Marcenaria Escola capacita jovens e adultos para o mercado de trabalho

Por Fátima Sousa - em 1628

Cursode marcenariaescolar sedes cornelio felipe 025“Hoje eu vejo novos horizontes. Para mim, que há um ano vivia solto no mundo, estou me sentindo numa nova vida. Vou continuar vivendo com o que aprendi, hoje sou outra pessoa”. A afirmação do jovem Maycon dos Santos Pessoa, de 16 anos, revela que muito mais do que uma profissão, os alunos da Marcenaria-Escola, coordenada pela Secretaria do Desenvolvimento Social (Sedes) da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) aprendem a sonhar com novos horizontes.

Destinado a qualificação de jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, o curso de marceneiro reúne alunos com realidades e anseios parecidos. “Quero ser marceneiro e trabalhar por conta própria”, conta Joalisson Oliveira da Silva, 16, morador do Costa e Silva que todos os dias comparece as aulas que acontecem no Jardim Cidade Universitária. Apesar da distância, o jovem está otimista com o futuro promissor. “Vou terminar o curso, para isso tô me esforçando muito, prestando a atenção a cada passo. Gosto muito dos desenhos, mas fico mais animado quando é para cortar a madeira e dar forma ao objeto”, admitiu o jovem.

Elinaldo Santos do Nascimento, flanelinha, tem dois filhos, é usuário do Ruartes e também não esconde a satisfação da nova profissão. “Gostei muito do curso, fiz com muito sacrifício, mas valeu à pena. Agora tô pronto para o mercado de trabalho e com uma perspectiva de vida bem melhor. Vou seguir a vida como marceneiro”, ressalta.

No momento o curso funciona com 28 alunos, dos quais, seis mulheres. Uma delas é a dona de casa, Jeane Nunes Xavier. A aluna conta que tem três filhos pequenos e está desempregada. “Sou artesã em pintura em tecido, mas a renda é muito fraca. To Cursode marcenariaescolar sedes cornelio felipe 077correndo atrás das oportunidades e a marcenaria veio como uma bênção”.

Jeane acredita que juntando as duas artes, a oportunidade de vencer será maior. “Soube do curso através de uma amiga que veio se inscrever e me incentivou. Estou gostando muito, os professores são muito bacanas com a gente”, alegou.

Respeito e cidadania- Nos últimos cinco anos, a unidade já formou mais de cem pessoas. A maioria já se encontra no mercado de trabalho, de forma autônoma ou com carteira assinada. “Ninguém que sai daqui se perde, assegura José Vando, professor e coordenador do curso.

José Vando diz que o curso é de marcenaria básica. Segundo ele, muito mais do que aprender a construir móveis, a unidade oferece a oportunidade de pessoas completamente diferentes se vincularem numa relação de respeito e cidadania.

“Durante o curso, os alunos têm a oportunidade de vivenciar o universo da marcenaria. Aprendem a manipular os equipamentos e a fazer a leitura dos projetos interpretando desenhos técnicos e produzindo as peças, mas também são orientados à humanização”, destaca o coordenador.

Cursode marcenariaescolar sedes cornelio felipe 081Ele diz que, embora criada há nove anos, foi nos últimos cinco que a unidade passou à modalidade de capacitação e compromisso com o mercado de trabalho das pessoas em vulnerabilidade social.

Alunos de vários perfis – Lúcia Silva, diretora de Economia Solidária e Segurança Alimentar (Dessan), responsável pela execução da marcenaria, considera o trabalho um desafio da gestão. “É um desafio dentro da proposta de intersetorialidade. A cada curso concluído é uma emoção a mais para se comemorar”, considera.

Esse desafio, segundo a diretora, é retratado, sobretudo, na diversidade dos perfis dos alunos nos dois últimos anos. “Hoje a Sedes tem priorizado os usuários dos serviços sociais durante a seleção da demanda”, assinala.

As alunas e os alunos são referendados pelas Casas de Acolhimento (que acolhem pessoas em situação de rua e jovens que cumprem medidas socioeducativas); do Programa Bolsa Família, das Cozinhas Comunitárias e dos Centros de Referência da Cidadania e da Assistência Social (CRCs/CRAS)”, revela.

José Vando confessa que a opção pela diversidade de perfis o assustou um pouco no início. “Optamos por fazer o trabalho dentro da simplicidade de ações. A força destas pessoas contribui muito para a satisfação com o bom resultado do trabalho”, considerou.

As aulas do curso 2015 tiveram início no dia 4 de abril. A turma é formada por participantes na faixa etária de 16 a 55 anos, do sexo feminino e masculino, advindos de vários bairros da cidade. O curso teve início com a iniciação em desenhos, sob a orientação da design da marcenaria, Keline Serrão. “Aqui a teoria caminha com a prática e a aprendizagem flui”, diz o Cursode marcenariaescolar sedes cornelio felipe 209coordenador.

Funcão social e sustentabilidade-  O coordenador faz questão de lembrar a preocupação com a sustentabilidade e a função social da marcenaria. Segundo ele, a gestão tem estudado formas de otimizar seus resíduos sólidos e de fazer sua parte quanto à conscientização ao meio ambiente.

“Desde o ano passado estamos tentando exercer uma política sustentável, buscando sempre trabalhar com madeira certificada, colas e tintas que não agridam ao meio ambiente e conscientização nos processos de criação, produção e finalização”, destacou.

Quanto à função social, ele lembra que além da capacitação, os móveis criados durante as aulas e oficinas também cumprem a sua função social. “São aproveitados pela Prefeitura para o mobiliário dos equipamentos públicos”, destacou.