Técnicos dos EUA realizam pesquisa sobre casos de microcefalia em João Pessoa
Thibério Rodrigues
Técnicos do Centro de Controle e Prevenção de Doenças do Governo dos Estados Unidos (CDC) visitaram o Instituto Cândida Vargas (ICV) nesta quarta-feira (24) como parte da pesquisa que está sendo realizada em parceria com o Ministério da Saúde sobre os casos de microcefalia na Paraíba e outros estados do país. O ICV é referência no atendimento às mães e aos bebês nascidos com microcefalia. O serviço oferecido pela rede municipal de Saúde está sendo registrado por redes de televisão estrangeiras.
A pesquisa, que está sendo realizada em todo o estado, consiste na coleta de informações de mulheres que tiveram bebês com ou sem microcefalia em João Pessoa e outros municípios da Paraíba. Para cada caso confirmado, são escolhidas três mães da mesma região, cujo bebê não tem microcefalia.
A coordenadora do setor de neonatologia do ICV, Juliana Soares, explica que a partir das informações colhidas durante as entrevistas com as mães, é realizada uma comparação do histórico de saúde dos casos com microcefalia e dos casos sem microcefalia com a finalidade de se chegar às causas que resultam em tal condição neurológica do bebê.
Uma das mães entrevistadas pelos técnicos no ICV foi a dona de casa Lidiane Oliveira. Seu bebê tem dois meses de vida e foi diagnosticado com microcefalia. “Ele nasceu aqui no Cândida Vargas e está sendo acompanhado, pois agora o mais importante é cuidar da saúde do meu filho com o apoio profissional necessário”, disse.
Casos em João Pessoa – De acordo com a Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), foram notificados 356 casos suspeitos de microcefalia em João Pessoa; desses 17 foram confirmados, 139 descartados e 200 em investigação. Só no Instituto Cândida Vargas, foram notificados 132 casos de bebês residentes em João Pessoa; desses 12 foram confirmados, 24 descartados e 96 estão sendo investigados.
Imprensa estrangeira – Equipes das redes de televisão BBC (Inglaterra) e a ARD (TV pública da Alemanha) estão em João Pessoa acompanhando o estudo do Ministério da Saúde e os serviços oferecidos na Capital para atender os casos suspeitos de crianças com microcefalia. As equipes visitaram o Instituto Cândida Vargas e deverão conhecer também o Centro de Referência Municipal de Inclusão para Pessoa com Deficiência.
Fluxo de atendimento aos bebês em João Pessoa – De acordo com os critérios do Ministério da Saúde (MS), um recém-nascido com perímetro cefálico igual ou menor de 32 centímetros (cm) entra no fluxo de monitoramento, onde, após investigação epidemiológica, será confirmada ou descartada a microcefalia.
Quando confirmada a microcefalia, os bebês serão acompanhados pelas redes de Atenção Básica e Atenção Especializada da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e encaminhados para atendimentos especializados de neuropediatra, oftalmologia, otorrinolaringologista, fisioterapeuta, entre outros.
Esses encaminhamentos já começam ainda na maternidade. No caso de João Pessoa nos seguintes serviços: Instituto Cândida Vargas (ICV), Maternidade Frei Damião ou Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW). Assim que diagnosticada a malformação, o hospital deve encaminhar o recém-nascido para a Unidade de Saúde da Família (USF) mais próxima da residência da família. É a USF que deverá encaminhar a criança para avaliação no Ambulatório do Centro de Referência Municipal para Inclusão da Pessoa com Deficiência (CRMIPD), localizado na Rua Cel. Otto Feio Silveira, Pedro Gondim.
Após atendimento neuropediátrico, os bebês serão encaminhados para realização de consultas e exames especializados através de parcerias da Secretaria Municipal de Saúde com a S.O.S. Otorrino, para atendimento de otorrinolaringologia, e com o Instituto dos Cegos da Paraíba, para oftalmologia, fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional.