PASM trata casos de ideação suicida e distúrbios psiquiátricos agudos

Por Thadeu Rodrigues - em 8132

Casos de ideação suicida, distúrbios psiquiátricos em fase aguda e descompensação dos tratamentos psiquiátricos com aparecimento de sintomas patológicos agudos devem ser tratados no Pronto Atendimento de Saúde Mental (PASM), localizado no Complexo Hospitalar de Mangabeira Governador Tarcísio de Miranda Burity (Ortotrauma). O PASM é o único serviço municipal de urgência na Paraíba e também atende a região metropolitana de João Pessoa.

O coordenador do PASM, Jaceguai Martins, afirma que a reincidência dos pacientes é grande e que a atenção é maior nas repetições de tentativa de suicídio. “Os casos mais comuns de tentativa de suicídio ocorrem quando o indivíduo ingere medicamentos em excesso, tenta se enforcar ou se automutila”, afirma ele.

Conforme o Conselho Federal de Medicina (CFM), as chances de concretização do suicídio são seis vezes maiores para quem já tentou anteriormente. Um estudo do CFM mostra que, de cada 100 pessoas, 17 já pensaram em cometer suicídio e uma chega a tentar.

O acesso ao serviço é por demanda espontânea, geralmente da família, ou por encaminhamento dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) ou dos Centros de Atenção Integral à Saúde (Cais), quando observa-se que o indivíduo oferece risco à sua vida ou à de terceiros. A internação pode ser voluntária ou involuntária (por decisão da família ou judicial).

Tratamento – Ao ingressar no PASM, o paciente é avaliado por uma equipe multidisciplinar, que envolve psicologia, serviço social e enfermagem. O médico avalia o paciente para descobrir quais são suas disfunções psíquicas e dar as orientações necessárias do tratamento terapêutico e medicamentoso.

Normalmente, o paciente fica internado por um período de 72h, até que fique estabilizado. Se a situação não for resolvida após a internação, o paciente é regulado para um hospital psiquiátrico credenciado pelo SUS. Em João Pessoa há o Instituto de Psiquiatria da Paraíba (IPP) e o Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira. Quando o paciente é estabilizado, ele é encaminhado a fazer ou retomar tratamento nos CAPs ou Cais.

O apoio da família na vivência do paciente é essencial, mas os familiares também precisam de acolhimento e orientação. “O trabalho é feito pelo serviço social, a psicologia e psiquiatria. São dadas orientações sobre a patologia do paciente, importância do tratamento e do uso da medicação”, explica Jaceguai Martins.

Maria C. é uma das pacientes recorrentes do PASM. Seu atendimento mais recente foi após jogar todos os seus medicamentos no lixo. “Eu vim para cá porque estou ficando nervosa, e preciso me acalmar”, conta a paciente, que faz tratamento em um CAPS. O irmão dela, João C., conta que é importante haver o serviço de internamento emergencial. “Ajuda muito nossa família”, afirma ele.

Estrutura – O PASM possui oito leitos (quatro masculinos e quatro femininos) em duas enfermarias, uma sala comunitária e o refeitório dos pacientes, onde há livros e TV. Após uma reforma, o PASM inaugurou uma sala multiprofissional, com o nome do professor Doutor Humberto Vicente de Araújo, para homenagear o profissional, que é referência na psiquiatria.

O espaço é destinado ao atendimento das famílias dos pacientes, reuniões de discussão de casos pela equipe junto aos preceptores de residentes credenciados pelas faculdades, e realização de eventos, como o I Simpósio sobre emergências psiquiátricas, que ocorreu em setembro. A reforma também contemplou a parte hidráulica, elétrica, pintura e troca de portas do prédio do PASM.

Álcool e drogas – Quem tiver feito uso de álcool ou drogas e tem um quadro clínico, é atendido na urgência clínica do Ortotrauma e passa por um processo de desintoxicação. Caso haja o aparecimento de algum sintoma de distúrbio psiquiátrico, a equipe do PASM é chamada para atendimento. O paciente já desintoxicado e compensado é encaminhado para a rede – CAPs AD (álcool e droga) ou ambulatório nos Cais.

O mesmo é válido para o paciente psiquiátrico com alguma patologia clínica. Ele é atendido primeiro na clínica médica e passa pelos mesmos procedimentos que qualquer paciente com quadro clínico igual. Em seguida, conforme a evolução dele, será feito o atendimento psiquiátrico ou o encaminhamento para CAPs, Cais ou hospitais psiquiátricos.