Banco de Leite Zilda Arns beneficia crianças que necessitam de leite materno

Por - em 1167

D

Um banco de leite exclusivo para os pacientes do Instituto Cândida Vargas (ICV) tem incentivado o aleitamento e a doação de leite materno através de iniciativas junto às mães e profissionais de saúde, com informações sobre todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento dos bebês.

Beneficiando principalmente os recém-nascidos prematuros, de baixo peso e que estão internados em Unidades de Terapia Intensiva, Unidades de Cuidados Intermediários e Método Canguru, o Banco de Leite Zilda Arns consome, em média, um litro e meio de leite humano pasteurizado por dia, número que cai consideravelmente durante o final do ano e férias, uma vez que o número de doações recebidas nesta época é inferior.

“As pessoas param de doar devido às festividades desta época do ano e o estoque de leite humano fica em estado crítico já que bebês não param de nascer e precisam ser alimentados”, explica Bruna Grasiele, coordenadora do Núcleo de Educação Permanente em Aleitamento Materno (Nepam).

A coordenadora explica, ainda, que além de ser o único alimento que o recém-nascido tem contato nos primeiros meses de vida, a amamentação diminui os índices de mortalidade neonatal e infantil e contribui para garantir uma alimentação saudável à criança.

“As mães precisam se conscientizar que a prática da doação dever ser contínua, uma vez que sempre precisamos alimentar mais um bebê. Solicitamos que todas as mães que estiverem dentro das condições, que seja uma doadora, pois o que está em risco não é apenas nosso estoque, mas a vida de uma criança” comentou Bruna Grasiele.

As gêmeas Maria Sophia e Maria Letícia nasceram prematuras com 7 meses e precisaram dos benefícios ofertados pelo banco até conseguirem se adaptar para receber o leite da mãe.

“Um banco de leite próprio aqui da maternidade é ótimo, minhas filhas nasceram precisando e o banco pode suprir essa necessidade, ofertando os nutrientes necessários para saúde das pequeninas” comentou a mãe das gêmeas, a estudante Joelia Pereira.

A enfermeira Raquel Torres explica que antes de receber o leite diretamente da mãe, os bebês prematuros precisam aprender a deglutir, em seguida eles recebem o leite doado por meio de sondas.

“O banco é extremamente importante para bebês como o meu que precisam do alimento. A unidade está dando ao meu filho algo essencial, que eu não posso fornecer ainda. As mães doadoras devem ter consciência que elas oferecem mais do que leite, esse é um gesto de doação de amor”, disse a dona de casa Ângela dos Santos, mãe de Maciel, que também nasceu com sete meses, mas hoje, aos oito, ainda precisa da sonda para receber o leite.

A dona de casa, Gilma Elidio encontrou na doação de leite materno a oportunidade para ajudar as pessoas. Ela faz três retiradas de leite por dia e preenche um pote cheio a cada retirada.D

 “Tenho muito leite e vejo as outras mães com tão pouco, entre várias crianças precisando, então porque não ajudar?”, comentou a mãe da recém-nascida Aurora, de 16 dias. “Cada pessoa deve ajudar o próximo da maneira que puder, essa é a minha maneira e tenho certeza que estou fazendo um bem enorme, aos outros e a mim mesma”, completou.

O Ministério da Saúde (MS) recomenda que até os seis meses de vida o bebê seja alimentado exclusivamente com leite materno, para ter um crescimento forte e um desenvolvimento saudável. A amamentação é também reconhecida pelo MS como o primeiro direito da criança após o nascimento, que a recomenda até os dois anos de vida.

Nutrientes – Nos primeiros dias após o parto, a mãe produz, em quantidades menores, um leite mais amarelado e mais grosso chamado de colostro. Depois de algumas semanas as mães começam a produzir o leite maduro, esse leite se apresenta com aspecto e composição diferentes do colostro, e contém proteína, lactose, vitaminas, minerais, água, gordura, todos os nutrientes que a criança necessita para seu crescimento e desenvolvimento até os seis meses de idade. Há também no leite materno vários componentes imunológicos que protegem a criança de inúmeras doenças.

Coleta e Doação – Para ser doadora, a mulher deve estar com os exames atualizados e não possuir nenhuma doença transmissível.

O leite deve ser retirado depois que o bebê mamar ou quando as mamas estiverem muito cheias. Após realizar a higiene das mãos, antebraços e seios, a mãe deve realizar uma massagem suave e circular nas mamas. Em seguida colocar os dedos polegar e indicador no local onde começa a aréola (parte escura da mama), firme os dedos e empurre para trás em direção ao corpo, comprimindo suavemente um dedo contra o outro, repetindo esse movimento várias vezes até o leite começar a sair. É preciso desprezar os primeiros jatos ou gotas e inicie a coleta no frasco.

Armazenamento – Antes de ser preenchido com o leite, o recipiente deve ser lavado com sabão neutro e esterilizado em água quente por 15 minutos. Depois de colocado o leite, a doadora deve identificar o pote com seu nome, dia e hora da coleta e armazená-lo no congelador ou freezer. Na próxima vez que for retirar o leite, utilize outro recipiente esterilizado. O leite pode ficar armazenado no congelador por até 15 dias.

Recipiente – Os frascos utilizados como embalagem para leite humano ordenhado devem ser de vidro, boca larga, tampa plástica rosqueável, com volume de 50 ml a 500 ml, como os vidros de café solúvel e maionese, já que seguem as normas e pré-requisitos da Anvisa e Fiocruz para vidros de coleta de leite humano.

Para que a doação seja recolhida, as doadoras devem entra em contato com o Banco de Leite Zilda Arns, localizado no Instituto Cândida Vargas (ICV), que enviará uma equipe especializada à casa da doadora para fazer o recolhimento da doação. O telefone para contato é o 3015-1555.

Método Canguru – Criado na Colômbia em 1979, o método Mãe Canguru é um modelo de assistência humanizada que atende, em sua maioria, as mães de recém-nascidos prematuros e de baixo peso, voltado para a melhoria da qualidade do cuidado. O bebê fica agarrado com sua mãe, pele a pele, durante a maior parte do tempo.

No Instituto Cândida Vargas (ICV), o método foi implantado há 15 anos, sendo a primeira maternidade na Paraíba a aderir à assistência humanizada para as mães dos bebês. Em maio deste ano, o Ministério da Saúde emitiu uma certificação atestando o ICV como Centro de Referência Estadual para o Método Mãe Canguru.

Instituto – No ICV são realizados aproximadamente 700 partos ao mês, filhos de usuárias de todas as partes do Estado. Referência em maternidade na Paraíba e considerado como um dos melhores hospitais na área no Nordeste, o instituto oferece desde acompanhamento pré-natal até um banco de leite, para os casos da mãe não conseguir amamentar.

Além de trabalhar na realização do parto, o ICV integra uma série de cuidados com a mãe e o recém-nascido. Para as mães que desejam ter seu filho de forma natural, há um programa de acompanhamento e preparação para o parto normal. Uma equipe com fisioterapeutas e psicólogos informa a mãe sobre pré e pós- parto e oferece um curso de primeiros cuidados com o bebê.