Prefeitura inaugura Cine Funjope Linduarte Noronha nesta quinta

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Nesta quinta-feira (29), a Capital paraibana ganha um espaço para a exibição de filmes bem no coração da cidade, com a inauguração do Cine Funjope Linduarte Noronha, a partir das 19h30. O novo equipamento funcionará no primeiro andar da sede da Fundação Cultural de João Pessoa.

O evento de inauguração contará com a presença de profissionais da área de audiovisual, além de autoridades. Na ocasião, serão exibidos o longa-metragem “Futuro do Pretérito – Tropicalismo Now”, do diretor Ninho Moraes, e o curta “Ikó-Eté”, de Torquato Joel. Os dois realizadores também já garantiram presença.

O diretor da Funjope, Lúcio Vilar, ressaltou que o cinema atende uma demanda antiga de João Pessoa. “A existência de um espaço para a exibição de filmes é uma necessidade histórica dos realizadores, produtores e profissionais ligados ao audiovisual na Capital. Também será um instrumento de formação de plateia para um público que terá oportunidade de assistir a debates com cineastas e realizadores”, destacou.

Ainda de acordo com Lúcio Vilar, a localização do Cine Funjope também é estratégica. “O fato de o Cine Funjope Linduarte Noronha funcionar na sede de uma fundação cultural, em pleno centro da cidade e com entrada gratuita, também representa uma importante facilidade de acesso à cultura. Há tempos João pessoa precisava de um equipamento como este”, observou.

Estrutura – O espaço reservado à exibição de filmes terá capacidade para 150 lugares. O equipamento também será utilizado para outras atividades, a exemplo de palestras, oficinas e reuniões. A programação de dezembro, com duas sessões semanais, será anunciada durante a solenidade desta quinta-feira.

Como observou a coordenadora da Divisão de Audiovisual da Funjope, Marcélia Cartaxo, a programação mensal incluirá produções locais, regionais e nacionais, contando ainda com um acervo da Agência Nacional de Cinema (Ancine), composto por cerca de 400 filmes. “Temos um acervo que ganhamos da Ancine, formado por produções do cinema brasileiro. A proposta é utilizá-lo, junto com outras realizações, a partir de dezembro”, disse.

Entrada gratuita – A partir das 9h desta sexta-feira (30), a Fundação abre a primeira sessão para o público em geral. A entrada é franca. Depois da exibição do longa “Futuro do Pretérito – Tropicalismo Now” e do curta “Ikó-Eté”, os espectadores poderão assistir a um debate sobre as duas obras, com a presença dos realizadores Ninho Moraes e Torquato Joel e dos jornalistas Carlos Aranha e Walter Galvão.

“Tropicália Now” – Depois de uma extensa passagem por festivais de cinema, com estreia em São Paulo e Rio de Janeiro, agora o filme de Ninho Moraes e Francisco César Filho é lançado em João Pessoa. Nesta quinta, os espectadores vão assistir a uma produção que está sendo sucesso de crítica e que lança um olhar para um dos movimentos culturais mais efervescentes da história do Brasil, o Tropicalismo.

Os diretores de “Futuro do Pretérito – Tropicalismo Now” resolveram fazer uso dos princípios do próprio movimento tropicalista, que é misturar inúmeras referências e, ao mesmo tempo, enaltecer a brasilidade. Por isso, o filme traz encenações e depoimentos reais, imagens de arquivo e também de um show de André Abujamra, interpretando clássicos do período. Esse é o fio condutor do documentário, fazendo uma ligação com os dias atuais.

As entrevistas foram feitas com pesquisadores e amantes do movimento que presenciaram ou vivenciaram o final dos anos 60. Entre eles, podemos citar Gilberto Gil (cantor e compositor). No elenco, estão Alice Braga, Gero Camilo, Carlos Meceni e Helena Albergaria.

“Ikó-Eté” – O curta-metragem de Torquato Joel, com nove minutos e meio de duração, abarca o universo social dos índios Potiguara, na Baía da Traição. A produção, de 2012, foi exibida no Festival Internacional de Curta-metragens de São Paulo e no Festival Janela Internacional, do Recife (PE). Agora, o vídeo está sendo lançado em João Pessoa, durante a solenidade de inauguração do Cine Funjope.

Como ressaltou Joel, “Ikó-Eté” é o primeiro de uma trilogia sobre a segregação social no país. “O filme é uma ficção baseada na realidade dos índios Potiguara, que vivem acuados entre a plantação de cana e o resquício da Mata Atlântica ainda existente na reserva da região”, comentou. “Também aproveitamos para discutir a questão ecológica”, acrescentou.

Nome do Cine Funjope homenageia cineasta – O novo equipamento da Funjope ganhou o nome do cineasta Linduarte Noronha, nascido em Ferreiros (PE), mas radicado nos primeiros anos de vida na Capital paraibana. Ele é autor do documentário “Aruanda” (1960), considerado precursor do Cinema Novo e fundador do novo documentário brasileiro, de cunho antropológico. Também produziu “O Cajueiro Nordestino” (1962) e o longa-metragem de ficção “O Salário da Morte” (1970).