Secretaria de Saúde elabora fluxograma para casos de microcefalia

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Thibério Rodrigues

A Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), por meio da Secretaria de Saúde (SMS), elaborou um fluxograma para o diagnóstico e assistência nos casos de bebês nascidos com microcefalia na Capital. O atendimento segue o protocolo assistencial apresentado pelo Ministério da Saúde.

A porta de entrada para o atendimento das gestantes continua sendo realizado por meio da Atenção Básica, nas Unidades de Saúde da Família (USF). Serão realizados os exames específicos e acompanhamento do pré-natal como parte do programa Rede Cegonha.

A Vigilância Epidemiológica de João Pessoa recomenda que todas as gestantes que apresentarem, a partir deste momento, exantema (manchas vermelhas pelo corpo), devem procurar o serviço onde realizam o pré-natal. “Os profissionais que as acompanham devem realizar a notificação imediata à Vigilância Epidemiológica Municipal, ficando esta responsável pela investigação com confirmação ou descarte de Sarampo, Rubéola, Parvovirus e Dengue. Confirmado um desses agravos, a mesma será encaminhada para unidade de referência. Destacamos que não há sorologia para Zika Vírus, ficando o critério baseado no descarte das demais doenças.

Se o resultado dos exames apontarem que o feto é um caso suspeito de microcefalia, a gestante será encaminhada ao pré-natal de alto risco nos serviços de referência, conforme seu território de residência, no Instituto Cândida Vargas (ICV), Maternidade Frei Damião e Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW).

Após o nascimento do bebê, serão realizados a anamnese (investigação do histórico de gestação), exames físicos, laboratoriais e complementares, assim como o acompanhamento nos três serviços de referência. “O que o município está garantindo é a continuidade do acompanhamento desses bebês no pós-natal”, afirmou Aleuda Cardoso, secretária municipal de Saúde.

“Já acontece o procedimento corriqueiro de pré-natal na rede municipal de saúde, mas agora existe uma referência também para a microcefalia e, para isso, estamos capacitando os nossos profissionais que estão na base”, completou a secretária.

Parceria – A cooperação voluntária SOS Otorrino será parceira da Prefeitura de João Pessoa na realização da fase de triagem auditiva dos casos suspeitos de microcefalia, oferecendo os serviços para investigar a repercussão auditiva nas crianças.

Protocolo – Seguindo as orientações do Ministério da Saúde, para a notificação de casos suspeitos de microcefalia, devem ser adotadas as seguintes definições: recém nascidos, entre 37 e 42 semanas de gestação, com perímetro cefálico aferido ao nascimento igual ou menor que 33 cm na curva OMS e recém nascidos, menor que 37 semanas de gestação, com perímetro cefálico menor ou igual que o percentil 3 (dois desvios padrão) na curva de Fenton.

O gerente de Vigilância Epidemiológica da SMS, Daniel Batista, ressalta que, neste momento, estão sendo adotados critérios muito sensíveis para a detecção de casos suspeitos de microcefalia para evitar que haja a subnotificação. “É um momento que não podemos descartar possíveis casos, por isso estamos notificando bebês com perímetros cefálicos com 33 cm, inclusive”, afirmou.

Investigação dos casos – A investigação desses casos está sendo realizada pelo Ministério da Saúde de forma integrada com as secretarias estaduais e municipais de saúde, com o apoio de instituições nacionais e internacionais. Comitês de especialistas apoiarão o Ministério da Saúde nas análises epidemiológicas e laboratoriais, bem como no acompanhamento dos casos.

Microcefalia – A microcefalia não é um agravo novo. Trata-se de uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Na atual situação, a investigação da causa é que tem preocupado as autoridades de saúde. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal, que habitualmente é superior a 33 cm. Esse defeito congênito pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como as substâncias químicas, agentes biológicos (infecciosos), como bactérias, vírus e radiação.

Rede Cegonha – É uma estratégia do Ministério da Saúde que visa implementar uma rede de cuidados para assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e a atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como assegurar às crianças o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis.