Roberto do Valle e Helô Nascimento fazem roda de choro e samba no Sabadinho Bom

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Dina Melo

 

O Sabadinho Bom abre setembro com uma roda de chorinho e samba na Praça Barão do Rio Branco, no Centro Histórico, neste dia 5, a partir das 11h30. As atrações da vez são o multi-instrumentista pernambucano Roberto do Valle e a cantora Helô Nascimento. O projeto é uma promoção da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), por meio da sua Fundação Cultural (Funjope).helo

Natural do Recife, do Valle fará uma reverência à contribuição musical de Jacob do Bandolim em choros inéditos, pouco conhecidos do grande público. Exemplos são “Lembranças”, “Sapeca Iaiá”, “Hilda (‘Teu Beijo’, gravada por Mário Álvares)”, “Orgulhoso” e “Já que não Toco Violão”, este particularmente de difícil execução ao bandolim. “Primas e Bordões” (Izaías do Bandolim), “Araponga” (Luiz Gonzaga) e “Rio – São Paulo” (Niquinho/Altamiro Carrilho) completam o repertório. A cantora Vanessa Albuquerque fará uma participação especial cantando “Juízo Final” (Nelson Cavaquinho) e “Altar Particular” (Maria Gadú).

Profundo estudioso do gênero e dono de 36 anos de carreira, do Valle toca piano, violino, violoncelo, violão clássico e bandolim. Participou de inúmeros festivais, concertos e oficinas pelo Brasil e chegou a acompanhar os ídolos Sivuca, Canhoto da Paraíba e o Maestro Spok. Gravou oito álbuns com participações. Agora, prepara-se para gravar o primeiro álbum solo, ao estilo de standards do jazz. Nesta apresentação, do Valle sobe ao palco ao lado de Júnior do Cavaco e Edvaldo Albuquerque (no pandeiro).

Helô Nascimento – Helô é mais uma da nova safra de intépretes locais a levantar a bandeira do samba-raiz e MPB. Nas suas apresentações, dá vez aos guardiões dos clássicos, como Jovelina Pérola Negra, Dona Ivone Lara, Beth Carvalho, Alcione, Leci Brandão, Clara Nunes, Maria Bethânia e Elis Regina. No momento, ela está focada na gravação do seu EP autoral, previsto para ser lançado ano que vem.

Sob a direção de Pé do Cavaco, agora ela inaugura o projeto “Helô Nascimento e Roda de Samba”, somando a contribuição dos cânones do samba às suas músicas “Mensagem de Paz”, “Samba Afinadinho” e “A mulher do Samba” (as duas últimas frutos de uma parceria com Maurinho Procópio).

Primórdios do Sabadinho – Há sete anos nascia o projeto Sabadinho Bom, que atendia pelo nome de Sobremesa e compunha a programação do antigo Circuito Cultural das Praças, da Funjope. O local escolhido, a Praça Rio Branco, agregava a intenção de valorizar o acervo patrimonial centenário com os melhores defensores locais do chorinho e samba.

O choro – Surgido por volta de 1870, no Rio de Janeiro, o choro inicialmente não se caracterizava como estilo musical. Mas, devido à forma abrasileirada com que músicos da época tocavam ritmos estrangeiros, como a polca, o tango e a valsa, logo caiu no gosto popular. Os músicos utilizavam, entre outros instrumentos, violão, flauta, cavaquinho, bandolim e clarinete, que davam à música um aspecto melancólico e choroso. O termo “chorinho” batizava o estilo influenciado por ritmos africanos, como o batuque e o lundu.

A partir de 1880, o choro populariza-se nos salões de dança e nas festas da periferia carioca. Um dos primeiros chorões – nome dado aos integrantes dos conjuntos – foi o flautista Joaquim Antônio da Silva Callado. Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga criaram as primeiras composições, imprimindo ao gênero características próprias.

O choro também está presente na música erudita. Um exemplo é a série “Choros”, do maestro Heitor Villa-Lobos. A partir da década de 1950, perdeu um pouco a sua popularidade, mas se mantém presente na produção de vários músicos da MPB. Foi redescoberto 20 anos depois, quando foram criados os clubes do choro, e a partir de 1995 fortalecido por grupos que se dedicam à sua divulgação.