Solenidade marca entrega de diplomas da terceira turma de doulas voluntárias

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Dani Rabelo

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país onde mais se realizam cesáreas no mundo. As taxas chegam a 84% no sistema privado e a 40% no SUS, e a recomendação da OMS é que esse percentual seja de 15%. Em João Pessoa, a realização do ‘Curso de Formação de Doulas’ está mudando essa realidade, e a opção pelo parto normal aumenta gradativamente.

Nesta quarta-feira, 29, às 19h, no auditório do Instituto Cândida Vargas (ICV), acontece a entrega dos diplomas da terceira turma de doulas voluntárias. Trinta doulas estarão prontas para atuar dentro da unidade hospitalar, e contribuir com a humanização do parto.

A realização do ‘Curso de Formação de Doulas’ é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), através da Secretaria Extraordinária de Políticas Públicas para as Mulheres (SEPPM) e o ICV, e possibilitou o aumento dos partos normais e a humanização do trabalho feito pelos profissionais. Assim como as outras 28 alunas, Joana D’Arc e Enedina Antônia fizeram os sete meses do curso, sendo que nos últimos seis meses as aulas aconteceram dentro dos corredores do ICV, com um contato direto com as mães.

Joana D’Arc trabalha como auxiliar de consultório dentário, porém, a vontade de cuidar foi o grande impulsionador para a entrada no curso: “Sempre tive muita vontade de cuidar das pessoas, mas não tinha oportunidade de realizar isso, e consegui através do curso de doula. Agora eu me realizo fazendo esse trabalho, e mesmo após o término do curso vou continuar como voluntária do ICV”.

No caso de Enedina Antônia, que também irá receber a sua certificação, esse “trabalho” faz parte de uma realização pessoal: “Depois que me aposentei, percebi que teria a chance de ajudar outras mulheres, e trabalhar como doula foi algo que me sensibilizou”.

As doulas do ICV – Desde a sua implantação, mais 50 mulheres fizeram o curso de doula. Cerca de 600 mulheres já foram atendidas por elas no instituto, e atualmente, o ICV conta com aproximadamente 25 voluntárias. Em 2013, 51,8% dos partos foram normais, e em 2014 esse número subiu para 54,12%.

“As doulas são capacitadas para dar o apoio e a segurança que essas mulheres precisam no ciclo gravídico – puerperal, e contam com toda a estrutura de uma das melhores maternidades do nosso estado, com profissionais competentes e sensíveis para estarem com elas naquele momento”, explicou a coordenadora de Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos da SEPPM, Aylla Milanez.

Ainda sobre o trabalho que irá executar a partir de agora, Joana D’Arc acredita que recebeu conhecimento suficiente para dar o apoio que aquelas mulheres precisam: “Quero apenas estar ao lado delas, para apoiá-las, e dar um suporte. O parto normal é uma forma de empoderamento da mulher, e no ICV existe esse apoio, existe essa vontade de que ela possa vivenciar esse momento da maneira mais plena possível”.

Também integrante da coordenação de Saúde da Secretaria de Mulheres, Elizabeth Alves enfatizou que a presença da doulas é uma forma de contribuir para a que o parto seja visto novamente como algo natural e fisiológico.

O que é ser uma doula? – A palavra “doula” vem do grego “mulher que serve”, e atualmente esse termo é usado para identificar as mulheres que dão suporte físico e emocional a outras mulheres antes, durante e após o parto.

No ICV, a doula atua em conjunto com a equipe médica, mas sem interferir nas ações dos profissionais da área de saúde. Médicos, enfermeiros e técnicos também recebem orientações sobre a humanização do parto, e os ambientes foram adaptados para atender as mães que optam por esse tipo de parto: luz ambiente, som, bolas para auxiliar no pré-parto, entre outros objetos que servem para trazer mais segurança para a mãe.