Filhotes resgatados, apreendidos ou vindos de cativeiro recebem cuidados especiais na Bica
O Parque Zoobotânico Arruda Câmara (Bica) oferece tratamento especial para filhotes de animais silvestres recolhidos ou vítimas de cativeiro, encaminhados pela Reserva Biológica (Rebios) ou pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Eles ficam sob os cuidados dos técnicos durante 24 horas todos os dias, em substituição à mãe. Já os que nascem na Bica ficam com as mães até a idade que se tornam independentes.
Segundo explicou a bióloga e chefe de nutrição do Parque, Helze Lins, qualquer animal silvestre que chega à Bica é acolhido e avaliado. “Caso cheguem doentes, ou machucados, é dado tratamento adequado. Se não for necessário é feita apenas a alimentação apropriada para a espécie”, contou.
No caso dos filhotes, que não são imunologicamente ativos, Helze explica que todo tipo de contato deve ser evitado. É preciso também ter cuidado com a higienização das mãos e do local onde estão, porque tanto eles podem ter alguma doença e transmitir para as pessoas, como as pessoas podem transmitir para eles, por isso ficam isolados do público.
Alimentação – A alimentação e o tipo de tratamento adequado a cada filhote é determinado pela espécie do animal, seu hábito e condições. “Existe um acompanhado diário a cada filhote, através de uma planilha onde constam o dia, horário e quantidade de alimento. É feita a pesagem do animal antes da primeira alimentação e após a última do dia e nessa planilha também são feitas observações com relação aos comportamentos e a aceitação do alimento dado”, detalhou a bióloga Fabiana Zermiani.
Ela explica ainda que cada filhote tem hábito alimentar específico (podem ser carnívoros, herbívoros ou onívoros), então é necessário um manejo alimentar diferenciado. “Os marsupiais, por exemplo, devem tomar leite sem lactose e primatas tomam leite para humanos, ambos comprados no comércio, que substituem o leite materno. Já as raposas tomam leites artificiais para cães, sem lactose, mas suplementando de acordo com suas peculiaridades nutricionais”, completou.
Já os animais carnívoros, que são menos dóceis e têm mais facilidade de serem reintroduzidos à vida selvagem, os técnicos os colocam em viveiros separados do convívio com qualquer pessoa, e são alimentados com presas vivas para estimular a caça. Isso facilita a possibilidade de retornarem ao seu habitat natural. Os filhotes de mamíferos criados em cativeiro precisam de um trabalho muito mais elaborado e têm poucas chances de retornarem à vida selvagem.
“Um dos maiores objetivos de um zoológico é a conservação das espécies. A reintrodução de um animal à vida livre depende da idade, comportamento individual e capacidade de defesa. Um filhote criado desde cedo no zoológico, alimentado pelos biólogos, e em contato direto com tratadores, diminui consideravelmente a possibilidade de reintrodução. Este animal se tornaria presa fácil e não seria eficiente na procura por alimento” afirmou Helze Lins.