Projeto da PMJP estimula consumo de produtos agroecológicos

Por Andrezza Carla - em 1137

A busca por hábitos saudáveis se tornou cada vez mais frequente. Nesse caminho em busca de saúde e qualidade de vida a alimentação é indispensável e o brasileiro tem se conscientizado disso. A última pesquisa do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada pelo Ministério da Saúde, revela que o consumo regular de frutas e hortaliças cresceu nos últimos oito anos. Em 2008, 33% da população do País inseria esses produtos regularmente na alimentação. Em 2016 esse número subiu para 35,2%.

No entanto, tão importante quanto um bom cardápio, é saber a origem dos produtos que consumimos. Há quase dois anos a população de João Pessoa conta com a Central de Comercialização da Agricultura Familiar (Cecaf). Comercializando exclusivamente produtos oriundos da agricultura familiar e com base agroecológica, a Cecaf reúne 130 comerciantes, de 28 municípios e tem como um de seus objetivos principais, potencializar a venda de produtos saudáveis na Região Metropolitana de João Pessoa.

Foto RafaelPassos-Secom/JP

Além de comerciantes da Capital, o espaço contempla também artesãos e pescadores de Mamanguape, Jacaraú, Fagundes, Puxinanã, Lucena, Pitimbu, Pedras de Fogo, Areia, Bananeiras, Baía da Traição Itapororoca, Natuba, Remígio, Lagoa Seca, Pilar, Cruz do Espírito Santo, Mari, Monteiro, Conde, Alhandra, Caaporã, Rio Tinto, Itabaiana, Bayeux, Santa Rita, Cabedelo e São Miguel de Taipu.

O diferencial é que, além da produção ser familiar, impulsionando o desenvolvimento regional, 30% dos produtos disponíveis na Cecaf são orgânicos. Uma das metas da coordenação é que, em alguns meses, todo agricultor que comercialize no local, venda produtos sem agrotóxicos.

“A gente vem realizando oficinas teóricas e práticas com os produtores há quase um ano na Cecaf, para que eles compreendam que é possível plantar sem o uso dessas substâncias. Alguns já aderiram ao método e estão bastante satisfeitos”, diz Rogeany Gonçalves, coordenadora da Cecaf.

João Trajano da Silva (29), Galego, aprendeu a trabalhar no campo ainda criança com seu pai e tem descoberto nas oficinas a importância de plantar orgânicos. “Estamos em transição, eu usava veneno nas acerolas, por exemplo, mas após as aulas eu deixei de colocar e o consumidor percebe a diferença e gosta”, conta.

Maria Odete da Silva (56), mais conhecida como Dona Detinha, é do assentamento Nova Vida, no município de Pitimbu. Ela está na Cecaf desde a inauguração. Para ela o espaço mudou a realidade financeira de sua família. “Antigamente a gente trabalhava dia e noite, quatro, cinco meses na roça até a colheita e passava nossa mercadoria aos atravessadores, que levavam mais da metade do que a gente produzia por um preço muito baixo. Hoje o que a gente produz comercializa diretamente aqui e vê o retorno do nosso suor”, diz.

A Cecaf foi construída com recursos do Governo Federal, mas o espaço não havia sido concluído e estava parado desde 2007. A Central está em funcionamento desde julho de 2015 e atualmente é coordenada pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb). “O pleno funcionamento da Central hoje é fruto de um esforço coletivo da atual gestão, que viu num espaço que ficou obsoleto durante anos, a oportunidade de desenvolver a agricultura e a economia não só da Capital, mas da Paraíba”, destaca Vaulene Rodrigues, secretária adjunta da Sedurb.

Feiras culturais – A Cecaf está localizada na Avenida Hilton Souto Maior, 1.112, no bairro José Américo, e funciona as quintas e aos sábados, das 4H às 12H. Aos sábados, apresentações culturais embalam as atividades da feira. Repentistas, poetas, cordelistas e demais artistas regionais aproveitam o espaço para mostrar seus trabalhos gratuitamente aos visitantes do local.