Alunos da rede municipal transformam realidade social em exposição

Por - em 490

abrolharesO projeto ‘Abrolhares Diversos pelas Escolas” esteve na noite de sexta-feira (16) na  da Escola Municipal Antônio Santos Coelho Neto. Na ocasião foram expostas as obras de artes produzidas pelos estudantes da escola. As obras, que fazem parte de uma mostra itinerante, ficam em exposição até o dia 20, nos três turn

Estão envolvidos no projeto 160 alunos e 48 professores. E após três meses de preparação, a exposição conta com diversos temas, tais como diversidade sexual, diversidade religiosa e aspectos culturais.

As alunas do 9º ano, Leila Vitória, Raiana Alves e Tamyris Ketlen resolveram criar a escultura “Racismo e Preconceito Nunca”. A obra segundo as amigas retratam um pouco da realidade que vivem. “Utilizamos palha de coco, areia, conchinha, búzios e tinta azul. O intuito era simbolizar o mar e a pesca, já que os pais de Leila e Tamyris são pescadores negros; e também a iemanjá, rainha do mar, da religião candomblé, a qual meu pai faz parte. Sentimos na pele, que muitas vezes somos excluídas e até vítimas de preconceito. Queríamos mostrar que não devemos julgar algo sem antes conhecermos”, explicou Raiana Alves.

O estudante do ciclo I da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e servente de pedreiro, Manoel Francisco de Assis é o artista responsável pela obra “Luz de um Sonho”, que segundo ele simboliza bem toda a sua vida. “Com isopor, papel laminado, cola e tinta fiz uma moradia, que simboliza além do meu dia a dia, o sonho desde criança de ter a casa própria. Fui criado em uma de taipa, e com muito esforço, já que sou analfabeto consegui construir a minha de alvenaria. Uma alegria grande”, disse com sorriso estampado Manoel.

Quem visitou o espaço ficou encantado com a criatividade e a grandeza das obras. “Nunca tinha visitado uma exposição deste nível. E, sem contar no meu bairro. Estou muito orgulhosa”, disse a dona de casa, Maria José Brito.abrolhares 2

Em sala de aula – O projeto é idealizado pelo educador Ilson Moraes, que com o auxílio de dois artistas plásticos Gunga Rodrigues e Moema Paiva, confeccionou quatro casulos e batizou de Abrolhares Diversos. “As obras foram expostas na Estação Cabo Branco e após o termino, resolvi trazer a proposta para sala de aula. Ensinar ao alunado esta concepção da criação e o que é a educação, uma motomorfose, que tudo se transforma. Começamos apenas com o 9º ano, mas o projeto foi tomando uma proporção maior e envolvendo toda a comunidade escolar”, disse feliz Moraes, complementando que o alvo é sensibilizar o aluno em seu fazer artístico, para que reflita sobre suas escolhas e o crescimento pessoal.

Para executar o projeto os alunos e professores participaram de aulas e palestras sobre arte conceitual, arte contemporânea, moderna, exibição de vídeos, leituras de texto e construção textual em relação ao trabalho executado.

A diretora da escola, Rosilene Ferreira, esclareceu que este projeto desenvolvido de forma pioneira nas aulas de artes mudou o conceito dos alunos, que imaginavam que estudar educação artística era apenas desenhar e pintar. “Fiquei surpreendida com a quantidade de pessoas envolvidas. Através da arte, podemos mudar a educação. Dentro desses casulos eles colocam os sentimentos, e a realidade vivenciada. Isso mostra o crescimento pelo conhecimento do nosso alunado”, disse.

Itinerante – O projeto também está sendo desenvolvido nas escolas municipais Jornalista Raimundo Nonato Batista, Darcy Ribeiro, Presidente João Pessoa, Fenelon Câmara e Hugo Moura.  Haverá também ações apoiadas pela Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Arte, por meio do Projeto Estação pela Cidade, que levará informações e oficinas de teatro, contação de histórias, quadrinhos e ciência.

Os trabalhos confeccionados pelos alunos e professores farão parte da exposição juntamente com os casulos confeccionados pelos artistas convidados como Célia Gondim, Célia Romeiro, Cristina Strapação, Gunga Rodrigues, Ilson Moraes, Lúcia França, Moema Paiva, Paulo Aurélio, Rodrigues Lima e Wilson Figueiredo.

As ações serão finalizadas em novembro com uma última exposição na Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Arte que reunirá as obras dos artistas e os trabalhos de todas as escolas envolvidas.