Roda de Diálogo debate preconceito e discriminação contra mulheres escritoras

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Promover uma maior divulgação das produções literárias da região e criar novos espaços de cultura e de leitura pelos bairros e pontos de turismo da Capital. Essas foram algumas das sugestões resultantes da Roda de Diálogo Mulher e Literatura – O Poder da Palavra, promovida pela Secretaria Extraordinária de Políticas Públicas para Mulheres (Seppm), que reuniu as escritoras Valéria Rezende, Cyelle Carmem e Norma Alves como debatedoras. O evento, realizado no Sebo Cultural, no Centro de João Pessoa, também contou com a presença de outros escritores e escritoras, estudantes de literatura e ativistas culturais.

A abertura do evento foi realizada pela secretária Socorro Borges, da Seppm. “Promover discussões como esta, sobre a produção literária das mulheres é algo que faz parte do Plano de Políticas Públicas para as Mulheres do Município que está em fase final de elaboração. A nossa proposta é contribuir para uma cultura igualitária e democrática, promovendo uma visibilidade das contribuições literárias das mulheres paraibanas, pessoenses ou das mulheres que vivem em nossa cidade”, disse ela.

Para a escritora Valéria Rezende, a proposta do encontro foi positiva porque trouxe para o debate público questões como o preconceito e a discriminação que as mulheres escritoras ainda enfrentam em suas histórias de vida e de carreira. “Acho interessante e urgente essa discussão. Embora já tenhamos avançado em termos de conquistas de espaços, no campo literário esse avanço ainda é muito pequeno e restrito”, diz ela, autora de diversos títulos publicados, como “Vasto Mundo”, “Quatro Luas” – com Mercedes Cavalcanti, Marília Arnaud e Maria José Limeira e o “O vôo da guará”.

A pernambucana Norma Alves conta que há seis anos quando iniciou a carreira de escritora também precisou encarar o preconceito, até mesmo na hora de decidir sobre a arte do seu livro “Isaura – Veloz como o vento”. “Passei pelo preconceito no início da carreira, mas eu tenho uma parceria com uma criança virtual. As histórias que conto são muitas e de quem precisar delas”, destacou a escritora, autora também de contos como “Linha de frente”, “O quarto branco”, “O cardápio”, “Oferenda”, “Sedução” e “Chefinho”.

A autora dos livros de poesias, “Luzes de Labirinto” e “(Uni) verso”, Cyelle Carmem também falou sobre questões como discriminação e como se dispôs a ouvir os incentivos da família para divulgar as poesias que começaram a ser escritas desde a infância. “Essa proposta de discussão é muita bem-vinda. O espaço ainda é muito restrito às mulheres na literatura. Senti essa resistência e ainda sinto, porém a necessidade de escrever é muito maior que o preconceito que encontro pelo caminho”, ressaltou.

A estudante Mariane Nunes, que faz pós-graduação mo curso de Letras da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), veio de Caruaru, onde reside, só para participar da Roda de Diálogo promovida pela Secretaria de Mulheres. Segundo ela, os debates sobre a produção literária das mulheres ainda são restritos e iniciativas como a realizada pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) precisam ser prestigiadas. “Foi muito bom ter participado, até mesmo porque, pelo que compreendi, há uma intenção de não apenas de promover uma Roda de Diálogo, mas também de sair com propostas concretas a partir da discussão”, comentou.

Entre as propostas apresentadas na Roda de Diálogo, a ideia é que possam ser criados mais espaços de venda e de leitura das produções locais. A ideia é que, inseridos em pontos de turismo de João Pessoa, essas pequenas livrarias e bibliotecas também venha a contribuir na divulgação do que é feito pelas escritoras e escritores paraibanos com os turistas que aqui chegam e assim divulgados também fora da Capital.