Serviço de urgência psiquiátrica realizou 1,8 mil atendimentos

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Thadeu Rodrigues

O Pronto Atendimento em Saúde Mental (PASM), localizado no Complexo Hospitalar de Mangabeira Governador Tarcísio de Miranda Burity, realiza o serviço de referência em urgência psiquiátrica na Grande João Pessoa 24 horas por dia. No primeiro semestre deste ano já foram atendidos 1.859 pacientes.

A coordenadora do PASM, Thais Cavalcanti, explica que são tratados casos de surtos psicóticos e de depressão, ansiedade aguda e agitação psicomotora, além de abstinência ao alcoolismo e drogas ilícitas.

“O surto de depressão é aquela situação em que a pessoa não consegue fazer nada. Não se alimenta, não trabalha, não sai de casa. Muitas vezes, são casos de uma ideação suicida. Já com relação aos casos de abstinência de drogas, nós atendemos porque o indivíduo passa mal, tem tremedeiras, mudança de humor, e isto pode acarretar em um surto psicótico”, disse a coordenadora.

De acordo com ela, em ambos os casos, é feito um tratamento com medicamentos. Contudo, se o paciente tiver algum tipo de problema clínico, como intoxicação ou ferimento, por exemplo, o tratamento clínico é feito em qualquer hospital da rede municipal, para só depois haver a transferência ao PASM. “Se alguém tenta suicídio com medicação, ele será desintoxicado e depois é que vem pro PASM”, disse Thais Cavalcanti.

Referência – O PASM atende pacientes dos municípios de Bayeux, Santa Rita e Cabedelo, de forma pactuada. O serviço é uma referência não apenas local, conforme frisa a coordenadora de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde, Janaína D’ Emery.

“Apenas as cidades de São Bernardo e Campinas (SP) disponibilizam este serviço de urgência, no Brasil, além de João Pessoa. Através do PASM, damos suporte à toda a rede de saúde mental do município. Esta é uma conquista nossa porque não há uma verba específica para este serviço, mas disponibilizamos de maneira humanizada, pensando na singularidade do sujeito”, afirmou Janaína D’Emery.

A dona de casa S. C., que pediu para não ser identificada, falou sobre a cunhada, que está em observação no PASM. “Ela sofre de depressão, mas como parou de tomar os remédios, teve uma crise nervosa e nós a trouxemos para cá. Ainda bem que existe este serviço, que atende todos os dias”, contou ela, que destacou o bom tratamento à cunhada e o apoio aos familiares. “Até nós somos bem recebidos, bem tratados”.

Porta de entrada – O acesso ao PASM é livre, qualquer pessoa pode procurar o serviço, sem precisar passar por regulação. “Normalmente, é a família que leva o doente ao PASM, mas se ele estiver violento, a família pode ligar para o Samu ou a Polícia para fazer o acompanhamento”, destacou a coordenadora, Thais Cavalcanti.

Ao ingressar no serviço, o paciente é avaliado pela equipe de saúde, composta por médicos psiquiatras, psicólogos e enfermeiros. É feita uma escuta breve e são receitados medicamentos para estabilizar o paciente, se necessário. O tempo máximo de permanência é de 72 horas, já que trata-se de um atendimento de urgência.

“Se o paciente está estabilizado, é feito um encaminhamento para os Centros de Atenção Integral à Saúde (Cais) ou Centros de Apoio Psicossocial (Caps), que é onde eles podem obter tratamento. Mas se for necessário o internamento num Caps, o paciente é levado numa ambulância. O mesmo ocorre quando ele deve ir para um hospital psiquiátrico”, disse Thais Cavalcanti.

Regulação – Ela explica que o PASM possui um serviço de regulação própria e que viabiliza todos os encaminhamentos dos pacientes. O local dispõe de oito leitos de observação, sendo quatro masculinos e quatro femininos. A equipe multidisciplinar inclui, ainda, assistente social, técnico em enfermagem, pessoal de apoio e contenção, de higienização e recepção.

A coordenadora ressalta a importância da triagem no atendimento, já que nem todos necessitam utilizar o serviço do pronto atendimento. “Já houve um caso de um paciente estar perturbado devido a um tumor na cabeça que estava causando esta desorientação. Mas nem ele, nem a família sabia disto”.

Restrições – O PASM não atende menores de 18 anos. Há dois serviços oferecidos pela Prefeitura Municipal de João Pessoa para este público. Para menores de 14 anos, o atendimento de urgência psiquiátrica é feito no Hospital do Valentina. Para quem é maior de 14 e menor de 18, o atendimento é na clínica médica do Complexo Hospitalar de Mangabeira.