Prefeitura oferece tratamento especializado para fumantes

Por - em 1143

Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que o tabagismo é considerado a principal causa de morte evitável no mundo. No Brasil, onde 18% da população com mais de 15 anos é fumante, 200 mil pessoas morrem em decorrência do vício em cigarros. Mesmo com esses dados alarmantes, o Inca também aponta uma diminuição de 40% no número de fumantes, a partir de 1989.

Em João Pessoa, a Prefeitura Municipal (PMJP) mantém cinco centros de tratamento especializado para fumantes: são os Centros de Referência do Tabagismo. O serviço é disponibilizado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que aderiu ao Programa Nacional de Controle do Tabagismo do Ministério da Saúde e Inca em 2006.

Segundo a coordenadora dos Centros, Rogéria Chelly Diniz, o tratamento é acompanhado por uma equipe multiprofissional, composta de fisioterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos e médicos, por meio de uma abordagem cognitivo-comportamental e de medicamentos. “O objetivo é combater e controlar o vício em cigarros, além de proporcionar meios para que as pessoas deixem definitivamente de fumar e passem a adotar hábitos de vida saudáveis”, disse.

Qualquer pessoa pode ter acesso ao programa, basta procurar um dos locais de tratamento que funcionam nos Centros de Atenção Integral, em Jaguaribe, Mangabeira, Cristo, Rangel e Mandacaru. A coordenadora explicou que, depois de inscritos no programa, os usuários são encaminhados para o psicólogo e iniciam o tratamento. O processo terapêutico se dá de forma grupal (15 pessoas, em média) e tem duração de três meses. “Quando necessário, é inserido o tratamento medicamentoso com adesivos, gomas de mascar, pastilhas de nicotina e ansiolíticos”, acrescentou.

A psicóloga Eunice Chaves revelou que quase sempre as pessoas chegam aos locais de tratamento procurando pela medicação, mas acabam descobrindo que podem chegar a seus objetivos com a terapia. “A dinâmica começa desde a acolhida, pois muitos sabem o que estão procurando, mas não sabem como funciona o tratamento”, disse. Para se livrar do vício, de acordo com ela, é imprescindível que a vontade parta da própria pessoa. “Tem que querer estar aqui. Só assim conseguiremos aplicar o tratamento e alcançar as mudanças de hábito desejadas”, frisou.

Mudança de vida – Os fumantes têm entre 20 e 30 vezes mais chances de desenvolver câncer de pulmão. Porém, os riscos não param por aí. A lista de danos à saúde inclui doenças cardiovasculares, respiratórias, impotência sexual no homem, infertilidade na mulher, osteoporose e até catarata. Para as mulheres, o cigarro associado ao uso de anticoncepcionais também aumenta em 10 vezes o risco de sofrer derrame e infarto. Fumantes passionais, aqueles que convivem com pessoas que fumam, também possuem riscos elevados de desenvolver essas doenças, segundo dados do Inca.

Segundo Eunice, entre 50% e 70% dos pacientes que procuram os centros para se livrar do vício do cigarro alcançam resultados positivos. É o caso de Isaías Alves. Ele fumou durante 54 anos e decidiu parar depois que viu um irmão morrer em decorrência de um câncer no pulmão. Hoje, não fuma mais e atesta que a terapia foi essencial para o alcance desse objetivo. “Coloquei na cabeça, no momento em que parei de fumar, que eu nunca fumei na minha vida, e acreditei, porque até hoje eu não sinto mais vontade de fumar”, contou.

 

Outra paciente, Janaína Barreto, tem consciência de que precisa parar de fumar. Ela diminuiu consideravelmente o consumo e já se sente uma vitoriosa, desde que começou o tratamento. “Passei por uma cirurgia no pulmão e já tomo medicação para deixar de fumar há 10 anos. Mas só consegui melhorar do vício depois que entrei em tratamento no centro. Ainda fumo, mas a freqüência é mínima. Tenho fé de que deixarei por completo, em breve”, disse.

Bernadete Queiroz também é atendida no Centro e contou o segredo do resultado positivo na vida dos pacientes: a troca de experiências com outras pessoas do grupo. Para ela, foi difícil largar o vício, que durou 44 anos. “Entrei em depressão, chorava muito. Mas aqui no centro encontrei o apoio que precisava para conseguir o que eu tanto desejava”, afirmou a aposentada, que está em tratamento há apenas três meses e não fuma há 17 dias.