Sabadinho Bom faz ode a Pixinguinha em obras raras
O bandolinista pernambucano Roberto do Valle e o violonista carioca Felipe Hauers são as atrações deste dia 15 no Sabadinho Bom e prometem uma revisão de clássicos do samba e chorinho, com ênfase nas obras do mestre Pixinguinha. O projeto, uma promoção da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), por meio da sua Fundação Cultural (Funjope), começa às 11h30, na Praça Rio Branco, Centro Histórico.
Natural de Recife, Roberto do Valle abre a programação com raridades do chorinho do compositor, como “Lamento”, “Devagar e Sempre”, “Soluços”, “Teu Aniversário”, “Sofres Porque Queres” e “Cheguei”.
Dono de 36 anos de carreira, do Valle toca bandolim, bandola, bandoloncelo, violão tenor e guitarra. Participou de numerosos festivais, concertos e oficinas pelo Brasil e chegou a tocar ao lado de Sivuca, Canhoto da Paraíba e do maestro Spok. Gravou oito álbuns em participações e prepara-se para gravar o primeiro álbum-solo, ao estilo jazz big band.
Pixinguinha – O crítico e historiador Ari Vasconcelos sintetizou de forma admirável a importância de Pixinguinha, compositor, orquestrador e maestro, para a música brasileira: “Se você tem 15 volumes para falar de toda a MPB, fique certo de que é pouco. Mas se dispõe apenas do espaço de uma palavra, nem tudo está perdido; escreva depressa: Pixinguinha.”
Uma rápida passagem pela sua vida e obra seria suficiente para verificar que ele é responsável por façanhas surpreendentes, como a de estrear um disco aos 13 anos de idade, revolucionando a interpretação do choro. Pixinguinha começou com segurança total e improvisou na flauta com a mesma tranquilidade com que tocava nas rodas de choro ao lado do pai e irmãos, também músicos, e dos muitos instrumentistas que formavam a elite musical do início do século XX. O pai, flautista, não só deu-lhe a primeira flauta como o encaminhou para os primeiros professores de música, entre os quais Irineu de Almeida, o Irineu Batina.
Seu primeiro instrumento foi o cavaquinho, mas mudou logo para a flauta. A primeira composição, ainda bem menino, foi “Lata de Leite”, um choro em três partes, como era quase obrigatório na época. Em 1917, gravou um disco do Grupo do Pechinguinha na Odeon, com dois clássicos da sua obra de compositor, o choro “Sofres porque queres” e a valsa “Rosa”.
Os arranjos escritos para seus conjuntos chamaram a atenção das gravadoras pela originalidade. Fez uma verdadeira revolução, vestindo a nossa música com a brasilidade que fazia tanta falta. São incontáveis os arranjos que escreveu durante os anos em que atuou como orquestrador das gravadoras brasileiras.
Ele nunca explicou direito o abandono da flauta pelo saxofone – embora se acredite que o excesso de bebida esteja por trás. Até aposentar-se deu aulas em várias escolas cariocas. A partir de 1953, passou a frequentar o Bar Gouveia, no Centro da cidade, numa assiduidade interrompida apenas por problemas cardíacos. Acabou morrendo de infarto em 1973, aos 75 anos.
Felipe Hauers – O carioca Felipe Hauers vai impor uma releitura de clássicos e inéditas do samba e choro, num desfile pelos vários sotaques da música popular brasileira. Nascido na Lapa e hoje pesquisador da música, ele dá sequência na Universidade Federal da Paraíba aos estudos em canto popular que começou no Rio. Para este show, ele mergulhará nas obras de Cartola, Paulinho da Viola, Paulo César Pinheiro e Chico Buarque.