Doulas estimulam parto normal na rede municipal de saúde; cesáreas caem a 46%

Estímulo ao parto normal, redução do uso de medicamentos e diminuição de anestesias. Estes são alguns dos benefícios que o trabalho das doulas tem proporcionado às mulheres que chegam ao Instituto Cândida Vargas (ICV) para terem os seus bebês. De acordo com a diretora multiprofissional da maternidade, Lisieux Pires, a realização de cesáreas vem diminuindo no serviço. Em 2012, o índice chegava a 52,4% e, até outubro deste ano, o percentual baixou para 46%.

“Para nós, este é um dado muito significativo, e revela o empenho de toda a equipe do hospital para proporcionar às mulheres um parto humanizado, fortalecendo a política do parto natural”, afirma.

Uma parceria entre a Secretaria Extraordinária de Políticas Públicas para as Mulheres (SEPPM) e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) inseriu a partir de 2011 a presença das doulas no ICV. Neste período, mais de 600 mulheres já foram acompanhadas por estas profissionais, que são capacitadas em cursos e têm como função primordial oferecer um apoio físico e emocional às gestantes no trabalho de parto.

Amanara Bandeira participou da terceira turma do curso de doulas e conta satisfeita o trabalho que vem desempenhando na maternidade. “Nós acompanhamos as mulheres na sala de pré-parto e ficamos ao seu lado oferecendo todo o apoio que elas precisem para que o nascimento do bebê seja tranquilo e saudável”, explica.

Saúde – De acordo com Lisieux Pires, o parto normal traz benefícios para a saúde da mulher e para o bebê. “A recuperação é mais rápida, o risco de infecção e de perda de sangue são bem menores e, para o bebê, o vínculo entre ele e a mãe fica mais intenso e, logo após o parto, ele é acolhido e amamentado”.

Todos os partos de Maria Lúcia foram normais. Ela teve seu terceiro filho no Instituto Cândida Vargas e contou com o acompanhamento de uma doula. “Elas nos deixam mais confiantes e, apesar da dor, eu não me arrependo de ter tido meus filhos de parto normal. Amanhã já vou para casa e minha recuperação está sendo muito boa”, afirma.

Opção – Maria da Guia, 33 anos, conta que na primeira gestação estava bem nervosa, mas mesmo assim fez a opção de ter o parto natural. “A doula fez massagens, me ajudou com a respiração para que eu ficasse mais calma e me mostrou posições que fariam com que minha filha nascesse mais rápido”, diz.

O Instituto Cândida Vargas vai contar em breve com um centro de parto natural, um espaço que vai oferecer uma estrutura completa para as mulheres que optarem em fazer o parto normal, acompanhadas pelas doulas.

O Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) criaram normas para reduzir cirurgias desnecessárias, e a ANS está promovendo uma consulta pública para incentivar a redução de cesarianas entre consumidoras de planos de saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que apenas 15% dos partos sejam realizados por meio de procedimento cirúrgico.