Mutirão para diagnosticar ou descartar casos suspeitos de microcefalia atendeu quase 100 crianças

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Thibério Rodrigues

O mutirão realizado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) para diagnosticar ou descartar casos suspeitos de microcefalia atendeu quase 100 crianças. A Secretaria de Saúde (SMS) está notificando e monitorando os casos suspeitos da malformação congênita desde o mês de novembro do ano passado.

A ação aconteceu durante o mês de maio, após a SMS convocar as mães de crianças que estavam incluídas dentre os casos notificados, mas não haviam retornado às unidades de referência para o acompanhamento, impossibilitando o diagnóstico. Os atendimentos foram realizados no Instituto Cândida Vargas (ICV) e no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW).

Ao todo, foram convocados 206 casos que necessitavam de avaliação, sendo 137 residentes em João Pessoa e 69 de outros 33 municípios da 1ª Macrorregião de Saúde. Do total de casos, compareceram 96 crianças de 19 municípios, incluindo João Pessoa.

De acordo com a Gerência de Vigilância Epidemiológica da SMS, foram descartados 85 casos suspeitos; quatro casos tiveram confirmação clínica e radiológica; quatro casos foram confirmados clinicamente, mas ainda esperam pelo resultado da tomografia; além de três casos já confirmados, porém ainda não tinham realizado todos os exames.

Dos casos confirmados no mutirão, dois são residentes em João Pessoa, sendo registrados, ao todo, 40 casos de crianças com microcefalia que residem na Capital, segundo os dados mais atualizados da Vigilância Epidemiológica.

“Todas as crianças com diagnóstico confirmado de microcefalia ou outra alteração do sistema nervoso são imediatamente encaminhadas para início das terapias especializadas para o Centro de Referência Municipal para Inclusão da Pessoa com Deficiência, Hospital Universitário ou Funad”, afirmou Daniel Araújo, gerente de Vigilância Epidemiológica.

O fluxo de atendimento para o diagnóstico ou descarte dos casos começa pelo acolhimento psicossocial da criança e da mãe, sendo encaminhadas para a realização de antropometria (peso, estatura e perímetro cefálico), passando por radiologia e avaliações pediátrica, fonoaudiológica e fisioterapêutica.

Atendimento por agendamento – O gerente de Vigilância Epidemiológica explica que, após reunião com representantes do Ministério da Saúde e Secretaria Estadual de Saúde (SES), ficou decidido que continuará sendo feito o agendamento dos casos faltosos de João Pessoa e demais municípios da 1ª Macrorregião para o atendimento no HU e no ICV.

“Foi solicitado aos municípios da 1ª Macrorregional e aos Distritos Sanitários de João Pessoa uma listagem com os nomes das mães que já declararam a recusa em participar das ações e que, para aquelas que ainda têm interesse, seja feita a exposição dos dias disponíveis e que seja informada a data de escolha à Vigilância Epidemiológica para marcação nos serviços de saúde envolvidos”, disse Daniel.

 Assistência em João Pessoa – Os bebês com microcefalia são acompanhados pelas redes de atenção básica e atenção especializada da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e encaminhados para atendimentos especializados de neuropediatra, oftalmologia, otorrinolaringologista, fisioterapeuta, entre outros.

Assim que diagnosticada a malformação, a maternidade deve encaminhar o recém-nascido para a Unidade de Saúde da Família (USF) mais próxima da residência da família. É a USF que deverá encaminhar a criança para avaliação no Ambulatório do Centro de Referência Municipal para Inclusão da Pessoa com Deficiência (CRMIPD).

Para este encaminhamento é necessário apresentar o Cartão Nacional do SUS e Certidão de Nascimento da criança; comprovante de residência, RG e CPF da mãe; e encaminhamento do profissional de saúde da unidade. Para os demais municípios, o centro de atendimento especializado é a Fundação de Apoio ao Deficiente (Funad).

 Microcefalia – A microcefalia não é um agravo novo. Trata-se de uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Na atual situação, a investigação da causa é que tem preocupado as autoridades de saúde.

Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal, que habitualmente é superior a 33 cm. Esse defeito congênito pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como as substâncias químicas, agentes biológicos (infecciosos), como bactérias, vírus e radiação.