Novo serviço da PMJP beneficia pacientes com perda auditiva severa
Nesta quinta-feira, 10 de novembro, se comemora o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez. Em João Pessoa, a data pode ser celebrada através dos resultados positivos obtidos por um novo serviço da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), por intermédio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que tem beneficiado pessoas com perda auditiva severa.
Na primeira etapa do projeto de transplante coclear, 20 pacientes serão beneficiados com a audição. A PMJP investiu cerca de 1 milhão para estruturar o serviço, desde a aquisição de um microscópio cirúrgico à contratação de profissionais, além de um custo adicional de R$ 65 mil para cada cirurgia.
Para se candidatar ao procedimento, o usuário com surdez profunda deve procurar as Unidades de Saúde da Família da região onde reside. Em seguida, ele será encaminhado ao hospital, onde será acolhido em um ambulatório de implante, passando por exames como audiometria, ressonância magnética e avaliação médica para receber o implante.
Segundo o médico Marcos Franca, um dos responsáveis pela realização das cirurgias, o procedimento permite que um paciente passe a escutar após a fixação de um implante, substituindo a audição normal por uma audição digital. “Após uma avaliação médica e um conjunto de exames para saber se o implante cabe no ouvido do paciente, ele é submetido à cirurgia e passa a ouvir os sons normalmente”, explicou o médico.
Marcos Franca ressaltou que a cirurgia pode ser feita em pessoas de qualquer idade. “Já realizamos o procedimento com sucesso em duas pacientes e, dentro em breve, já iremos realizar o terceiro. Basta apenas que o usuário tenha condições de se submeter ao implante. E isto serve para qualquer candidato”, afirmou.
O médico enfatizou também a singularidade do exame no Estado e a importância da oferta ao usuário do SUS na Capital. “Cada aparelho custa, em média, R$ 60 mil. Sem esta iniciativa da Prefeitura, poucas pessoas teriam condições de arcar com os gastos”, disse.
Uma das beneficiadas pelo serviço é a secretária Ruth Margarida Xavier Martins, de 43 anos, que está se preparando para ter uma nova vida. Com uma audição de apenas 10% de capacidade em um dos ouvidos e totalmente surda de outro, Ruth foi a primeira paciente a se submeter a um transplante coclear na rede pública do Sistema Único de Saúde da Paraíba e ter a oportunidade de voltar a escutar.
A paciente, que passou, com sucesso, pelo procedimento cirúrgico no Hospital Santa Isabel no dia 21 de outubro, aguarda apenas a cicatrização para ativar o implante e já começa a fazer planos para o futuro. “Mesmo sem ouvir muito bem eu sempre tive confiança em mim mesma. Mesmo assim, isso me impede de aprender. Eu quero me capacitar mais, quero fazer um curso de inglês e depois que eu estiver ouvindo sei quer vai ser mais fácil”, comemorou.
Surdez – Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 15 milhões de brasileiros têm problemas auditivos e de cada mil crianças nascidas no País, três a cinco já nascem com deficiência auditiva.
A surdez pode se desenvolver de diversas maneiras. Quando genética, pode ser detectada nos primeiros dias de vida e tratada com sucesso. O teste da orelhinha, um exame rápido e indolor, pode resgatar a audição em quase 100% dos casos, se realizado nos primeiros seis meses de vida.
Na terceira idade, mesmo com o envelhecimento natural dos órgãos, é possível conviver com a perda auditiva, buscando tratamentos para melhorar a qualidade de vida. O problema é mais perceptível após os 65 anos.