Roberto do Valle e Cristina Munhoz abrem Sabadinho Bom de 2015

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crisO Sabadinho Bom chega ao seu quinto aniversário com veteranos de edições do projeto neste dia 3. O multi-instrumentista Roberto do Valle mais uma vez retorna à Praça Rio Branco para tocar choros célebres abrindo para a sambista Cristina Munhoz, que faz a sua segunda apresentação-solo, depois de colecionar participações. O evento, que acontece das 11h30 às 16h, é uma promoção da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), por meio de sua Fundação Cultural (Funjope).

Natural do Recife, do Valle tocará clássicos do choro, bossa nova e MPB. “Farei uma homenagem ao nosso Sivuca em especial”, anuncia ele, que sacará do mestre “Um Tom para Jobim”. No repertório também constam “Murmurando” (Fon Fon), “Bebê” (Hermeto Pascoal), “Lamento” (Pixinguinha),“Saxofone, Por Que Choras?” (Abel Ferreira, o “Ratinho”), “Lamentos” e “Naquele Tempo” (Pixinguinha), “Assanhado” e “Reminiscência” (Jacob do Bandolim), “Pedacinho do Céu” (Waldir Azevedo) e “Flor Amorosa” (Joaquim Antonio da Silva Callado/Catulo da Paixão Cearense).

Com 35 anos de carreira, Roberto do Valle toca piano, violino, violoncelo, violão clássico e bandolim. Participou de numerosos festivais, concertos e oficinas pelo Brasil e chegou a tocar ao lado de Sivuca, Canhoto da Paraíba e do maestro Spok. Gravou oito álbuns com participações. Agora, prepara-se para gravar o primeiro álbum solo, ao estilo jazz big band.

Nesta apresentação, do Valle tocará bandolim ao lado de Maropo, que também se revezará na flauta. Júnior (no violão e cavaco) e Edvaldo (no pandeiro) completam a banda.

Cristina Munhoz – A cantora abre o ano com uma seleção de sambas de Clara Nunes, Benito di Paula e Alcione. Das canções que ficaram famosas na voz da “Marrom”, Cris canta “A loba” (Paulinho Resende/Juninho Peralva), “Você Vira a Cabeça” (Chico Roque/Paulo Sérgio Valle), “Amor Surreal” (Guilherme Santos) e “Trem das Onze” (Adorinan Barbosa).

“Alcione criou comigo uma identificação imediata pelo carisma e entrega com que interpreta as suas canções. É uma artista inigualável”, enaltece. “Retalhos de cetim” (Benito di Paula),“Verdade Chinesa” (Emilio Santiago), “Wave” e “Chega de Saudade” (Tom Jobim), “Tiro ao Álvaro” (Adorinan Barbosa) e “O Bêbado e o Equilibrista” (João Bosco/Aldir Blanc) também estão no repertório.

Cris, que nasceu Erlaine Cristina, adotou o pseudônimo para diferenciá-la de outra sambista do cenário local, Helayne Cristini. É uma paulistana apaixonada por João Pessoa, radicada aqui há 38 anos.

A cantora, que tem duas participações em álbuns de Júnior do Cavaco (“Bem Brasileirinho” e “Samba Arrocha”), agora se prepara para lançar o seu primeiro CD-solo, em fase de gravação. “O trabalho é um desfile de sambas, com duas composições minhas e colaborações de amigos de palco. Cantar, para mim, é levar alegria a outras pessoas”, destaca.

Primórdios do Sabadinho –Há cinco anos, o Sabadinho Bom respondia como projeto Sobremesa e compunha a programação do Circuito Cultural das Praças da Funjope. Desde o início, a praça Barão do Rio Branco ganha um colorido musical especial com a reunião de apreciadores do gênero – músicos, estudantes, professores, comerciantes e pessoas de passagem que não resistem aos apelos da beleza arquitetônica do complexo histórico tombado.

O choro – Surgido por volta de 1870 no Rio de Janeiro, o choro inicialmente não se caracterizava como estilo musical. Mas, pela forma abrasileirada com que músicos da época tocavam ritmos estrangeiros como a polca, o tango e a valsa,logo caiu no gosto popular. Os músicos utilizavam, entre outros instrumentos, violão, flauta, cavaquinho, bandolim e clarinete, que davam à música um aspecto melancólico e choroso. O termo “chorinho”batizava o estilo influenciado por ritmos africanos, como o batuque e o lundu.

A partir de 1880, o choro populariza-se nos salões de dança e nas festas da periferia carioca. Um dos primeiros chorões – nome dado aos integrantes dos conjuntos – é o flautista Joaquim Antônio da Silva Callado. Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga criaram as primeiras composições, imprimindo ao gênero características próprias.

O choro também está presente na música erudita. Um exemplo é a série “Choros”, do maestro Heitor Villa-Lobos. A partir da década de 50, perdeu um pouco a sua popularidade, mas se mantém presente na produção de vários músicos da MPB. Foi redescoberto na década de 70, quando foram criados os clubes do choro, e a partir de 1995, fortalecido por grupos que se dedicam à sua divulgação.