Rede Municipal de Saúde oferta assistência em diversas especialidades de Saúde Mental

Por Rebeka Paiva - em 2373

 

Rebeka Paiva

“Eu era muito violento, queria bater em todo mundo então as pessoas me excluíam de tudo, eu sofria muito preconceito, agora eu sei que estou bem melhor porque as pessoas não me ignoram mais, elas me tratam como alguém como elas”, conta Michel Queiroz, de 14 anos, que foi diagnosticado com esquizofrenia e psicose aos nove anos de idade. Há três anos ele frequenta o Caps i – Cirandar, um serviço da rede pública de saúde voltada a pessoas com transtornos mentais.

Histórias como a de Michel é uma realidade na vida de diversos pessoenses. Com o intuito de prestar assistência à população, a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), por meio da Secretaria Saúde (SMS), disponibiliza de quatro Centros de Atenção Psicossocial (Caps), que são instituições destinadas a acolher pessoas com transtornos mentais e persistentes ou que fazem uso abusivo de substâncias psicoativas. Esses centros substituem a internação psiquiátrica, buscando a reinserção social através do tratamento, uma política defendida pelo Ministério da Saúde através da portaria 10.216/2001 que diz respeito à reforma psiquiátrica.

“O CAPS é um serviço substitutivo, que presta atendimento a pessoas com grave sofrimento psíquico, ou uso abusivo de álcool e outras drogas, buscando amenizar e tratar as crises para que estas pessoas possam recuperar sua autonomia e se reinserir nas atividades cotidianas além de possibilitar que seus usuários voltem para casa todos os dias evitando a quebra nos laços familiares e sociais, fator muito comum em internações de longa duração”, explica Janaina D’Emery, coordenadora da área de saúde mental do município.

Janaina explica, ainda, que para ser atendido, a família ou o próprio paciente podem procurar diretamente os serviços ou ser encaminhado por alguma Unidade de Saúde da Família (USF). “Após o primeiro contato, feito através de triagem, o usuário é encaminhado para o tratamento mais adequado, seja no Caps ou em outro serviço da rede municipal de saúde, onde receberá todos os cuidados necessários. Qualquer pessoa, desde que resida no município, pode usufruir do serviço e o tratamento é ajustável de acordo com as necessidades do usuário”.

foto. Ivomar gomes Pereira (29)No centro, o paciente recebe acompanhamento médico e psicológico, além de participar de oficinas, grupos terapêuticos, atividades esportivas e culturais que procura integrá-los em um ambiente social e cultural junto às famílias. Uma equipe multiprofissional acompanha de perto os usuários para garanti-los a responsabilização e ao protagonismo em toda a trajetória do seu tratamento.

Jocasta Tavares é uma das enfermeiras que trabalha no Caps Gutemberg Botelho, para ela o trabalho é diferente do que exercia em hospitais e beneficia não apenas os usuários, mas os profissionais também. “Quando comecei a trabalhar na com saúde mental eu não tinha experiência nenhuma na área, estava acostumada com a enfermagem mais tradicional, mas bastou conhecer um pouco que me encantei. Nosso trabalho aqui vai muito além que estava acostumada, aqui criamos um vínculo afetivo com os usuários que é o que muitas vezes ajuda no tratamento deles, ser enfermeira aqui é algo que vai além do que aprendemos na faculdade”, conta a enfermeira.

Na capital, são disponibilizados quatro centros de atendimento psicossocial, uma unidade de acolhimento infantil e duas residências terapêuticas, além do pronto atendimento de saúde mental (Pasm) e leitos em hospitais gerais que fazem parte da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) e funcionam de acordo com a Política Nacional de Saúde Mental.

Alguns centros, como o Cirandar e o AD, oferecem apoio psicológico e oficinas artesanais com assistentes sociais aos acompanhantes e familiares dos usuários. Letícia Queiroz, mãe de Michel, é uma das beneficiadas por essa atenção diferenciada.

“Esse atendimento é fundamental para a gente que é mãe, porque não é uma coisa fácil, ter um filho numa situação como essa é algo bem complicado e geralmente não sabemos como lidar. Quando descobri o problema de Michel não quis aceitar e não sabia o que fazer, achava que bater nele era a solução, só depois que chegamos aos Caps passei a entender o transtorno e foi através de conversas com a psicóloga que aprendi como cuidar, como agir, o que fazer em todas as situações que envolvem meu filho”, comenta a dona de casa.

CAPS III – Gutemberg Botelho é o responsável pelo atendimento e tratamento de transtornos mentais severos e persistentes ofertando acolhimento, tratamento com medicamentos, atividades comunitárias, oficinas culturais e visitas domiciliares. Funciona 24 horas, possui seis leitos, masculinos e femininos e chega a 100 atendimentos por dia. Atualmente são 600 usuários em tratamento e mais de 2.000 cadastrados nos serviços. Os casos mais frequentes são de esquizofrenia e bipolaridade.

CAPS AD – Rangel é o centro de atendimento e tratamento de portadores de transtornos mentais decorrentes do uso e dependência do álcool e outras drogas, oferecendo atendimento à desintoxicação leve, oficinas terapêuticas e culturais, atendimentos domiciliares e assistência individual psiquiátrica e psicológica. Atualmente são cadastrados 1758 usuários, sendo 858 ativos. Diariamente a unidade chega a atender 69 pacientes. O centro conta com 10 leitos, masculinos e femininos, para desintoxicação leve, com assistência 24 horas.

CAPS i – Infanto Juvenil Cirandar é o centro de atendimento e tratamento de crianças e adolescentes que apresentam transtornos psicóticos, neuróticos e usuários de substancias psicoativas ofertando atividades socioculturais, comunitárias e terapêuticas, visitas domiciliares e tratamento com medicamentos. São 420 cadastrados e uma média de 350 atendimentos mensais. As crianças ficam no Caps e recebem o tratamento no horário oposto ao da escola para que a educação não seja prejudicada.

CAPS Caminhar – atende e trata os portadores de transtornos mentais ofertando tratamento com medicamentos, atividades comunitárias, oficinas culturais e visitas domiciliares. Atualmente, são 469 usuários ativos sendo atendidos diariamente 60 pacientes. Na unidade, que possui seis leitos de observação, são cadastradas mais de 1660 pessoas.

Pasm – O município também conta com o Pronto Atendimento em Saúde Mental (PASM), para pacientes que necessitam de atendimentos de urgências e emergências psiquiátricas, no Complexo Hospitalar de Mangabeira. A unidade funciona 24 horas e é referência no atendimento a surtos psicóticos, uso compulsivo ou abstinência de álcool e outras drogas, ideação e tentativa de suicídio, ansiedade e depressão aguda.

Endereços e Serviços

CAPS Caminhar (transtornos mentais graves e persistentes)
Endereço: Rua Paulino Santos Coelho, s/n, Jardim Cidade Universitária.
Telefone: 3218-7008

Horário de atendimento: 24h

CAPS III – Gutemberg Botelho (referência em atender adultos com transtornos mentais graves, severos e persistentes)
Endereço: Rua Minas Gerais, nº 409, Bairro dos Estados
Telefone: 3211-6700

Horário de Atendimento: 24h

CAPS AD – Rangel (álcool e outras drogas)
Endereço: Rua José Soares, s/n, Rangel.
Telefone: 3218-5244

Horário de Atendimento: 24h

CAPS i – Infanto Juvenil Cirandar (transtornos mentais, álcool e outras drogas)
Endereço: Rua Gouveia Nóbrega, s/n, Róger.
Telefone: 3214-6079
Horário de Atendimento: 8h às 17h

PASM (Complexo Hospitalar de Mangabeira – Ortotrauma)
Endereço: Rua Agente Fiscal José Costa Duarte, s/n, Mangabeira II.
Telefone: 3218-9725 / 3218-9727
Horário de Atendimento: 24h