Mais de 60% dos exames e consultas do SUS deixam de ser realizados porque usuários não comparecem
Thibério Rodrigues
Nos cinco primeiros meses deste ano, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de João Pessoa realizou a marcação de 602,7 mil procedimentos, entre exames e consultas. Porém o número de absenteísmo, quando o usuário não comparece ao procedimento no dia agendado, é muito grande e acaba afetando todos os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) no município. Ao todo, foram registradas 372,7 mil faltas aos procedimentos agendados neste período, o que representa 61,8% das marcações.
De janeiro até maio de 2016, foram regulados 473.553 exames e, destes, os usuários faltaram a 307.739, o que representa 65% do total de exames marcados. Dentre os exames que apresentam maior índice de absenteísmo predominam mamografias, radiografias e ultrassonografias.
No mesmo período, 129.218 consultas foram marcadas para especialistas, porém há o registro de 65.008 faltas. Ou seja, mais da metade (50,3%) dos usuários não estão comparecendo às consultas, enquanto apenas 49,7% têm comparecido. As consultas que registram mais faltas dos usuários são nas especialidades de Oftalmologia, Cardiologia, Dermatologia e Ginecologia.
De acordo com a diretora técnica do Setor de Regulação da SMS, Maria Hercília Araújo, o absenteísmo dificulta o acesso de outros usuários ao sistema de saúde e acarreta aumento do prazo de espera para a realização de uma determinada consulta. “As vagas disponibilizadas deixam de atender a outros usuários que também aguardam pelos mesmos procedimentos”, afirmou.
Dessa forma, as faltas injustificadas de pacientes sem qualquer comunicação prévia em consultas ou exames agendados compromete a eficiência do serviço. “Quando agendada uma consulta ou um procedimento, essa vaga fica bloqueada para atender ao agendamento daquele usuário. Caso o mesmo falte ao agendamento, deixamos de garantir a assistência a outro usuário que teria disponibilidade para comparecer ao atendimento”, complementou Hercília.
Sobram procedimentos na rede – A diretora técnica do Setor de Regulação da SMS destaca, ainda, que há sobra de procedimentos e mau aproveitamento da oferta de assistência em saúde, o que fragiliza e prolonga o processo de conclusões diagnósticas. A maior demanda de procedimentos na Rede Municipal é advinda da atenção básica, a qual necessita de celeridade de acesso aos pareceres e avaliações da atenção especializada.
Ela chama a atenção da população sobre a importância do comparecimento dos usuários do SUS às consultas e exames agendados previamente. “É importante que no caso de previsão de falta ao procedimento, por quaisquer motivos que sejam, o mesmo contate a unidade de marcação para que a vaga seja cancelada e repassada para outro usuário, movimentando a fila de espera e reduzindo a demanda reprimida”, alertou.
Hercília ressalta que, quando o usuário deseja ir para determinado profissional, é importante entender que a espera será maior, pois aguardará tal agenda de determinado profissional, enquanto outras vagas vão sendo disponibilizadas para os que não possuem qualquer restrição. A otimização das vagas depende do usuário e do cumprimento das agendas pelos profissionais.
Regulação – Na Rede Municipal de Saúde, quase todos os procedimentos são regulados, com exceção das órteses e próteses. Atualmente, a rede de marcação de João Pessoa possui 128 marcadores nas Unidades de Saúde da Família, além daqueles que estão nos Distritos Sanitários e nos hospitais.
Na posse dos encaminhamentos de consultas e exames, os usuários deixam os mesmos em suas unidades de referência para agendamento. Os encaminhamentos de alta complexidade são encaminhados para a referência de regulação, nas sedes dos Distritos Sanitários, que são responsáveis por dar entrada no sistema, para posterior avaliação do médico regulador e liberação da marcação.