Samu JP registra quase 20 mil trotes a menos com relação a 2014, mas casos ainda preocupam
Arthur Araújo
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu- 192) de João Pessoa registrou uma redução de 28% dos trotes recebidos quando comparados os quatro primeiros meses de 2014 e 2015, o que representa uma queda de 19.246 no número bruto. O dado é animador, mas a coordenação do serviço ainda se preocupa com a quantidade de casos e com uma nova modalidade de ocorrência, que é a supervalorização do quadro das vítimas para atrair o serviço em casos que não são de sua responsabilidade.
De janeiro a abril deste ano, a Central de Regulação do Samu da Capital registrou 166.334 ligações. Deste número, 49.186 foram identificadas como trote, o que representa 29,6% do total. Ao comparar os dados com os de 2014, verifica-se uma redução significativa das falsas ocorrências. Naquele ano, a Central recebeu 175.105 ligações nos quatro primeiros meses, sendo 68.432 trotes (39%). Analisando o número de trotes, nota-se uma redução de 19.246 casos, o que significa uma queda de 28%.
O reconhecimento do trote pode acontece, na maioria das vezes, ainda no processo de atendimento por telefone, casos em que as ambulâncias não são liberadas pela Central de Regulação. Quando o usuário é convincente, o trote só é descoberto quando o veículo chega ao local indicado na ligação. Nesses casos, as ambulâncias acabam sendo ocupadas por cerca de 40 minutos, tempo em que poderiam estar atendendo solicitações reais.
Este ano, dos 49.186 trotes recebidos de janeiro a abril, 45 só foram identificados depois que a equipe chegou ao local. Em 2014, este número foi de 54 no mesmo período. Mesmo que a grande maioria seja imediatamente identificada como falsa, o número de trotes ainda atrapalha o serviço, já que ocupa as linhas por um longo período de tempo.
Supervalorização – Outro tipo de ocorrência que tem preocupado o Samu são as ocorrências de supervalorização do quadro clínico dos pacientes. De acordo com a coordenadora médica, Érika Rivenna, muitas pessoas estão aumentando a gravidade das ocorrências para que sejam atendidas pelo Samu, já que o serviço só pode atender ocorrências de urgência e emergência com risco de morte.
“São vários os casos em que recebemos ligações com descrições de casos graves e acabamos encontrando pessoas com febre, mal-estar ou diarreia, situações que não podemos cobrir”, relatou a coordenadora. Ela ainda citou um caso extremo, em que o usuário chamou uma ambulância apenas para solicitar do médico a análise de alguns exames. “Isso preocupa porque acabamos demorando para atender quem realmente precisa”, afirmou.
Orientação – Érika Rivenna fez questão de lembrar que o Samu também oferece serviço de orientação, que pode ser utilizado pelas pessoas sem a necessidade da criação de uma falsa ocorrência. “Nós não podemos prescrever medicamentos, mas podemos orientar por telefone sobre uma série de cuidados e medidas a serem tomadas, inclusive sobre o hospital mais indicado para receber a demanda”, relatou.
Para ter acesso ao serviço do Samu, a população deve ligar para o número 192.