Curso do Ednaldo do Egypto forma alunos com laboratórios e oficinas de jogos teatrais

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Dina Melo

 

Teatro - Edinald do Egito (206)Frequentar um curso de teatro pode, antes mesmo de formar um ator ou atriz, ter muitas outras finalidades. Particularmente para os duros anos de adolescência, com os hormônios em alta e a cobrança do mundo sobre as costas, serve para quebrar a barreira da timidez e favorecer a desenvoltura e a expressividade em público – quando a inibição representa uma verdadeira trava pessoal. “O teatro não está só para o palco: me ajudou a falar e conviver melhor,que são lições que vou levar para a vida”, testemunha João Vitor, de 14 anos.

Todas as terças e sextas-feiras, pela manhã e tarde, o Teatro Ednaldo do Egypto, em Manaíra, recebe quatro turmas gratuitas, do nível básico ao avançado, em aulas comandadas pelo diretor Bento Júnior, que, com mais de 30 anos de carreira, tem espetáculos como “O Auto da Compadecida” e “No Amor Somos Todos Reacionários” no currículo. O teatro-escola é mantido e administrado pela Secretaria de Educação e Cultura (Sedec) da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) e formou, só nos últimos dois anos, 110 novos atores.

Hoje, são 47 alunos no total, dos 13 aos 33 anos. Inicialmente projetado para atender apenas alunos da Rede Municipal, o curso atingiu tanta procura, que foi preciso abrir mais vagas para os demais interessados.

Teatro - Edinald do Egito (170)Nas vivências, todos passam por oficinas de marcação de cena, expressão corporal, dicção, tempo e respiração, e vão se aperfeiçoando no processo de evolução cênica, ao aplicar as técnicas de jogos teatrais baseadas na metodologia desenvolvida pelos dramaturgos Augusto Boal e pela americana Viola Spolin, e nos estudos didáticos para o teatro de Ingrid Koudela. As aulas começam em fevereiro e culminam com a apresentação de um espetáculo no dia 12 de dezembro.

O passo a passo – “Antes de começarmos qualquer trabalho, apresentamos um contexto histórico, dissertativo e teórico do teatro. Já na fase de laboratórios, criamos um ambiente de vivência para o ator em que a interpretação em si fica em segundo plano – o foco está em trabalhar as suas reações”, explica o diretor. “O laboratório é o momento de concentração na trama, com todo o manejo facial e corporal em jogo”, cita Alisson Júnior, de 17 anos, um gigante em cena talhado em apenas um ano de aulas. “Atuar me trouxe autoconfiança no trabalho em grupo e mais segurança em expressar as minhas opiniões”, aponta.

“Para medir o ritmo do aprendizado, não há idade ou época certa”, atesta Bento. “Rejeito aquela postura dos professores que escolhem trabalhar apenas com esta ou aquela faixa etária. Porque, no contexto da construção de um espetáculo, você lida com toda sorte de elementos e diferenças de idade que precisam estar amarradas – e cada pessoa tem o seu próprio ritmo”, completa. “Quando chega uma turma de iniciantes, a maioria tende a ficar intimidada. Mas, aos primeiros contatos com os outros atores, eles vão se soltando”, explica Hermano Queiroz, ator e coordenador do Ednaldo do Egypto. Ele conta que já chegou a atender o pedido de uma mãe em matricular a sua filha no teatro, preocupada com a timidez da menina nas aulas de Direito.Teatro - Edinald do Egito (70)

As vivências envolvem monólogos e trabalhos em duplas, trios e grupos maiores. “É interessante ter contato com vários elementos da literatura, do cordel e, principalmente, poder improvisar”, cita Carol Meireles, de 33 anos. “Falando como diretor, o mais gratificante é vê-los crescer como atores. Já do ponto de vista do cidadão, não há melhor experiência do que esta troca de energias, em que o aprendizado vai de mim para eles e volta deles para mim”, conclui Bento.