PMJP é única na Paraíba a realizar implante coclear por meio do SUS

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A Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) comemora um ano da implantação de um serviço pioneiro no sistema público de saúde da Paraíba: o implante coclear. Trata-se de uma cirurgia para a instalação de um aparelho auditivo capaz de devolver, gradativamente, a audição aos que a perderam. Pela PMJP, já foram realizadas 12 cirurgias e outros seis procedimentos estão em andamento. Atualmente, a PMJP é a única a disponibilizar o serviço em toda a Paraíba.

Considerado um processo cirúrgico de alta complexidade, o implante coclear é realizado no Hospital Santa Isabel pela equipe do otorrinolaringologista Marcos Franca, que também conta com a fonoaudióloga Cristiane Baracuhy. De acordo com o médico, cada paciente custa para a PMJP em torno de R$ 70 mil.

“O número de cirurgias que realizamos é alto, e a meta é que suba ainda mais”, disse o otorrinolaringologista Marcos Franca. Segundo ele, é um procedimento complexo, que requer acompanhamento em longo prazo. Além da cirurgia, o paciente é monitorado durante o ano para que se adapte ao retorno da audição. “O aparelho tem a função de um ouvido biônico com a capacidade de restabelecer de forma total a comunicação dos pacientes”, acrescentou.

O funcionamento do implante coclear difere do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI). O AASI amplifica o som, enquanto o implante coclear fornece impulsos elétricos para a estimulação das fibras neurais remanescentes em diferentes regiões da cóclea, possibilitando ao usuário a capacidade de perceber o som.

Etapas – Por ser um processo cirúrgico considerado de alta complexidade, o acompanhamento dos pacientes se dá em três etapas. Primeiro, eles são encaminhados ao Hospital Santa Isabel por médicos do Programa de Saúde da Família. De imediato, há uma avaliação inicial da fala, que funciona como um exame pré-cirúrgico. Já no momento da cirurgia, que também é acompanhada pela fonoaudióloga, é feita a inserção dos eletrodos, que funcionarão como um ouvido artificial.

O acompanhamento pós-cirúrgico dos pacientes é realizado por uma equipe interdiscidisciplinar, em retornos periódicos para avaliação otorrinolaringológica, mapeamento e balanceamento dos eletrodos, audiometria em campo livre, testes de percepção de fala e orientação fonoaudiológica.

Pacientes satisfeitos – A maioria dos pacientes atendidos pela equipe da PMJP perdeu a audição ao longo da vida. “O desafio é fazer com que eles voltem a se adaptar à vida com sons, pois o cérebro esqueceu a função auditiva”, disse a fonoaudióloga Cristiane Baracuhy.

A dona de casa Danielle Rodrigues fez o implante há quatro meses e define a experiência como “o implante da alegria”. Segundo a paciente, é um processo muito gratificante, que devolve a possibilidade de executar com normalidade as atividades do cotidiano. “Passei cinco anos sem audição e à espera de um aparelho auditivo, até que soube do projeto da PMJP. Depois da cirurgia, tudo na minha vida melhorou; a relação com meus filhos e o meu humor são outros”, disse.

Submetida há dois meses ao processo cirúrgico, a secretária Fátima Alves ressaltou a eficiência no trabalho como um dos pontos mais positivos de ter se submetido ao transplante coclear. “É uma situação muito desgastante você poder ouvir e, ao longo da vida, perder a audição. Esse projeto trouxe de volta a minha alegria e a minha vontade de fazer bem minhas atividades”, acrescentou.

Funcionamento – O componente interno é inserido no ouvido por meio do ato cirúrgico, e é composto por uma antena com um imã, um receptor estimulador e um cabo com filamento de múltiplos eletrodos, envolvido por um tubo de silicone fino e flexível.

O componente externo é constituído por um microfone direcional, um processador de fala, uma antena transmissora e dois cabos. A sensação auditiva ocorre em fração de segundos. Todo o processo começa no momento em que o microfone presente no componente externo capta o sinal acústico e o transmite para o processador de fala, por meio de um cabo.