto do Governo Federal voltado para a alfabetização de jovens, adultos e idosos, e as aulas serão concluídas no mês de novembro.

Outra turma de alfabetização – A SEPPM e a Sedec também estão alfabetizando mulheres através de uma parceria com a Associação das Prostitutas da Paraíba (Apros) e Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Em um primeiro momento, as 19 alunas estão assistindo aula na Escola Municipal Índio Piragibe, e posteriormente serão realizadas na Faculdade de Direito da UFPB. A ação também segue as diretrizes do Programa Brasil Alfabetizado.