Trabalho de alfabetização na rede municipal de ensino transforma sonhos em realidade

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Alexandre Quintansalfabetizacao

Todos os dias a diarista Maria José da Silva, 56 anos, acorda às 4h para fazer o café da manhã dos netos e sair para trabalhar às 6h30. Devido ao corre-corre e aos obstáculos enfrentados por ela durante a infância e adolescência não teve tempo para aprender a ler e escrever. Mas hoje ela está conseguindo realizar esse sonho de criança. Após um dia cansativo de trabalho Maria José ainda arruma forças e disposição para estudar no turno da noite.

Nesta segunda-feira (14) é comemorado o Dia Nacional da Alfabetização e é dentro de todo o processo de alfabetização que a senhora Maria José está conseguindo ler e escrever. Ela assiste às aulas de segunda a sexta-feira dentro do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Escola Municipal Francisca Moura, no bairro de Mandacaru.

“Além de eu estar realizando um sonho, para mim isso tudo é um sucesso. Faço isso com muita força de vontade e muita luta. Eu não falto um dia de aula e nem chego atrasado. Meu sonho era ler a Bíblia e hoje eu posso fazer isso”, disse com muita felicidade a diarista.

A EJA, que está implantada em 75 escolas da rede municipal de ensino, atende a milhares de pessoas com idade a partir dos 15 anos dentro de dois segmentos: 1º segmento (1ª a 4ª séries/1º e 2º ciclos); 2º segmento (5ª a 8ª séries/3º e 4º ciclos).

Para a professora Janine da Guia alfabetizar é dar novas oportunidades para as pessoas. “Essas pessoas, que não puderam estudar desde cedo estão podendo aprender a escrever e ler suas próprias receitas da vida. São portas que foram abertas na vida dessas pessoas”, explicou a professora.

O coordenador da EJA na Secretaria de Educação e Cultura de João Pessoa, Adriano Soares da Silva, disse que enquanto profissional é a maior realização em saber que pode ao ajudar ao próximo e que nunca é tarde para fazer aquilo que sempre se almeja.

Emocionado, define o que para ele vem a ser alfabetização. “É tirar uma venda dos olhos dentro do processo de letramento e dizer ‘opa agora estou enxergando’. Não estamos aqui negando as vivências. Cada aluno tem sua experiência e vivência, mas quando ele começa a ler se sente mais útil e mais independente. Na EJA as pessoas não têm obrigatoriedade de estudar, e sim a vontade”, conclui.