Em João Pessoa, atendimento a crianças com microcefalia começa antes do parto

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 Luís Sousa

CRpessoacomdeficiencia_foto_gilbertofirmino (197)(1)Ter um filho é um sonho para muitas famílias. A gravidez é um momento especial, principalmente para mulheres, por isso o acompanhamento da saúde da gestante é importante para evitar problemas para a mãe e para o bebê. Em João Pessoa, toda grávida tem acesso ao pré-natal na Unidade de Saúde da Família (USF) mais próxima da residência. E é durante esse acompanhamento que alguma anomalia pode ser identificada, como por exemplo, a microcefalia.

Apesar de não ser uma doença nova, a microcefalia tem chamado à atenção nos últimos meses por conta do aumento de notificações, principalmente relacionadas ao zika vírus. Diante do crescimento do número de bebês com a malformação, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) preparou um fluxo de atendimento e está oferecendo assistência especializada para crianças com microcefalia.

A partir do momento que há a suspeita da malformação, a gestante é encaminhada pela USF para o acompanhamento do pré-natal de alto risco da Rede Cegonha, que em João Pessoa é realizado pelo Instituto Cândida Vargas (ICV), Maternidade Frei Damião ou Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), no Campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

“Já durante a gravidez, se for identificado que a mulher apresente exantema (manchas na pele) e/ou outros sinais e sintomas como coceira, febre, dores musculares, tosse, coriza, dor atrás dos olhos, edemas de articulações, olhos avermelhados e que leve a hipótese de ser de origem infecciosa decorrente de dengue, sarampo, rubéola, zika vírus ou chikungunya, a equipe imediatamente encaminhará essa mulher para a realização de exames. Caso seja confirmada qualquer uma dessas doenças, a mulher será acompanhada durante o pré-natal e se necessário será encaminhada para o pré-natal de alto risco da rede cegonha”, explicou a coordenadora da área técnica da Saúde da Mulher, Tânea Lucena.

Nestes casos, as gestantes são direcionadas para pré-natal de alto risco até o nascimento da criança. “Toda assistência é garantida a família e ao bebê. A gestante são reguladas para realização dos exames que fazem parte do protocolo de atendimentos, onde são feitos exames sorológicos, da mãe e do bebê, a teste de fundo de olho, ultrassom e damos seguimento no ambulatório para que a paciente seja atendida em sua complexidade, com encaminhamentos para psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeuta entre outras conduções especializadas”, destacou a pediatra e coordenadora da Neonatologia do Instituto Cândida Vargas, Juliana Soares.

De acordo com os critérios do Ministério da Saúde (MS), um recém-nascido com perímetro cefálico igual ou menor de 32 centímetros (cm) entra no fluxo de monitoramento, onde, após investigação epidemiológica, será confirmada ou descartada a microcefalia.

Quando confirmada a microcefalia, os bebês serão acompanhados pelas redes de Atenção Básica e Atenção Especializada da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e encaminhados para atendimentos especializados de neuropediatra, oftalmologia, otorrinolaringologista, fisioterapeuta, entre outros.

CRpessoacomdeficiencia_foto_gilbertofirmino (419)Esses encaminhamentos já começam ainda na maternidade. Assim que diagnosticada a malformação, o hospital deve encaminhar o recém-nascido para a Unidade de Saúde da Família (USF) mais próxima da residência da família. É a USF que deverá encaminhar a criança para avaliação no Ambulatório do Centro de Referência Municipal para Inclusão da Pessoa com Deficiência (CRMIPD), localizado na Rua Cel. Otto Feio Silveira, Pedro Gondim. Para este encaminhamento é necessário apresentar o Cartão Nacional do SUS e Certidão de Nascimento da criança; comprovante de residência, RG e CPF da mãe; e encaminhamento do profissional de saúde da unidade.

“O objetivo dos profissionais das Unidades de Saúde da Família é fortalecer as ações para a atenção às mulheres em idade fértil, gestantes e puérperas, submetidas ao zika vírus, ampliar a informação referente ao planejamento reprodutivo, à detecção e notificação de quadros sugestivos de microcefalia e a reabilitação das crianças acometidas pela malformação congênita. As equipes estão intensificando a busca ativa de gestantes para o início oportuno do pré-natal”, enfatizou Gilliard Abrantes, gerente da Atenção Básica.

Após atendimento neuropediátrico, os bebês serão encaminhados para realização de consultas e exames especializados através de parcerias da Secretaria Municipal de Saúde com a S.O.S. Otorrino, para atendimento de otorrinolaringologia, e com o Instituto dos Cegos da Paraíba, para oftalmologia, fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional.

Fluxo de atendimento – durante a gestação:

  • Início do pré-natal na Unidade de Saúde da Família (USF).
  • Quando há identificação de anomalias, gestante é encaminhada para acompanhamento do pré-natal de alto risco. Gravidezes sem risco seguem realizando o pré-natal na USF.

Fluxo de atendimento – após o parto:

  • Maternidade encaminha recém-nascido para acompanhamento nas USFs.
  • Unidade de Saúde fará o acompanhamento da criança e encaminhará para avaliação no Ambulatório do Centro de Referência Municipal para Inclusão da Pessoa com Deficiência (CRMIPD).
  • Conforme a necessidade, os bebês serão encaminhados para realização de consultas e exames especializados realizados na Rede Municipal de Saúde e também em parceiros da Secretaria Municipal de Saúde.