Usina reciclará 20 toneladas por hora de sobras de obras

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Com a capacidade de processar 20 toneladas de entulho por hora, a Usina de Reciclagem de Resíduos da Construção Civil de João Pessoa já começou a funcionar em fase experimental. O empreendimento fornecerá matéria-prima para construção de casas populares e pavimentação de ruas e avenidas e, ainda, colaborará com a preservação do meio ambiente. Toda a estrutura foi especialmente projetada para minimizar os ruídos e a poeira na hora do transporte e processamento da metralha. A usina será inaugurada no final deste mês.

Orçado em R$ 1 milhão, o equipamento está sendo instalado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), através da Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur). A liberação dos recursos para a obra contou também com a parceria do Ministério da Ciência e Tecnologia e a Secretaria Executiva de Ciência e Tecnologia. O maquinário da usina veio de São Paulo e foi transportado em uma carreta. O processo de montagem envolveu cerca de dez pessoas, sendo dois técnicos e um engenheiro da empresa que forneceu o equipamento, além de sete servidores do quadro da Emlur.

Operacionalização
– O empreendimento funcionará da seguinte forma: receberá a metralha e processará o entulho transformando-o em matéria-prima. O resultado do processo, por sua vez, será usado na fabricação de blocos pré-moldados destinados à construção de casas populares e na pavimentação de ruas e avenidas.

Segundo informou a superintendente da Emlur, Laura Farias Gualberto, João Pessoa produz cerca de 70 toneladas de entulho por dia, volume bem inferior à capacidade que a usina tem de processar. “Com a usina nós chegaremos a reciclar cerca de 160 toneladas desse tipo material por dia, levando em conta que a usina vai trabalhar durante oito horas diárias”, destacou.

Coleta de material
– Para que a produção de metralha tenha o destino correto, a Emlur já realizou encontros com representantes de setores ligados à construção e com os carroceiros que são os responsáveis pelo transporte das metralhas para terrenos baldios. A superintendente contou que foi realizada uma reunião com o Sindicato da Construção Civil (Sinduscon), que se comprometeu a apoiar o trabalho para que as metralhas sejam encaminhadas à usina. Ela disse que ainda este mês será realizado um encontro com a direção e integrantes do sindicato para que o assunto seja mais uma vez discutido.

O recolhimento das metralhas ocorrerá em locais específicos, chamados de ‘eco-pontos’. Oito deles estão sendo espalhados pela cidade. Os bairros que receberão as estruturas são: Altiplano, Valentina, João Agripino, Aeroclube, Cristo Redentor, Alto do Céu, Mangabeira e Mandacaru. Os locais foram definidos depois de realizado um levantamento pela Emlur, que identificou esses eram os bairros como os de maior incidência de entulhos de construção deixados em terrenos desocupados.

Preservação – Já o diretor de Operações da Autarquia, Orlando Soares, explicou que com o empreendimento haverá o melhor aproveitamento dos resíduos oriundos da construção civil e a redução do impacto ambiental. “Esse tipo de material era levado para o aterro sanitário, coletado por empresas privadas ou depositado em outras áreas da cidade (conhecidas popularmente por bota-foras), inclusive de preservação ambiental. Mas agora ele passará a ser reciclado e utilizado para edificações”, comentou. Segundo explicou Orlando, a metralha jogada em local inadequado obstrui galerias, podendo gerar alagamentos.

Além disso, conforme argumentou o diretor, sendo destinadas à reciclagem as metralhas não serão depositadas nos terrenos baldios e deixam de ser um problema de saúde pública. “Colocados em locais inadequados, esses resíduos atraem vetores causadores de doenças, a exemplo dos ratos, mosquitos e baratas”, contou o diretor. Orlando Soares informou que ainda tem o problema dos caramujos africanos, uma praga em solo brasileiro. “As metralhas são um ótimo habitat dos caramujos africanos, que provocam doenças em humanos e em alguns animais”, acrescentou.

Cuidados – Antes de fazer as instalações, segundo informou a superintendente, foi realizado o Plano de Controle Ambiental (PCA) e o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas, contidas na Licença Prévia nº. 015/05 da Secretaria Executiva de Meio Ambiente (Semam). “Antes de iniciar a construção tomamos todos os cuidados necessários para que a obra não gere problema ao meio ambiente. Realizamos estudos para prevenir a degradação e controlar as interferências ambientais que a obra poderia trazer”, explicou.

Toda a área da usina foi protegida com a plantação de 120 árvores do tipo craibeira. O local ainda deverá receber mais 100 árvores do tipo sabiá. Alguns locais do pátio interno terão jardins.

Minimizar o barulho, para não perturbar os moradores da área, também foi um dos cuidados tomados pela Emlur na hora de montar a usina. “O material que transformará a metralha em material de construção é super moderno, revestido com manta anti-acústica. Todas as juntas, onde haverá a transferência de material, receberão revestimentos com borracha para evitar ruídos”, comentou Orlando Soares.

Por fim, a superintende da Emlur informou que para evitar poeira no processo de transporte e reciclagem da metralha, a área foi equipada com pequenos aspersores de água. “Além disso, o próprio equipamento da indústria dispõe de aspersores. De longe, a população pode até pensar tratar-se de poeira o material em volta da usina, mas na verdade é água que a todo instante está sendo borrifada”, explicou.