Robótica e inclusão fazem a diferença na vida de estudantes da rede municipal de ensino
O pocoyo conta a história de um menino curioso, amigável e engraçado que adora brincar e explorar o mundo ao seu redor. Motivado por esses ideais, um professor de robótica da Secretaria Municipal de Educação (Sedec) desenvolveu a elefanta Elly, um dos personagens da narrativa do pocoyo. O robô foi desenvolvido com o objetivo de atrair alunos com autismo, paralisia cerebral e outras deficiências para aula de robótica.
Ex-aluno da rede municipal e atual professor da Escola Municipal Américo Falcão, no bairro do Cristo Redentor, onde estudou durante a infância, Josimar Betoldo é um docente cuja característica principal é a compaixão: capacidade de se colocar no lugar do outro. Um servidor que não se limita ao mero exercício do trabalho, mas que busca inspiração para ensinar com amor.
Professor de robótica e monitor de informática da rede municipal desde 2011, Josimar Betoldo já participou de várias competições nacionais e internacionais e conquistou muitos prêmios, como a XIX Copa do Mundo de Robótica, a RoboCup, na China e as Olimpíadas Nacionais de Robótica, mas sempre teve o desejo de trabalhar com crianças com deficiência.
“Desenvolver a Elly foi uma emoção muito grande. Quando eu vi os alunos interagindo, os meus olhos brilharam, fico arrepiado só em falar. Minha maior emoção foi saber que Sofia (aluna com paralisia cerebral) chegou em casa falando da elefanta e a sua mãe veio no dia seguinte conhecer o projeto. Isso é o mais gratificante da profissão”, contou emocionado Josimar Betoldo.
Ainda de acordo com o professor, o projeto utilizou as cores para atrair os alunos com deficiência e tem como objetivo inserir o robô nas atividades de sala de aula, como através da leitura. “No pocoyo, a Elly é uma elefanta toda cor de rosa, mas resolvemos criá-la com mais cores para aumentar a interação com o robô. Muitos alunos com autismo tinham dificuldade de concentração e agora estão interagindo bem mais. A Prefeitura tem investido cada vez mais na área de robótica enquanto instrumento pedagógico e isso nos deixa muito feliz”, destacou Betoldo.
Gratidão. Esse o sentimento que os pais de Sofia, Natércia dos Anjos Melo e Francisco Lourenço sente ao ver a filha interagindo com a Elly. Sofia é estudante da 1ª série da Escola Municipal Américo Falcão, tem sete anos e nasceu com paralisia cerebral.
“Sofia chegou em casa falando de uma elefanta e eu fiquei sem entender nada. Achava que podia ser um brinquedo novo na escola. Então, fui lá conhecer. A Elly, era algo a mais que uma simples elefanta, era o desejo da minha filha em ir para escola. Para meu espanto não era um brinquedo, era um robô. Fiquei extremamente feliz em saber que o professor de informática a criou para interagir mais com inteligência de Sofia”, contou Natércia.
Segundo Natércia, Sofia tem se desenvolvido mais após a criação do robô Elly. “Sofia melhorou a concentração e também o relacionamento com os outros coleguinhas da escola”, disse. Ela ainda completou ressaltando a importância da participação dos pais no ambiente escolar. “Os pais tem que participar da educação dos filhos, esse não é um dever exclusivo da escola. É preciso entender as dificuldades e a motivação das nossas crianças. Isso irá ajudá-los em todas as etapas da vida”, concluiu.
A diretora da Escola Municipal Américo Falcão, Wellingta Magnólia Lacerda, ressaltou o uso da robótica enquanto instrumento pedagógico. “Antes a robótica era trabalhada muito voltada para as competições e claro que considero isso valiosíssimo, mas nosso desejo era que ampliássemos a robótica para todas as crianças da escola e utilizássemos como recurso para as crianças que apresentam limitações. E fomos fazendo esse trabalho de inclusão. Este ano fomos presenteados com a vinda do professor Josimar que entendeu o nosso objetivo. Estamos praticamente no início do ano letivo e já é bem nítido que aumentou a motivação desses alunos”, revelou.
Ainda de acordo com a gestora, o projeto tem como meta ampliar o uso da robótica em outros conhecimentos pedagógico e trabalhos interdisciplinares. “Os pais já tem relatado o progresso dos filhos. É preciso aprender com alegria e que esses alunos saiam daqui com uma boa base de ensino. Saibam sair do concreto para situações mais abstratas. Do simples para o mais complexos. Tantos as crianças ditas normais, quanto as que possuem algum tipo de limitação, trabalhamos com as potencialidades das crianças”, completou Lacerda.
Dayse Euzébio