SMS une agentes ambientais e de saúde no combate à esquitossomose
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS), por meio da Gerência de Vigilância Ambiental e Zoonoses (Gvaz), está realizando um trabalho de combate à esquistossomose de forma integrada entre os profissionais da Atenção Básica, da Saúde da Família e da Vigilância em Saúde. Sob orientação do Ministério da Saúde, o trabalho potencializa os resultados e evita duplicidade das ações.
Para tal, o Programa de Controle da Esquistossomose (PCE) da SMS mudou, desde julho deste ano, a metodologia aplicada na realização de inquéritos em áreas de risco epidemiológico. Antes, as Unidades de Saúde da Família (USFs) apenas recebiam os resultados dos exames e administravam a medicação nos usuários, sem qualquer participação na definição das áreas a serem trabalhadas de acordo com o perfil epidemiológico do território.
“Hoje, os trabalhos são desenvolvidos por meio de uma pareceria entre o PCE e as USFs”, disse o coordenador do PCE, Luiz Carlos Machado. É nas USFs onde, segundo ele, se realiza uma apresentação dos dados relativos ao programa para todas as equipes das áreas a serem trabalhadas, com a pactuação de responsabilidades e metodologia no processo de trabalho. “A aceitação tem sido muito boa, tanto por parte da população quanto por parte dos profissionais das unidades de saúde”, disse o coordenador.
A viúva Maria de Lourdes Oliveira, de 60 anos, é uma das beneficiadas com a nova metodologia. “Aqui em casa todo mundo fez o exame. Eu nunca tinha feito, mas agora vou saber o resultado. É muito bom esse trabalho de porta em porta”, disse a dona de casa, que mora em Paratibe.
O segurança João Lindolfo de Araújo, 47, mora há 16 anos no local e nunca foi infectado. “A gente sempre teve cuidado, já que a área favorece. Mas, se acontecer, a gente sabe que o tratamento virá rápido. O trabalho dos agentes de saúde e de vigilância está sendo brilhante”, disse.
Áreas de risco – De acordo com Luiz Carlos, outro fator significativo nessa mudança de metodologia se refere à definição das áreas a serem trabalhadas – que, em anos anteriores, se baseava na periodicidade dos trabalhos desenvolvidos e de acordo com a conveniência da equipe. “Atualmente, trabalhamos nas áreas correspondentes à bacia hidrográfica do município, em localidades próximas a rios, com maior probabilidade de casos positivos”, explicou.
Com essa estratégia, as equipes já percorreram as regiões de Gramame, Cuiá, Valentina e Paratibe e trabalharam, em média, duas microáreas por localidade. Em cada 100 coletores distribuídos, foram recolhidos cerca de 80 (ou seja, 80% dos moradores da área foram examinados). “Anteriormente, essa média era de apenas 30%. E vale salientar que 100% das pessoas com resultados positivos estão sendo medicadas”, disse o coordenador do PCE.
Exames – Conforme Nilton Guedes, gerente da Gvaz, a população está sendo informada dos resultados dos exames, sejam eles positivos ou negativos para esquistossomose ou, ainda, positivos para outras verminoses. “A aproximação entre as equipes também contribui para a diminuição do tempo decorrido entre a divulgação do resultado e a administração da medicação. Isso tem aumentado a credibilidade da população em relação ao PCE”, salientou.
Ele destacou outra vantagem da parceria: a viabilização do acompanhamento do paciente pelo profissional médico. “Na medida em que os resultados de exames são registrados no prontuário do usuário, o tratamento clínico fica mais fácil – inclusive, será possível detectar casos de reinfecção”, disse. Os exames são realizados no laboratório da Gvaz.
Qualidade e quantidade – Nilton observou que a nova metodologia visa tanto o aspecto quantitativo quanto o qualitativo, já que, anteriormente, a programação anual seguia parâmetros aleatórios – por exemplo, de 10 mil exames, sendo que apenas três mil eram realizados. “Hoje, o trabalho é desenvolvido nas localidades ribeirinhas, no sentido nascente-foz, dos dois lados. O ciclo é fechado ao término do trabalho de toda a microárea, só sendo iniciada uma nova área quando a anterior é trabalhada totalmente”, disse.
Além disso, a partir da sistematização dos dados, a SMS terá como criar políticas públicas mais direcionadas, pois terão por base o perfil de cada região com risco de esquistossomose na Capital. “Já percebemos que há uma diferença no uso do rio pelas diferentes comunidades ribeirinhas de João Pessoa. No Cuiá, por exemplo, usam o rio para lazer e para lavar roupa; no rio Gramame, o uso é mais agropecuário; já no Jaguaribe, a infestação se dá por acaso, em dias de cheia e enxurrada, pois não se usa mais o rio como antigamente”, explicou.
A integração entre os agentes ambientais e de saúde também favorece o acompanhamento de problemas de ordem ambiental, qualidade da água oferecida à população, presença de roedores e acúmulo de lixo, entre outros.
A doença – A esquistossomose é uma doença de veiculação hídrica, cuja transmissão ocorre quando o indivíduo suscetível entra em contato com água onde existem cercarias livres. O hospedeiro definitivo é o homem, mais importante agente no ponto de vista epidemiológico, pois a contaminação acontece na eliminação de ovos por meio das fezes depositadas em local úmido e sombreado, em locais onde há correnteza. As principais portas de entrada são a pele e a mucosa.