Roberta Sá e Soraia Bandeira cantam no Ponto de Cem Réis

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No ‘Som das 6’ desta sexta-feira (25), realizado dentro da programação do mês dedicado às mulheres, a cantora Roberta Sá e o Trio Madeira Brasil vão transitar entre a música popular e erudita para revelar o rico universo do compositor baiano Roque Ferreira. O show “Quando o Canto é Reza” passeia pelo coco, maxixe, samba carioca, maracatu, ijexá, ciranda, afoxé, samba-choro e samba-de-roda. As nuances de jazz, blues e a raiz nordestina também seguirão pela noite, com a apresentação da artista recifense, radicada na Paraíba, Soraia Bandeira, que fará a abertura. O evento começa a partir das 18h, no Ponto de Cem Réis. O projeto é resultado de uma parceria entre a Prefeitura de João Pessoa e o Governo do Estado.

“Quando o Canto É Reza” é o nome do último disco de Roberta Sá e Trio Madeira Brasil. O trabalho é resultado do encontro entre a artista e os músicos Marcello Gonçalves (violão de sete cordas), Zé Paulo Becker (violão e viola caipira) e Ronaldo do Bandolim. O trabalho mostra a versatilidade do compositor baiano, já interpretado pelas vozes de Clara Nunes, Maria Bethânia, Alcione e Zeca Pagodinho. As composições de Roque Ferreira têm como base o samba-de-roda, gênero característico do recôncavo baiano, com melodia rica, harmonia simples e versos curtos. O disco chegou às lojas de todo o país em agosto de 2010, depois de três anos de pesquisa.

O repertório inclui músicas como “Água Doce”, que inspirou o título do disco, retirado da conhecida estrofe “Quando o canto é reza/ Todo toque é santo/ Toda estrela é guia/ Todo mar encanto”. O arranjo do Trio Madeira Brasil recebe a voz de Roberta Sá procurando traduzir o caráter de oração da letra de Roque Ferreira.

Na interpretação de “Mandingo” (Roque Ferreira e Pedro Luís), por exemplo, a intenção original de samba recebe na introdução uma mistura inusitada: o toque dos tambores africanos em uma fuga bachiana dos instrumentos de corda. Depois, aparece a voz de Roberta Sá como se fosse um instrumento dentro dos arranjos.

A colcha de retalhos do repertório passa ainda por “Chita Fina”, um samba-de-roda clássico, feito por Roque Ferreira, porém com a levada sincopada no violão de sete cordas de Marcello Gonçalves. Em outra criação do compositor baiano, intitulada “Cocada”, o mesmo ritmo se transforma em um maxixe carioca, com direito a referências do forró.

Roberta Sá nasceu em Natal (RN), mas se radicou no Rio de Janeiro. Ao longo da carreira, a artista vem transitando por canções já consagradas em outras vozes, mas que adquirem em sua interpretação um “quê” de inéditas. É com esse estilo ímpar que ela consegue cristalizar desde o pensamento de Chico Buarque e Cartola até os novos compositores. Então, nesse instante, ao subir no palco e cantar, a sua voz empresta à música um ar de divindade, digno de oração.

Além das barreiras musicais – A outra atração da noite, Soraia Bandeira, nasceu no Recife (PE) e estudou canto lírico na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Ela ultrapassa as barreiras de estilos musicais e dá o recado em um repertório eclético, munido de jazz, sambas, blues e até ritmos de raiz nordestina, com sonoridades modernas. A cantora já participou de shows com vários artistas paraibanos e pernambucanos como Chico César, Lenine, Kátia de França, Raiff Barreto, Renata Arruda, Pedro Osmar, Diana Miranda e Tribo Ethnos.

Soraia disse que o público pode esperar no repertório do ‘Som das 6’ músicas de qualidade. “Canto muito os compositores ainda não conhecidos da grande mídia”, comentou Soraia. Entre as canções escolhidas está “Ancestrais” (Milton Dornellas), “A Baixa do Destino” (Billy Blanco) e “Recado” (Gonzaguinha), que é um samba com uma levada de jazz.

Esse ano, Soraia Bandeira, que já correu vários palcos do país, pretende permanecer em João Pessoa para finalizar o novo disco, “O Mundo”. O trabalho está em fase de mixagem para posterior distribuição. Antes desse álbum, ela chegou a gravar “Sete Luas”, que é uma produção independente, realizada conjuntamente com dois compositores – Walter Egéa e Fábio Negroni.