Curso da PMJP prepara novos intérpretes da linguagem de sinais

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DSC01196Nesta sexta-feira (26) é comemorado o Dia Nacional do Surdo. A rede municipal de ensino de João Pessoa atende hoje a 170 alunos surdos, distribuídos em 13 escolas, e conta também com 11 professores surdos que ensinam a linguagem dos sinais (Libras) aos alunos ouvintes e a 42 intérpretes. Para melhorar a comunicação, a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), por meio da Secretaria de Educação e Cultura (Sedec) realiza o Curso de Libras, que já conta com 80 participantes.

As aulas do Módulo I acontecem nas terças e quintas-feiras das 19h às 21h. Já do Módulo II acontecem todas as quartas-feiras no mesmo horário. Cada módulo tem duração de 40 horas e uma média de cinco meses de duração. As aulas são ministradas na Escola Municipal Cônego Matias Freire, no bairro da Torre. Participam do curso funcionários da PMJP, de escolas públicas e privadas, aposentados, professores e profissionais da área de saúde, entre outros.

A coordenadora do curso de Libras, Rosângela Ferreira de Melo, acredita que o crescimento na procura por parte das pessoas que querem aprender a linguagem dos sinais se deve à demanda de alunos surdos dentro das escolas.

“As pessoas estão começando a entender a importância de se aprender libras para poder se manter uma comunicação. Os surdos são pessoas iguais a qualquer um que escuta, apenas têm uma dificuldade na comunicação. São pessoas altamente inteligentes. É muito interessante quando vemos um aluno nosso da rede dentro de uma escola, e vemos como é muito mais fácil ele aprender quando temos pessoas que sabem se comunicar com ele”, explicou Rosângela.

Nas escolas da rede municipal, quando não há um intérprete de Libras dentro da sala de aula, nos espaços públicos há um professor surdo que faz todo o trabalho de articulação da língua, que tira dúvidas de sinais, que interage com os alunos surdos e demais funcionários da escola. É um trabalho que também está voltado para a comunidade.

União – Conforme Rosângela Ferreira de Melo, a Secretaria de Educação tenta juntar os alunos surdos de uma região de ensino em uma única escola para que fique mais fácil para eles desenvolverem a própria língua.

“Isto é respeito ao cidadão. Nas escolas temos os cursos de Libras também para os alunos que não são surdos para que possam se comunicar com os alunos surdos. É muito importante essa diversidade”, disse a coordenadora de Educação Especial da Sedec, Suzy Belarmino.DSC01190

Módulo I (básico) – o professor é surdo. Ele começa trabalhando com o alfabeto e com os números. Sempre com temas como família, cores, o educador coloca a palavra no quadro e em seguida dá o sinal em libras. Neste módulo os alunos já conseguem formar textos a partir dos temas.

Para o professor da rede municipal Iraquitan Bernardino, que é formado em Licenciatura em Letras Libras pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a procura em aprender libras se dá pela própria curiosidade e interesse. “As pessoas ficam curiosas quando veem a gente conversando através de sinais e têm curiosidade em aprender, saber onde ensina. Elas já estão sentindo a necessidade de se comunicar com pessoas surda”, frisou o professor.

Módulo II (intermediário) – começa a construção das frases. Os alunos já têm um melhor conhecimento de algumas palavras em Libras. O professor já começa a construir com os alunos diálogos e a contar histórias em Libras, sempre tentando aumentar o nível de comunicação.

Sheila Maria Oliveira é assessora pedagógica da Sedec e já está no segundo módulo. “Me encantou o fato de poder me comunicar com outra linguagem além do meu Português. Enquanto eu puder aprender novas formas de comunicação, estarei sempre buscando aprender. Eu ficava constrangida, e ainda fico, quando estou perto de algum surdo e eu não consigo entender. Não são eles que têm que se inserir no nosso grupo. Nós que temos que aprender a linguagem deles”, disse ela.

Roncalli Dantas Pinheiro também é formado em Letras pela UFPB. O interesse em aprender Libras foi despertado a partir da convivência na igreja com amigos surdos e também como um investimento na carreira profissional. “Existe um mercado crescente em João Pessoa. Novas universidades surgindo nessa área, e há uma carência de professores. Que bom que apareceu esse curso. Eu comecei a estudar Libras quando fazia parte de uma igreja e tinha muita gente que era surda, e eu me vi na necessidade de me comunicar com eles”, falou Roncalli.

Módulo III (avançado) – O professor deve trabalhar com produção de histórias infantis e peças de teatro. Ao final do curso os alunos apresentam um trabalho todo em Libras e recebem o certificado. As aulas para este módulo ainda não começaram.