Centro de Vigilância Ambiental e Zoonoses faz controle de pragas urbanas na Capital

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Nayanne Nóbrega

 

Ratos, baratas, escorpiões, mosquitos, insetos, pombos e caracóis africanos são pragas urbanas que cercam nossas casas. A rigor, autoridades sanitárias preferem chamar de animais sinantrópicos, que vivem junto ao homem contra a sua vontade, aproveitando-se da comida e dos abrigos abundantes na cidade. Eles inspiram preocupação por danos à saúde, como a leptospirose, transmitida pela urina de roedores.ccz_controlepragas_foto_dayseeuzebio (194)

Em João Pessoa, esses bichos são controlados pelo Centro de Vigilância Ambiental e Zoonoses, ligado a Secretaria Municipal Saúde da Prefeitura de João Pessoa. A cada 15 dias bairros e comunidades da cidade são dedetizados com inseticidas e raticidas para o controle dessas pragas. Nesta semana, a comunidade do Papelão, no Varadouro, passou por uma ação de desratização. Beirando um esgoto e com acúmulo de material reciclável, o local é fonte abundante de alimento para esses animais.

“Aqui convivemos com os ratos dia e noite. Não podemos nem colocar comida para as galinhas que eles vão lá e comem. Eu mesmo já fui até mordido duas vezes por ratos. Sei que é um perigo, principalmente a sua urina. Por isso, é muito importante essa dedetização feita pela Prefeitura, pois ameniza bastante a situação”, relatou o catador de lixo reciclável, José Arnaldo da Silva. Na comunidade Papelão, cerca de 50 famílias vivem da venda de material reciclável.

ccz_controlepragas_foto_dayseeuzebio (150)Já no Distrito Mecânico, o proprietário de uma oficina de funilaria e pintura, Evandro Pontes, disse que a limpeza da área é muito importante para saúde da comunidade. “Vivemos correndo o risco de contrair uma doença provocada pela ratazana que tem aqui ou pegar dengue. Agradecemos muito esse trabalho de limpeza e sabemos que precisamos ajudar também não acumulando lixo e fazendo o acondicionamento correto. Esse engajamento é importante para todo mundo”, disse.

Monitoramento educativo e químico – O monitoramento de pragas acontece com ações educativas e produtos químicos, de acordo com o gerente do Zoonoses, Nilton Guedes. “Atuamos no combate de quatro áreas que favorecem a proliferação das pragas: água, acesso, alimento e abrigo. Realizamos também palestras educativas em escolas, em obras de construção civil, fábricas e disponibilizando material educativo explicando a importância desse controle e do engajamento da população”, explicou.

Ainda segundo Guedes, a Capital reduziu nos últimos três anos a quantidade de pessoas com leptospirose e principalmente os óbitos. “Estamos realizando um trabalho ostensivo no combate dessa doença”, afirmou. Ele completou destacando que a dengue também está sendo bastante combatida. “Este ano teve uma epidemia em todo o país, mas aqui não. Tivemos um aumento no número de caso, mas não uma epidemia, pois estamos fazendo o controle químico e principalmente um trabalho educativo com palestras nas escolas e obras”, disse.ccz_controlepragas_foto_dayseeuzebio (257)

Pombos – Quem também se aproveita da boa oferta de comida são os pombos. “Ninguém dá comida a ratos, mas pombos todos alimentam porque acham bonitinho. Isso é um grande problema”, afirmou Guedes. Com um ambiente favorável à reprodução, essas aves se multiplicam. Porém, o que poucos sabem é que elas são vetores de ácaros, que causam alergias na pele e doenças respiratória. A poeira de suas fezes também transmite criptocose, que afeta o sistema nervoso.

Outras pragas – Os caracóis africanos se tornaram uma praga, pois encontraram no Brasil condições favoráveis para sua reprodução. “Não há predador, por isso não têm um controle especifico. Eles preferem principalmente áreas com vegetação, como quintais e regiões com muita areia. Por isso, é muito comum ser encontrado na praia de Tambaú e Cabo Branco. Como forma de controle é necessário limpeza e retirada da vegetação da região onde esses animais habitam”, disse Nilton Guedes.

ccz_controlepragas_foto_dayseeuzebio (206)Para combater os escorpiões, o Centro de Zoonoses realiza um trabalho preventivo. “Fazemos orientação de como as pessoas podem evitar os riscos de acidentes com escorpiões. Geralmente, o que temos detectado é que as pessoas começam a armazenar entulho e isso se torna um bom abrigo. A presença de baratas e outros insetos resultam em um ciclo onde eles ficam se alimentando e se reproduzindo. Vale ressaltar que lançar inseticidas em esgotos não mata esses animais, apenas faz com que eles migrem para outras áreas”, explicou. Caso alguém seja picado por um escorpião deve procurar o Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (Ceatox), no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HU).

Além do controle do mosquito da dengue, o Zoonoses realiza também o controle das muriçocas. “João Pessoa é uma cidade com muitos córregos urbanos e isso favorece a reprodução das muriçocas. O principal controle é fazer com que a água não fique parada, pois os mosquitos levam sete dias para completar o ciclo de reprodução e seus ovos ficam na superfície da água. Diferente da dengue, as muriçocas eclodem todas de uma vez só e por isso a quantidade parece formar uma nuvem de mosquito”, concluiu Guedes.

Mapeamento

Roedores: Ar margens de rio e locais com muita água contribui para a proliferação de ratos. Localidades mapeadas: Comunidades São José, São Rafael, São Luiz, Timbó, Capim, do S; Cristo, Varjão, Cruz das Armas, Oitizeiro, Bancários, Timbó, Varadouro e Mandacaru.

Caracol: É encontrado principalmente no Cabo Branco e em Tambaú.

Forma correta de fazer a catação: Proteger as mãos com luvas e colocá-los em um balde com água e sabão por 15 a 20 minutos. Depois é só jogar essa água no esgoto sanitário, recolher os bichos e entregar a coleta. Eles morrem afogados porque são animais pulmonares.

Pombos: Encontrados em várias áreas da cidade: Centro, Varadouro, Cabo Branco, Tambaú, Geisel, Valentina Figueiredo e Bessa.