Sinfônica dedica concerto ao compositor Clóvis Pereira, pioneiro do Movimento Armorial

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Maestro-Laercio-Diniz-Credito-para-Paulo-SiqueiraUm dos nomes mais respeitados da música erudita no Nordeste, o pernambucano Clóvis Pereira terá parte de sua obra executada pela Orquestra Sinfônica Municipal de João Pessoa (OSMJP) neste sábado (14), às 18h, na Sala Celso Furtado do Centro Cultural Ariano Suassuna, prédio anexo ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB), em Jaguaribe. A entrada é gratuita.

Clóvis, que no dia do concerto completa 84 anos de vida, volta a se encontrar com Ariano Suassuna (1927-2014), mesmo que simbolicamente, neste concerto. Os dois se uniram nos anos 1970 para criar as bases do Movimento Armorial, aquele que construiu uma música erudita original a partir de elementos da cultura popular nordestina. “É isto que o público poderá ouvir durante o concerto”, afirma o renomado maestro carioca Laércio Diniz, à frente da OSMJP desde que ela foi criada pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), através de sua Fundação Cultural (Funjope), em 2013. “A convite de Ariano Suassuna, Clóvis Pereira compôs as primeiras obras representativas do Movimento Armorial, as três peças nordestinas que farão parte do nosso programa, no sábado”, avisa o maestro. Diniz se refere a ‘No Reino da Pedra Verde’, ‘Abôio’ e ‘Galope’, peças que compõem a obra ‘Três peças nordestinas’, composta por Clóvis Pereira, em 1971.

O concerto tem início com ‘Abertura festiva’, seguida por ‘Concertino para violino e orquestra e cordas em Lá Maior’. Após um breve intervalo, a Sinfônica Municipal retorna com ‘Três peças nordestinas’ e encerra a apresentação com ‘Lamento e dança brasileira’. O solista da noite será o filho do homenageado, o violinista Clóvis Pereira Filho, que dará um brilho especial ao ‘Concertino para violino’. Ele é spalla (como é chamado o Primeiro-Violino de uma orquestra) da Orquestra Sinfônica Brasileira, no Rio de Janeiro, e este ano entrou para o quadro da OSMJP, reforçando o conjunto de talentos que a orquestra possui. A apresentação, o 3º concerto oficial da Sinfônica Municipal na temporada 2016, encerra a série dedicada ao músico pernambucano que criou uma obra única entre frevos, caboclinhos e maracatus, além de músicas para coro e orquestra e peças festmusicaclassica_abertura_foto_RafaelPassos (3)para orquestras sinfônicas.

Laércio Diniz lembra que Clóvis Pereira possui uma grande ligação afetiva com a cidade de João Pessoa, uma vez que atuou como professor da UFPB por muitos anos e chegou a excursionar pelo exterior como regente do Coral Universitário da Paraíba. “A partir da sua influência, divulgou a Paraíba no exterior, levando o coro da Universidade Federal da Paraíba para uma turnê pelos Estados Unidos, para importantes auditórios como Lincon Center, em Nova York, e no Kennedt Center, em Washington”, comenta Diniz.

Para o diretor executivo da Funjope, Maurício Burity, “a criação da Orquestra Sinfônica demonstra sensibilidade do prefeito Luciano Cartaxo, além de uma visão extensa, haja vista que um dos maiores patrimônios que a gente tem na Paraíba é a música, e João Pessoa é um grande celeiro de músicos, desde os anos 70″.

Burity também exalta a parceria entre a PMJP e o Tribunal de Contas do Estado, que tem propiciado as apresentações da Sinfônica Municipal ao público de João Pessoa. “O resultado é que essa soma constrói um espaço no qual o povo de João Pessoa desfruta de uma ótima programação, com o talento sem igual da Orquestra de João Pessoa, produzindo música de altíssima qualidade em um ambiente adequado”.

festmusicaclasssica_encerramento_fto_rafaelpassos (4)Já o diretor do Centro Cultural Ariano Suassuna, Flávio Sátiro Filho, defende que as apresentações da Sinfônica Municipal no equipamento cultural do Tribunal de Contas resulta de uma parceria vitoriosa entre o órgão e a PMJP. “Ações como esta engradecem a cultura paraibana e estão dentro das diretrizes traçadas pelo conselheiro Arthur Cunha Lima, presidente do Tribunal de Contas, para que o Centro Cultural seja um elo entre o TCE e a sociedade”, pondera Sátiro.

O homenageado – Compositor, maestro, arranjador e pianista nascido em 14 de maio de 1932 em Caruaru (PE), Clóvis Pereira dos Santos é um dos compositores vivos mais importantes do país. Em sua obra constam de frevos, caboclinhos e maracatus, além de músicas para coro e orquestra e de peças para orquestra sinfônica. Filho do clarinetista Luiz Gonzaga Pereira dos Santos (da Banda Musical Nova Enterpe), mudou-se para o Recife em 1950, onde iniciou seu estudo em música. Complementou sua formação em harmonia, composição e orquestração com os ensinamentos do maestro Gerra Peixe.

Em 1964, ingressou na Orquestra Sinfônica do Recife. No mesmo ano, foi convidado para atuar como professor de Teoria Musical e Harmonia nas Universidades Federal do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Viajou aos Estados Unidos, em 1974, como regente do Coral Universitário da Paraíba, Formou-se pela Berklee College of Music (Boston) em Harmonia Moderna e Orquestração.

Representou o Brasil com o Coral Universitário da Paraíba, no Fourth International Choir Festival, em 1974, nos Estados Unidos, apresentando-se no Lincoln Center, em Nova York, e no Kennedy Center, em Washington. Em 1970, participou ativamente da criação do Movimento Armorial. A convite de Ariano Suassuna, compôs as primeiras obras representativas do movimento. Em 1980, transferiu-se da Universidade Federal da Paraíba, para a de Pernambuco, a fim de lecionar nos cursos Clovis_Pereirasuperiores de graduação em música.

Assumiu, em 1983, o cargo de Diretor-Superintendente do Conservatório Pernambucano de Música, onde permaneceu por quatro anos. Participou do Music School Administrators, a convite do governo dos Estados Unidos.

A Orquestra – A Orquestra Sinfônica Municipal de João Pessoa foi criada em novembro de 2013 e teve sua grande estreia junto ao público no 1º Festival Internacional de Música Clássica, em dezembro de 2014. A Sinfônica Municipal incorporou em seu quadro artístico os músicos da antiga Orquestra de Câmara da Cidade de João Pessoa, além de inúmeros outros talentos contratados da região.

O maestro – O carioca Laércio Diniz começou a sua carreira internacional regendo a Bachiana Chamber Orchestra, no Carnegie Hall, em Nova York. Um ano depois, regeu o pianista David Brubeck, no Lincoln Center. Bolsista do DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico, na sigla em Português), Diniz estudou violino na Escola Superior de Música de Colônia (Alemanha), sob a orientação de Ingeborg Scheerer, Saschko Gawriloff e Susanne Rabenschlag, e música de câmara com o quarteto Amadeus. No Brasil, teve como os mestres de regência Roberto Tibiriçá e Isaak Karabchewsky.

Maestro e diretor artístico da Orquestra Filarmônica do Brasil e da orquestra de época Engenho Barroco, Diniz assumiu a regência da orquestra holandesa New Netherlands Orchestra em 2011, com a qual gravou o seu primeiro DVD pelo selo Aureus Records. No mesmo ano, passou a ser patrocinado pela seguradora que denominou o projeto, realizando anualmente dezenas de concertos pelo Brasil e exterior.

Em 2012, gravou na Lituânia o álbum ‘Saudades do Brasil’, com obras de Villa-Lobos e Darius Milhaud, ao lado da Lithuanian National Symphony Orchestra.“Para 2014, agendamos uma turnê com a Camerata Nova Holandano interior daquele país e em Amsterdã”, disse.

Programa

‘Abertura festival’ (Clóvis Pereira)

‘Concertino para violino e orquestra e cordas em Lá Maior’ (Clóvis Pereira)

Allegro

Moderato – Andantino

Allegro

Solista: Clóvis Pereira Filho

‘Três peças nordestinas’ (Clóvis Pereira)

No Reino da Pedra Verde

Abôio

Galope

‘Lamento de dansa brasileira’ (Clóvis Pereira)

Serviço:

Orquestra Sinfônica Municipal de João Pessoa (OSMJP)

3º Concerto Oficial da Temporada 2016 – Série Clóvis Pereira

Local: Sala Celso Furtado do Centro Cultural Ariano Suassuna

Endereço: Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB), rua Prof. Geraldo Von Sohsten, 147, Jaguaribe, João Pessoa

Data/Horário: Sábado (14/5), 18h.

Gratuito