Sabão feito do óleo de cozinha protege meio ambiente e gera renda

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A Prefeitura de João Pessoa (PMJP), por meio da Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur), coletou, só no primeiro semestre deste ano, mais de 2.500 litros de óleo de cozinha de estabelecimentos comerciais, produzindo cerca de 100 kg de sabão, reciclando os resíduos. Através do projeto ‘Não Vai Pelo Ralo’, o governo municipal desenvolve essa ação de proteção ambiental, ao impedir que o óleo polua rios e mares, além de contribuir para a geração de renda em 32 comunidades que aprenderam a reciclar e vender o sabão produzido.

De acordo com a diretora do Departamento de Valorização e Recuperação de Resíduos (Devar), Elma Xavier, a coleta do óleo é feita em 12 pontos de João Pessoa e o recolhimento em 37 estabelecimentos, entre bares, restaurantes e padarias. Contudo, o número deve aumentar consideravelmente até o próximo ano, em decorrência de parceria com a Secretaria de Meio Ambiente (Semam).

“Para que um estabelecimento comercial possa funcionar, é necessário haver a emissão de uma licença ambiental. Entretanto, desde o ano passado, esta autorização depende do comprometimento do dono do estabelecimento do ramo da alimentação em realizar o devido descarte do óleo, doando o material para a Emlur, que faz a coleta em intervalos de até 15 dias”.

Para aumentar a responsabilidade dos empresários do ramo da gastronomia, a doação do óleo é obrigatória desde 2010. O gerente de uma cachaçaria no bairro do Bessa, Ricardo Bogaiolo, afirma que é imprescindível a participação dos estabelecimentos do setor alimentício nesta causa ambiental. O estabelecimento já participa da ação há dois anos.

“Nós produzimos uma média de 15 litros de óleo por semana e guardamos o resíduo em um tambor de plástico com capacidade de 50 litros, que é coletado pela Emlur”, afirmou Ricardo.

Já na Feirinha de Tambaú, o descarte é feito diretamente em um tonel de 500 litros, sem a necessidade de colocar em garrafas Peti, já que tonel é lacrado e recolhido semanalmente em todos os bares e lanchonetes participam da ação.

No primeiro semestre deste ano já foram recolhidos 2.584 litros de óleo, com média de coleta mensal de 420 litros. Conforme a diretora do Devar, é possível produzir um quilo de sabão com a utilização de cinco litros de óleo, o que dá uma média de 100 quilos do material reciclado. O sabão é utilizado na limpeza dos órgãos e secretarias da PMJP.

Emprego e renda – A equipe da Emlur realiza um trabalho social e ambiental em 32 comunidades de João Pessoa, a exemplo das comunidades do Timbó (Bancários) e Riachinho (13 de Maio) e do Bairro São José, que já recebem oficinas de reciclagem de óleo em sabão.

“A equipe da oficina de artes da Emlur ministra as oficinas e o interesse das pessoas é grande. Nós os orientamos a também fazer esse trabalho de coleta nos estabelecimentos vizinhos e garantir renda com a venda do sabão. A média do quilo é em torno de R$ 2,40”, explica Elma Xavier.

Ela diz que a reciclagem não é muito complexa e pode ser feita sem problemas pelos moradores das comunidades. São utilizados óleo, soda cáustica de 98%, água e essências, para dar aroma e cor ao produto. “É um trabalho de consciência ambiental e de garantia de renda”, frisa a diretora do Devar.

Danos Ambientais – A Emlur orienta empresários e cidadãos a guardar o óleo de cozinha em garrafas PET e entregar o produto nos diversos pontos espalhados na Capital. Descartar o óleo em caixa de gordura nas residências acarreta na acumulação de baratas e ratos, além de ser danoso ao meio ambiente.

Quando jogado em galerias pluviais, o óleo se transforma em crosta, impedindo a passagem da água. Se jogado nas galerias da orla, o óleo vai diretamente para o mar. Se for descartado em quintais, o material acaba chegando aos lençois freáticos, sendo transportados para os rios e para o mar. Lançado na terra, também impede o processo de fotossíntese da flora local.

Histórico – O projeto ‘Não Vai Pelo Ralo’ foi criado em 2008, com a reciclagem do óleo produzido no próprio restaurante da Emlur. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB) foi parceiro, capacitando os funcionários da Emlur.

“Ao verificarmos que os donos de barracas da orla de João Pessoa descartavam o óleo na areia da praia, prejudicando o meio ambiente, começamos a coleta por lá. Mas hoje, uma empresa privada se encarregou destas barracas, e a Emlur passou a se ocupar de outros estabelecimentos espalhados pela cidade”, afirma Elma Xavier.

 

O óleo de cozinha pode ser entregue nos seguintes pontos de coleta:

– Na sede da Emlur, localizada na Avenida Minas Gerais, 177, Bairro dos Estados;

– No Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB) – antigo Cefet- PB, localizado na Avenida 1º Maio, 720, Jaguaribe;

– Nos supermercados Carrefour, Hiper, Extra e Pão de Açúcar;

– Na sede da Subprefeitura em Tambaú, na Avenida Epitácio Pessoa;

 

Ou nos Núcleos de Coleta Seletiva da cidade:

-Núcleo Cabo Branco, na Avenida Paulino Perito, s/n

– Núcleo Bessa, localizado por trás do terminal de ônibus 510;

– Núcleo Acordo Verde, na rua Manoel Roberto Nascimento, s/n, Cidade Verde (por trás do CAIC);

– Núcleo de Mangabeira IV (próximo ao supermercado Bem Mais).

– Núcleo 13 de Maio, na Avenida Espírito Santo, s/n.