Prefeitura leva cultura e educação a estudantes através da arte

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Moradora do bairro São José, duas vezes por semana, faça chuva ou sol Maria de Socorro acorda cedo, apronta o almoço, arruma o casal de filhos e os acompanha até o Centro de Arte e Cultura Municipal, em Manaíra, local onde a dona de casa se enche de esperança ao ver os filhos se dedicando à teledramaturgia, fugindo da ociosidade e dos vícios. Todo o esforço é para que os gêmeos de nove anos não tenham o mesmo destino que o seu primogênito.

“Há dois anos me vi sem chão, recebendo a pior e a notícia que mudou para sempre minha vida. Meu menino com apenas 19 anos, morto a tiros por envolvimento com o tráfico de drogas. Carrego essa dor, mas agora vivo uma nova realidade. Tive a oportunidade de matricular meus filhos no curso de teatro, onde eles têm acesso à educação e cidadania. Tenho fé que com esse apoio o futuro deles vai ser promissor”, disse emocionada a mãe de Luíz Augusto e Josélia, alunos do 4º ano da escola municipal Seráfico da Nóbrega.

Há pouco mais de um ano, o casal de gêmeos conheceu o Ednaldo do Egyto, espaço mantido pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), através da Secretaria de Educação e Cultura (Sedec), que oferece cursos para o alunado e a comunidade, facilitando o acesso à cultura e a arte.

O teatro funciona como anexo das escolas municipais, promovendo cursos de arte para o alunado. “O equipamento reforça o foco da instituição de ensino de formar cidadãos responsáveis, que tenham competências sociais, intelectuais e culturais”, disse o secretário de educação e cultura, Luís Souza Júnior.

O educador teatral, Alberto Black explica que o curso oferece uma metodologia dinâmica, fortalecendo e estimulando a leitura e o entendimento de texto dos participantes, o que reflete e contribui para a educação formal, buscando aproximar ao máximo o aluno de sua realidade.

“Quero ser ator de cinema. Não vou desistir do sonho, que está começando neste palco onde aprendo desde técnicas, até a atuação. Eu fico torcendo para chegar terça e quinta-feira, quando temos aulas”, relata empolgado Luíz Augusto Alves, que bate texto e tira dúvidas com a irmã, que também se dedica muito e depois de um teste, vai protagonizar a Paixão de Cristo da escola.

“Nossa, já posso imaginar o dia da apresentação. Fico com as mãos tremulas e o coração acelerado, mas dou meu melhor. Adoro atuar”, contou com satisfação, a estudante Josélia Alves.

O professor de teatro esclarece que as crianças e adolescentes aprendem desde o contexto histórico, até a montagem teatral, passando por figurino, adereço, sonoplastia, sempre mesclando teoria e prática.

“A garotada fica encantada com este universo e bem ansiosa para as apresentações. E, quando as peças teatrais são elaboradas, cada papel é pensado para que o aluno possa refletir sobre as práticas do dia a dia, primando pelo respeito e amor ao próximo”, concluiu Bento Júnior.

Centro de Arte e Cultura Municipal – Fundado em 27 de março de 1995, data em que é comemorado o Dia Mundial do Teatro, o espaço teatral faz jus ao fundador, o ator, diretor e dramaturgo Ednaldo do Egypto.

O espaço oferta além de cursos, projetos de inclusão que leva a cultura e a arte ao alunado da rede municipal de forma incisiva. Mensalmente é feito um roteiro, para que os estudantes das unidades de ensino e dos Centros de Referência em Educação (Creis) visitem o teatro, através do ‘Projeto escola vai ao teatro’, e também os espetáculos vão até as instituições, por meio do ‘Projeto teatro vai à escola’.

“A intenção do projeto é fazer com que o aluno vivencie o processo artístico, sem ter a preocupação de formá-lo como artista, aliando o estudo, a educação e arte”, disse o diretor do teatro Hermano Queiroz.

No local é ainda facilitado o acesso aos grupos e companhias de teatro da cidade, ONGs e outras instituições filantrópicas.

Comemoração – O Dia Mundial do Teatro, criado em 1961 pelo Instituto Internacional do Teatro (ITI), é celebrado todos os anos pelos centros nacionais do ITI e pela comunidade teatral em todo o mundo.

A origem do teatro pode ser remontada desde as primeiras sociedades primitivas, em que se acreditava no uso de danças imitativas como propiciadores de poderes sobrenaturais que controlavam todos os fatos necessários à sobrevivência (fertilidade da terra, casa, sucesso nas batalhas, etc). Essas danças também possuíam um caráter de exorcização dos maus espíritos.

O teatro, portanto, em suas origens tinha um caráter ritualístico. Com o domínio e o conhecimento do homem em relação aos fenômenos naturais, o teatro vai deixando suas características ritualistas, dando lugar às características mais educacionais. Ainda num estágio de maior desenvolvimento, o teatro passou a ser o lugar de representação de lendas relacionadas aos deuses e heróis.