Atletas paralímpicos da Rede Municipal de Ensino são exemplo de superação

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Nayanne Nóbrega

Atletasparalimpicos_foto_dayseeuzebio 168“Ralamos muito, cada dia é um desafio novo e temos que vencê-lo para chegarmos aonde a gente quiser. Queremos mostrar ao mundo que a gente pode. Que somos tão bons quanto às pessoas sem deficiência. Que estamos preparados para o mundo e o mundo precisa está preparado para nós. Pois, quando a gente mostra a nossa capacidade, conseguimos muito mais que as nossas metas”. Essa é a declaração da atleta paralímpica com paralisia cerebral, Suênia Kelly de Andrade, 16 anos, estudante da Escola Municipal Índio Piragibe, da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP).

A jovem faz parte da equipe do Projeto Atletismo e Bocha nas Escolas, composto por 20 estudantes atletas paralímpicos da rede pública de ensino que participam de competições. Esse grupo tem conquistado muitas medalhas em campeonatos locais e nacionais. O próximo desafio será os Jogos Escolares Paralímpicos, que acontecerá em São Paulo, no mês de novembro. O projeto foi criado há quatro anos pelo educador físico Ivamarcos Lisboa Pereira.

Atletasparalimpicos_foto_dayseeuzebio 010Para a competição, a equipe vem se preparando intensamente, mas a lição vai além da futura medalha. “A gente se dedica muito e treina pra fazer um trabalho maravilhoso. Cada dia é um desafio novo e temos que vencê-lo para chegarmos aonde a gente quiser. Essa competição foi o maior desafio de todos, porque a gente sempre ficava se perguntando se conseguiríamos. Participar será muito gratificante, porque vamos mostrar o que aprendemos, sabemos e conseguimos. É muito gratificante ver uma multidão de pessoas gritando os nossos nomes e torcendo pra gente, isso nos dá uma força maior”, disse emocionada Suênia de Andrade.

Ela completou destacando que a competição é uma forma de alertar a sociedade. “Queremos mostrar ao mundo que a gente é capaz e poder fazer isso é muito maravilhoso. Não importa o resultado, vamos mostrar o que aprendemos aqui. Será uma lição para as pessoas que não são deficientes, mostrando que a gente pode. Que somos como eles. Esse é o poder da nossa equipe”, ressaltou a atleta paralímpica.

Atletasparalimpicos_foto_dayseeuzebio 073O educador físico Ivamarcos Lisboa Pereira, explicou que o projeto surgiu há quatro anos com a atleta paralímpica Jane Soares, deficiente intelectual. “Certo dia na aula de Educação Física observei que uma menina não participava da aula. Vi que ela tinha porte físico legal, conversei com seus pais sociais e resolvemos começar esse projeto. Tive a oportunidade de conhecer o potencial de Jane e hoje ela compete até com atletas sem deficiência. Ela é o nosso ícone”, explicou.

Para o professor, a evolução dos atletas é a principal conquista do grupo. “A gente rala um pouquinho mais, mas é dando passos a frente que a gente consegue. Faço com amor, porque ver esses atletas assim, dando o retorno com o esforço, é gratificante. Eles têm trazido muitas alegrias para nós. Sozinho a gente não faz nada, temos o apoio dos pais, da direção das escolas e do transporte, que a Prefeitura nunca falhou conosco e é essencial para a locomoção desses atletas”, destacou Ivamarcos.

Atletasparalimpicos_foto_dayseeuzebio 229Atualmente, Jane Soares está competindo em três modalidades, salto em distância, lançamento de dardo e arremesso de peso. Porém, é no lançamento de dardo que a jovem tem se destacado mais. Logo no primeiro ano de treinamento, mesmo diante das adversidades, Jane conseguiu a classificação para as Paralimpíadas Escolares, na cidade de São Paulo, onde conquistou duas medalhas (2º lugar no Lançamento do Dardo e 3º lugar no Arremesso do Peso). As conquistas não pararam por aí, a próxima competição será no Circuito Caixa Loterias, também em São Paulo, na primeira quinzena de novembro.

Os pais se emocionam ao ver a evolução dos filhos durante os treinos. “O esporte é fundamental para o desenvolvimento de pessoas com deficiência, porque se a gente não tiver esse amparo, a tendência é regredir. A evolução é lenta, mas há evolução dia após dia. Minha filha já participou de várias competições e conquistou medalhas. Isso nos surpreende, porque acompanhamos o desafio do dia a dia. Ela foi desenganada pelos médicos, eles falaram que ela não ia andar e hoje, vê-la dando pequenos saltos é incrível. Um salto, mesmo que seja de um palmo, já é motivo de aplauso e queremos mais”, declarou Imar Ernesto de Oliveira, pai da atleta paralímpica Isabella, também estudante da Escola Municipal Índio Piragibe.