Doações de Leite Humano ajudam a salvar vidas de recém-nascidos no Instituto Cândida Vargas

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Rebeka Paiva

Foto Ivomar Gomes ICV (3)Até os seis meses de vida o bebê não precisa de nenhum outro alimento, para crescer e se desenvolver, além do leite materno. Mas, muitas vezes, a mãe não consegue produzir o leite necessário para o recém-nascido, por causa de um parto prematuro ou problemas de saúde. Por causa disso, essas mães e bebês precisam do auxilio de outras mães que doam o leite materno.

Na Rede Municipal de Saúde, o Banco de Leite Zilda Arns, que funciona no Instituto Cândida Vargas (ICV), ajuda a beneficiar principalmente os recém-nascidos prematuros, de baixo peso e que estão internados em Unidades de Terapia Intensiva, Unidades de Cuidados Intermediários e Método Canguru. Mas como o número de doações recebidas nesta época tem sido bastante inferior, o estoque do Banco está em baixa e isso tem preocupado os profissionais da maternidade.

Atualmente, o Banco de Leite Zilda Arns possui 15 doadoras internas e 20 doadoras externas. A coleta está em torno de 35 litros mensais. Com essa média é possível nutrir apenas 140 bebês, tendo um consumo médio de dois litros por dia. Um número muito baixo, segundo a coordenadora do Núcleo de Educação Permanente em Aleitamento Materno (Nepam), Bruna Grasiele.

“No momento nossa necessidade está sendo muito maior do que temos para ofertar, ou seja, nosso consumo está sendo maior do que o nosso coletado. Estamos tendo que entrar na nossa reserva já que bebês não param de nascer e precisam ser alimentados”, comenta Bruna Grasiele.

Devido ao baixo estoque de Leite Humano no Banco de Leite Zilda Arns, o ICV convoca e orienta as mães para a importância da doação de leite materno. “Apesar das campanhas e da mobilização social nosso número de doação e de doadoras tem caído bastante o que nos preocupa já que o número de nascimento de bebês prematuros tem aumentado, mais uma vez fazemos um apelo para que as mamães que estejam em condições sejam doadoras” diz a coordenadora do Nepam.

Instituto Cândida Vargas“É de extrema necessidade que as mulheres se sintam a vontade para serem doadoras e entendam que quando doam estão ajudando a salvar a vida de uma criança já que o leite produzido pelo organismo da mãe sacia a criança, pois possui a quantidade adequada de carboidratos, proteínas, gorduras e água, entre outros elementos para o desenvolvimento e proteção que o recém-nascido necessita. É importante destacar também que quando a mulher amamenta ela está estimulando seu organismo a produzir mais leite, ou seja, não é porque ela é doadora que vai faltar para o seu filho, pelo contrario, ela aumentará a produção” explica Bruna Grasiele.

Nutrientes – Nos primeiros dias após o parto, a mãe produz, em quantidades menores, um leite mais amarelado e mais grosso chamado de colostro. Depois de algumas semanas as mães começam a produzir o leite maduro, esse leite se apresenta com aspecto e composição diferentes do colostro, e contém proteína, lactose, vitaminas, minerais, água, gordura, todos os nutrientes que a criança necessita para seu crescimento e desenvolvimento até os seis meses de idade. Há também no leite materno vários componentes imunológicos que protegem a criança de inúmeras doenças.

Coleta e doação – Para ser doadora, a mulher deve estar com os exames atualizados e não possuir nenhuma doença transmissível.

O leite deve ser retirado depois que o bebê mamar ou quando as mamas estiverem muito cheias. Após realizar a higiene das mãos, antebraços e seios, a mãe deve realizar uma massagem suave e circular nas mamas. Em seguida colocar os dedos polegar e indicador no local onde começa a aréola (parte escura da mama), firme os dedos e empurre para trás em direção ao corpo, comprimindo suavemente um dedo contra o outro, repetindo esse movimento várias vezes até o leite começar a sair. É preciso desprezar os primeiros jatos ou gotas e inicie a coleta no frasco.

Armazenamento – Antes de ser preenchido com o leite, o recipiente deve ser lavado com sabão neutro e esterilizado em água quente por 15 minutos. Depois de colocado o leite, a doadora deve identificar o pote com seu nome, dia e hora da coleta e armazená-lo no congelador ou freezer. Na próxima vez que for retirar o leite, utilize outro recipiente esterilizado. O leite pode ficar armazenado no congelador por até 15 dias.

Recipiente – Os frascos utilizados como embalagem para leite humano ordenhado devem ser de vidro, boca larga, tampa plástica rosqueável, com volume de 50 ml a 500 ml, como os vidros de café solúvel e maionese, já que seguem as normas e pré-requisitos da Anvisa e Fiocruz para vidros de coleta de leite humano.

Para que a doação seja recolhida, as doadoras devem entra em contato com o Banco de Leite Zilda Arns, localizado no Instituto Cândida Vargas (ICV), que enviará uma equipe especializada à casa da doadora para fazer o recolhimento da doação. O telefone para contato é o 3015-1555.foto. Ivomar Gomes Pereira (86)

Método Canguru – Criado na Colômbia em 1979, o método Mãe Canguru é um modelo de assistência humanizada que atende, em sua maioria, as mães de recém-nascidos prematuros e de baixo peso, voltado para a melhoria da qualidade do cuidado. O bebê fica agarrado com sua mãe, pele a pele, durante a maior parte do tempo.

No Instituto Cândida Vargas (ICV), o método foi implantado há 15 anos, sendo a primeira maternidade na Paraíba a aderir à assistência humanizada para as mães dos bebês. Em maio deste ano, o Ministério da Saúde emitiu uma certificação atestando o ICV como Centro de Referência Estadual para o Método Mãe Canguru.

Instituto – No ICV são realizados aproximadamente 700 partos ao mês, filhos de usuárias de todas as partes do Estado. Referência em maternidade na Paraíba e considerado como um dos melhores hospitais na área no Nordeste, o instituto oferece desde acompanhamento pré-natal até um banco de leite, para os casos da mãe não conseguir amamentar.

Além de trabalhar na realização do parto, o ICV integra uma série de cuidados com a mãe e o recém-nascido. Para as mães que desejam ter seu filho de forma natural, há um programa de acompanhamento e preparação para o parto normal. Uma equipe com fisioterapeutas e psicólogos informa a mãe sobre pré e pós-parto e oferece um curso de primeiros cuidados com o bebê.