Prefeitura oferece serviço para quem deseja parar de fumar

Por - em 1866

??????????????????????“Fumei pela primeira vez quando tinha 13 anos e gostei. Arrependo-me muito desde aquele dia, pois quero deixar o vício e não consigo.” Esse é o relato da dona de casa Maria José Gomes da Cruz, autônoma, que há mais de 30 anos, possui o vício do Tabagismo. Mesmo sendo os seus pais usuários assíduos do cachimbo, ela informa que isso nunca a influenciou “eu não experimentei por que os meus pais usavam, eu simplesmente estava com uma amiga e ela me ofereceu”, disse a autônoma que apesar de saber do serviço oferecido gratuitamente pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) para tratamento do vício, ainda não buscou ajuda.

Segundo ela, seus pais não sabiam da situação. Ela usava o cigarro longe de sua residência na casa de uma vizinha. Atualmente, ela fuma cerca de 10 cigarros por dia e diz não ter tempo para procurar tratamento. “Eu trabalho muito e tenho muitas obrigações por isso não tenho tempo de procurar ajuda”, ressaltou Maria.

Maria José faz parte dos mais de 20 milhões de brasileiros que se declararam fumantes. Dados da Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa informam que, na Capital, existem cerca de 90 mil pessoas que usam a droga lícita. D R T . R J .  15855.

Segundo o último levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) divulgado em 2012, o consumo de cigarros caiu 20% no Brasil. Tendo evidenciado que 15,6% dos brasileiros se autodeclararam fumantes. A primeira pesquisa, realizada em 2006, relatou que 19,3% da população utilizavam a droga.

Serviço especializado – Para prestar assistência às pessoas que possuem o vício do cigarro, a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) dispõe de um serviço especializado para o tratamento do tabagismo. O serviço é realizado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) nos Centros de Atenção Integral a Saúde (Cais).

Ao chegar à Unidade de Saúde da Família, o usuário que procura largar o vício, será encaminhado às Unidades de Referência que realizam o serviço, os Cais, localizados nos bairros de Jaguaribe, Cristo e Mangabeira, no Centro de Saúde de Mandacaru e no Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas (Caps AD).

Dia-nacional-contra-tabagismo-15-03-2011-031Chegando a um desses locais, todos os interessados são submetidos a uma triagem, onde são colhidas todas as informações do paciente e realizados exames, inclusive o Raio X e o teste de Fargeström, realizado para medir o grau de dependência química do fumante através de um questionário.

Segundo a técnica em doenças e agravos não transmissíveis da Secretaria Municipal de Saúde Niviane Ribeiro, esses exames irão evidenciar qual tipo de intervenção deve ser utilizada no tratamento. “Como o tratamento envolve diversas áreas de atuação como medicamentos e abordagem emocional, nós precisamos conhecer bem o paciente”, disse Niviane.

No que se refere à medicação, o médico pneumologista da Secretaria Municipal de Saúde, Sebastião Costa, relata que os utilizados no tratamento vão desde gomas de mascar produzidas à base de nicotina e adesivos para casos mais leves de dependência, até medicação psicotópica para os casos mais graves. Segundo o especialista, essas ferramentas podem ser usadas em conjunto. “Em alguns casos, nós temos que associar as ferramentas para aumentar as chances de melhoria no tratamento. Uma das formas é a goma de mascar em conjunto com o adesivo, por exemplo,”, disse Sebastião. Tabagismo_Ivomar Gomes (1) (1)

Segundo o pneumologista, como a dependência causada pelo tabagismo envolve as áreas física e psicossocial, é preciso trabalhar essas duas vertentes no tratamento. “Muitas pessoas começam a utilizar a droga por conta de frustrações do dia a dia. Isso precisa ser levando em conta na hora de fazer as orientações”, explicou Sebastião Costa.

Inicialmente, o usuário é acompanhado semanalmente por 90 dias. Após o término desse período, o paciente continua sendo monitorado por um ano. As atividades realizadas no primeiro momento abordam tanto o lado físico como o psíquico do participante. “nós realizamos trabalhos que atuam na área cognitiva- comportamental isso se dá através de rodas de diálogo, aulas de relaxamento e muito mais”, relatou Niviane.

Durante os encontros, os participantes podem usufruir de uma equipe técnica multiprofissional composta, dentre outras especialidades, por médicos, farmacêuticos e psicólogos.

Outra ferramenta utilizada no acompanhamento são livros que o participante tem acesso durante todo o ciclo. Sendo um por encontro. Cada reunião dura cerca de três horas.

D R T . R J. 15855Um caso interessante é o da dona de casa Ezita Valério da silva de 55 anos. “Quando eu era pequena, meu pai me mandava acender o cigarro pra ele e isso deve ter sido o motivo pelo qual eu fiquei viciada.” Ela conta que frequentou o serviço no Cais de Jaguaribe e isso foi fundamental para ela conseguir largar o vício.

“Eu tentei várias vezes largar o cigarro sem a ajuda de ninguém, mas não consegui. Até que eu e uma amiga minha, que também fumava, resolvemos procurar ajuda na Unidade de Saúde do bairro e fomos encaminhadas ao Cais”, relatou Ezita.

“Eu seguí em frente porque eu realmente queria parar de fumar, pois quando eu consumia o cigarro, percebi que sentia um desconforto na garganta e tinha medo de ser câncer” conta ela.

Para auxiliar no tratamento, a ex-fumante utilizou diversas ferramentas para poder alcançar o seu objetivo. “com o passar do tempo, eu utilizei o adesivo e depois o médico pneumologista me deu uma medicação. Tive resultado rapidamente”, explicou a dona de casa.

Atualmente, Ezita está há quase dois anos sem fumar e não tem mais o desejo de usar a droga “aquele ano em que passei no grupo de tratamento do tabagismo foi um momento crucial na minha qualidade de vida. Hoje eu posso dizer que estou livre do vício”, disse a ex-fumante.

O pneumologista da Secretaria Municipal de Saúde informa que o efeito do cigarro no metabolismo feminino é diferente quando comparado com o masculino. “As mulheres possuem mais dificuldade em largar o vício, pois elas possuem oscilações hormonais que acabam mexendo em seu emocional, deixando-as mais propensas à ansiedade e depressão. Com isso, elas acabam fumando mais. Segundo estudos publicados em congressos, a proporção entre homens e mulheres que conseguem parar de fumar está de Foto Mazinho Gomes (26)três para duas”, explicou o especialista.

Caso o usuário, ao concluir o cronograma de atividades volte a fumar, a técnica da Secretaria Municipal de Saúde informa que o mesmo será submetido a um novo tratamento. Dessa vez, com outro tipo de abordagem. As avaliações de desempenho acontecem trimestralmente.

Participação da família – Desde sua criação o Programa de Tratamento do Tabagismo já atendeu mais de 1600 pessoas. Entre os anos 2007 e 2014, o número de usuários atendidos pelo programa que largaram de modo definitivo a droga teve um aumento de 37,5%.

A participação da família no tratamento é de suma importância, informa a técnica da SMS. Esta ferramenta aumenta consideravelmente o índice de aproveitamento e aceitação das atividades por parte do usuário.

“Nós tivemos um caso de uma esposa que levou seu marido para conhecer o ambiente onde eram realizadas as reuniões sem que ele soubesse que se tratava daquilo. Chegando lá, diante de todo o grupo, ela relatou que o seu sonho era que ele abandonasse o vício. Ele ficou emocionado com a situação, encarou o tratamento e parou de fumar”, pontuou Niviane.

Segundo ela, durante as reuniões, é possível perceber que muitos participantes necessitam de apoio psicológico. “Muitos deles reclamam da vida, do stress no trabalho e da falta de reconhecimento”, alertou a profissional.

Outro aspecto interessante apontado por ambos especialistas é o uso do tabaco em ambientes domésticos. Sobre esse assunto, o pneumologista explica que já existe uma corrente de pensamento que busca estender a política de controle do tabagismo para o domicílio. “Os fumantes não imaginam a quantidade de problemas que trazem para o seu lar ao acender um cigarro dentro da sua residência. Por exemplo: pessoas que possuem crises respiratórias como rinite e asma, sofrem bastaste com a fumaça”, disse o pneumologista.

Quando o assunto é fumante passivo, Niviane Ribeiro relata o ideal é evitar ficar próximo a pessoas que estão fumando. Pois as substancias provenientes do cigarro demoram bastante para sair dos ambientes.

No que se refere ao tabagismo em crianças e adolescentes, a orientação de ambos especialistas para os pais é que, para evitar esse tipo de complicação, o ideal é sempre manter um diálogo aberto com os filhos.

Para reduzir os efeitos do cigarro, especialistas recomendam que o fumante procure desenvolver um cotidiano ativo. Incluindo a prática de atividades físicas e alimentação balanceada.

Dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia informam que a maioria dos fumantes busca tratamento apenas quando surgem os primeiros sinais de complicações inerentes a droga. Estando com idades entre 40 e 60 anos.

Doenças- O cigarro é composto por cerca de 4720 substâncias tóxicas. Segundo o pneumologista da Secretaria Municipal de Saúde, Sebastião Costa entre as principais doenças causadas pelo fumo, destacam-se o câncer de pulmão, enfisema pulmonar, infarto e doenças coronarianas como a angina. “De cada 100 pessoas que desenvolvem câncer no pulmão, 90, são fumantes ativos. Dos que restaram, quatro consomem a droga passivamente. Especialistas alertam que o uso da droga também causa impotência sexual.

Lei Antifumo- A lei 12.546 conhecida como lei antifumo, válida em todo o País, proíbe o uso do cigarro em ambientes fechados públicos e privados, isso inclui clubes, bares e restaurantes. Por meio desta lei, também fica proibido qualquer tipo de propaganda que induza ao consumo do tabaco. As sanções impostas aos ambientes que descumprirem a legislação incluem multa e fechamento do estabelecimento.

 

Onde buscar ajuda:

Serviços de Referência da Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa com o Programa de Tratamento do Tabagismo.

Centro de Atenção Integral à Saúde (CAIS) Cristo.

Endereço: Rua Olívia de Almeida Guerra, s/n, Cristo

Telefone: 3214-2623

Centro de Atenção Integral à Saúde (CAIS) Mangabeira.

Endereço: Rua Romário C. de Morais, s/n, Mangabeira I

Telefone: 3213-1909

Centro de Atenção Integral à Saúde (CAIS) Jaguaribe

Endereço: Rua Alberto de Brito, s/n, Jaguaribe

Telefone: 3214-4075

Centro de Saúde de Mandacaru

Endereço: Rua Mascarenhas de Moraes, s/n, Mandacaru

Telefone: 3214-7143