Cuidadores Familiares garantem assistência para pacientes com necessidades especiais
Rebeka Paiva
Garantir saúde pública de qualidade à população é uma dos principais objetivos da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP). Garantindo o direito a saúde e o cuidado humanizado para quem utiliza o SUS foi criado o curso de Cuidadores Familiares, uma proposta idealizada pelo prefeito Luciano Cartaxo, na perspectiva de melhorar as condições de vida do cidadão pessoense em situação de vulnerabilidade, que vive no ambiente domiciliar e necessitam de apoio e cuidados.
“O projeto é pioneiro no país e consiste em qualificar pessoas para ampliar as ações de cuidado no âmbito domiciliar e comunitário e vem chamando a atenção do Ministério da Saúde. Estamos torcendo para que esse projeto se torne um programa federal e possa ser implantado em outros municípios do país também”, comentou a diretora de Atenção à Saúde da SMS e preceptora do projeto, Juliana Abath.
Juliana explica ainda que os alunos do curso trabalham em conjunto com as equipes do Saúde da Família, sempre atuando juntos e discutindo melhores estratégias e alternativas para tratamento de determinados pacientes. Geralmente são atendidos pelo cuidadores pessoas com deficiência, acamados, idosos com redução de mobilidade e crianças com determinadas patologias que as incapacitam.
O curso é uma realização da Secretária Municipal de Saúde (SMS), em parceria com a Organização Social para o Desenvolvimento Sustentável e Capacitação (Odesc), uma entidade sem fins lucrativos, com o Ministério da Saúde e a Organização Pan-americana de Saúde (Opas).
A formação teve início em novembro de 2014 e foi dividida em três etapas. A primeira delas referente às aulas teóricas. Em seguida, os alunos foram para campo, nos cinco Distritos de Saúde da Capital, onde puderam aplicar o conhecimento adquirido e para concluir o curso, estão elaborando um Projeto Terapêutico Singular, que será avaliado pela equipe docente.
Suely de Lima sempre cuidou da filha que tem paralisia cerebral e para ela o curso foi a oportunidade de entender melhor sobre a arte do cuidado. “Eu sempre atuei como cuidadora, só que sem saber já que eu cuido da minha filha, exercia a função sem o conhecimento especifico da área, apenas com o amor que uma mãe tem por seu filho. Ter um curso que me qualificasse para fazer algo que eu já sabia seria então muito melhor, pois eu iria adquirir muito mais conhecimento e começar a ajudar outras pessoas que também precisam de uma atenção diferenciada”, disse Suely, que hoje já ajuda no cuidado de outras pessoas em sua vizinhança.
O curso tem em seu processo formativo uma preceptora, cinco tutoras e 20 orientadoras. Atualmente, em média, 500 alunos estão em formação. Ao final do curso, os cuidadores estarão aptos a realizar tarefas como a administração de medicamentos, acompanhamento em consultas e exames e prestação de serviços à comunidade. “Os cuidadores precisam ser pessoas humanizadas e preparadas para se adaptar às necessidades de toda a família”, explicou a fisioterapeuta Rebeca Simões, uma das tutoras.
Edjane Marque sempre gostou de ajudar as pessoas que precisavam e foi no curso que encontrou uma oportunidade de se profissionalizar. “Minha mãe é idosa e minha vizinha necessita de cuidados especiais, sempre cuidei das duas, quando soube do curso resolvi juntar algo que eu já gostava de fazer com a possibilidade de um emprego e a experiência tem sido muito boa, mesmo antes de ter concluído o curso já comecei a dar suporte a outras famílias também”, contou a aluna.
Os participantes do curso recebem uma bolsa no valor de R$ 200 mensais enquanto estiverem acompanhando as aulas, além de fardamento e todo material de apoio pedagógico. Após o curso, os participantes sairão capacitados para atuar como cuidadores.
Segundo os profissionais que acompanham os usuários beneficiados com os cuidados dos alunos em formação, a melhoria do cuidado é visível. “Trabalho em uma Unidade de Saúde da Família e percebo todos os dias como é difícil cobrir esta área, oferecendo um atendimento domiciliar adequado. Essa realidade tem tornado o projeto ainda mais importante”, comentou a enfermeira Socorro Sousa, uma das instrutoras do curso.