Castração evita superpopulação, além de melhorar saúde e comportamento de animais domésticos
Mônica Melo
O Centro de Vigilância em Saúde Ambiental e Zoonoses, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de João Pessoa, realiza gratuitamente o serviço de esterilização de animais. Os animais são levados para castração pelos donos ou através de ONGs, que recolhem eles nas ruas e os encaminham para o serviço municipal.
Entretanto, mesmo sendo gratuito, a procura pelo serviço é considerada pequena. “Em 2014, apenas 914 animais entre cães e gatos foram castrados. Em 2015, até o mês de abril foram 215”, revela a médica veterinária do centro de Zoonozes, Suelly Ruth Silva.
A superpopulação de cães e gatos nos centros urbanos vem despertando preocupação ao redor do mundo por possuir implicações sanitárias, sociais e até humanitárias. Em João Pessoa, assim como em diversos centros urbanos, a situação é preocupante. Uma pesquisa realizada em 2013 mostrou que existe uma população de mais de 130 mil animais abandonados na capital paraibana e que sem a castração, a tendência é que esse número cresça em proporções assustadoras.
A falta de conhecimento entre os donos de cães e gatos sobre os benefícios da castração para os animais é um dos fatores responsáveis pela baixa procura. Além de impedir a procriação, o procedimento evita todos os transtornos decorrentes da reprodução e da ação hormonal, como brigas, demarcação de território, fugas e doenças sexualmente transmissíveis. “Por isso, castrar os animais domiciliados é uma forma de proteger o animal”, sentencia a secretária da Associação de Proteção Animal Amigo Bicho (APAAP), Maribel Amequal.
A castração também é uma maneira eficiente de prevenir o abandono, já que muitas vezes os donos de animais não tem interesse ou condições de cuidar dos filhotes que podem ser numerosos. Cadelas podem ter até duas ninhadas por ano e gatas até três. Uma única ninhada pode dar origem a até seis gatos ou doze cães. “Atualmente há uma população grande que às vezes não recebe a devida importância e esse volume de animais pode acabar virando um grande problema de saúde pública”, revela a secretária da Associação de Proteção Animal Amigo Bicho (APAAP), Maribel Amequal. Para ela, estimular a castração também é uma medida fundamental para prevenir o abandono.
Uma fêmea castrada deixa de atrair os machos, não tenta fugir para cruzar, não tem mais cio e evita a piometra, uma infecção no útero que atinge 60% das cadelas não castradas. A incidência de câncer de mama também é reduzida. Para os machos, a principal conseqüência é que ele deixa de marcar território, ou seja, pára de urinar pelos cantos da casa.
Quem recorreu à castração recomenda o procedimento. Esse é o caso do jornalista Onivaldo Júnior, que teve sua gata operada há poucos dias. O animal ainda está no período de recuperação, mas já retomou seus hábitos. O jornalista conta que a sua gata não fica presa em sua residência e tem um instinto caçador, o que faz com ela se afaste de casa com freqüência. “Ela anda muito pela rua e eu queria evitar que ela contraísse uma doença ou emprenhasse, já que minha casa é muito pequena para uma prole felina”, relata.
Sobre o pós-operatório, ele afirma que nos primeiros dias após o procedimento, o animal, que é bastante ativo, ficou um pouco mais quieto, mas que no quarto dia após a castração, ela já estava tentando saltar o portão da casa.
A castração é a esterilização de um animal (macho ou fêmea). O procedimento não é considerado perigoso e os riscos envolvidos são os mesmos de qualquer procedimento cirúrgico. Os animais que passam pela castração recebem alta no mesmo dia. Os que possuem donos voltam para suas casas e os abandonados ficam com cuidadores voluntários até encontrar um lar.
Serviço – O Centro de Vigilância em Saúde Ambiental e Zoonoses está localizado na Avenida Walfredo Macedo Brandão, n°100, nos Bancários. Para mais informações, as pessoas podem ligar para os telefones 3218-9357 ou 3214-3459.