Intérpretes de libras acompanham portadores de surdez na Rede Municipal de Saúde

Por - em 1071

DJoão Pessoa possui cinco intérpretes de libras exclusivamente para atendimento na rede municipal de saúde. Elas acompanham os usuários portadores de surdez em atendimentos nas unidades de saúde da família (USF) e também durante consultas e exames, além de realizar capacitações para profissionais da rede. Desde 1997, o Ministério da Saúde (MS) instituiu o dia 10 de novembro, como o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez. O objetivo é conscientizar a população sobre os cuidados para prevenir a perda auditiva.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) oferece ainda um serviço especializado para os surdos no Centro de Atenção Integral à Saúde (Cais) Cristo e por meio de parcerias com instituições como a Fundação de Apoio ao Deficiente (Funad), Fundação Pestalozzi, Associação de Deficientes e Familiares (Asdef) e a Associação Paraibana de Deficientes (Aspadef).

Com o auxílio da intérprete Eliene Ferreira, Josué Aprígio, de 37 anos, portador de surdez, ressalta a importância da presença de servidores com conhecimento de libras na rede municipal de saúde. “Muitos surdos precisam de ajuda na comunicação. É muito bom quando há um profissional na área que possui conhecimento da linguagem de sinais, principalmente nos atendimentos de urgência. O trabalho das intérpretes acompanhando os surdos e ensinando os profissionais da saúde está de parabéns”, comentou.

De acordo com Ulisses Cavalcanti, coordenador da área técnica da pessoa com deficiência da SMS, entre janeiro e outubro deste ano, já foram realizados 571 atendimentos, todos acompanhados pelas intérpretes. “Com a presença dos profissionais intérpretes no setor da saúde, já é perceptível uma sensibilização dos profissionais acerca da necessidade de inclusão dos surdos na rede de atenção à saúde”, ressaltou.

Ainda de acordo com o coordenador, as necessidades de saúde do surdo são as mesmas de um usuário ouvinte. “A qualificação de profissionais em Libras ou de um intérprete nas instituições de saúde, demonstram práticas inclusivas nos serviços garantindo acessibilidade e cuidado aos nossos usuários”, complementou.

“Há seis anos, na abertura do Cais Cristo, fui convidada a aprender a libras e comecei a atender os surdos dentro da unidade. É muito prazeroso trabalhar com este público, que muitas vezes não é conhecedor de informações básicas sobre saúde. Poder colaborar para o aumento do conhecimento deles e na qualidade do atendimento é uma sensação ímpar, não dá nem pra explicar”, destaca a intérprete e técnica de enfermagem Rosângela Lima.DSC01190

Com o auxílio da intérprete, Ednalva Taveira, Márcia Souza, que é surda, parabenizou o trabalho que é desenvolvido no Cais Cristo, que possui uma intérprete em tempo integral e as outras quatro interpretes que acompanham os surdos nos cinco distritos sanitários da Capital.

Formação – Além de acompanhar os surdos durante atendimento, as intérpretes também capacitam os profissionais da rede municipal de saúde. Atualmente 95 servidores já receberam a formação básica em libras. O curso tem o objetivo de formar e qualificar os profissionais da saúde na linguagem de sinais.

“Encerramos semana passada uma turma no Hospital Municipal Santa Isabel e pretendemos continuar nesse processo de educação ampliando para os demais serviços da rede, inicialmente com hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e posteriormente com Unidades Básicas de Saúde e Centros Especializados”, explicou Ulisses Cavalcanti.

Mãos que multiplicam saúde – O projeto “Mãos que Multiplicam Saúde” é uma iniciativa pioneira da Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa, na perspectiva de incluir a população surda nos serviços de saúde do município. Esse projeto é coordenado pela área técnica da pessoa com deficiência, sendo composto por cinco intérpretes de libras e tem como finalidade a difusão do conhecimento das libras, buscando o fortalecimento da rede de atenção à pessoa com deficiência, através da inclusão.

Semanalmente são desenvolvidas atividades educativas nos serviços de atenção básica e especializada, com foco na prevenção e promoção da saúde. Os intérpretes também participam de reuniões nos distritos sanitários, com o objetivo de sensibilizar as equipes sobre a inclusão dos surdos nos serviços de saúde. Nessas reuniões também há um espaço para divulgar e orientar sobre fluxos para o atendimento em saúde com o acompanhamento de intérprete.

Área técnica da pessoa com deficiência – A área técnica da pessoa com deficiência desenvolve ações de prevenção e identificação precoce de deficiências na infância e vida adulta. “Trabalhamos para ampliar o acesso e qualificar atendimento às pessoas com deficiência no Sistema Único de Saúde (SUS) de João Pessoa e contemplar as áreas de deficiência auditiva, física, visual, intelectual, ostomias e múltiplas”, frisou Ulisses Cavalcanti.