Setor de Nutrição garante desenvolvimento e bem-estar aos animais na Bica
Para garantir a nutrição, desenvolvimento e o bem-estar dos animais do Parque Zoobotânico Arruda Câmara (Bica) existe um local responsável exclusivamente pela qualidade dos alimentos oferecidos às espécies. O Setor de Nutrição do Parque fica sob responsabilidade de duas biólogas que conferem peso, quantidade e a qualidade dos alimentos, além de elaborar, e supervisionar diariamente, a planilha alimentar de cada animal.
O Setor conta ainda com três pessoas que trabalham na cozinha, responsáveis por cortar os alimentos, higienizar e preparar as bandejas, para evitar possíveis doenças por contaminação de bactérias em restos de alimentos. “A distribuição das bandejas em cada recinto fica a cargo de nove tratadores. Cada espécie tem a sua bandeja individual e, dentro do recinto, são colocadas duas ou três bandejas para evitar disputas pelo alimento entre os animais”, disse a bióloga e chefe do Setor de Nutrição do Parque, Helze Lins.
Compra dos alimentos – Helze Lins ainda explicou que a compra dos alimentos passa por um processo de licitação, onde várias firmas concorrem. “No momento trabalhamos com seis empresas só de frutas, além de três de carne e ração. Com relação aos prazos de validade, quando chegam as frutas e a carne, nós estamos na cozinha para verificar qualidade e quantidade de todo o material”, informou.
A bióloga ainda informou que os alimentos são solicitados às empresas com base no hábito alimentar das espécies. “Quando os alimentos chegam são pesados e depois passam pelo processo de higienização, em um tanque específico. Quando vão ser distribuídos, são cortados, pesados e distribuídos nas bandejas de acordo com a planilha elaborada para cada animal. Em alguns zoológicos é utilizada apenas ração, que é um alimento completo, mas não gera prazer ao animal. No Parque, é utilizada a ração juntamente com as frutas, para nutrir o animal e também para que ele se sinta bem ao se alimentar”, explicou Helze Lins.
Outro ponto observado na alimentação dos animais da Bica, segundo Helze Lins, são as preferências alimentares dos animais. “No caso do animal não aceitar algum item, temos um diálogo com os fornecedores para fazer trocas. Tudo é um processo de observação. Quando colocamos a bandeja e retiramos, o que sobrar é o que ele não gosta. Então temos o cuidado de trocar, mas não podemos condicionar o animal a comer só o que ele gosta. Quando percebemos que a ração está sobrando, colocamos primeiro a ração e depois as frutas, de modo que ele coma o que precisa para ficar bem nutrido”, afirmou.
Workshop – A bióloga e também responsável pelo Setor de Nutrição da Bica, Fabiana Leyton, participou recentemente de workshop em São Paulo para trazer ao Parque um programa de nutrição que está sendo utilizado em quase todos os zoológicos do Brasil. O programa consiste na elaboração de planilhas alimentares baseadas na exigência nutricional de cada espécie. O programa é Zootrition (http://www.zootrition.org/).
“Para elaborar a planilha alimentar, é necessário também conhecer o animal e os hábitos dele. Fazemos diariamente suplementação, que vai como parte da alimentação, então, ele come o que gosta e a suplementação, tornado-a mais nutritiva. Quando tem o caso de uma carência, focamos um pouco mais. Mantendo essa alimentação evitamos que tenham alguma deficiência. Não é medicação, é apenas suplemento”, informou Fabiana Leyton.
Bem-estar – Além da preocupação com a qualidade dos alimentos, existe o cuidado com o bem-estar dos animais. Para isso é realizado o enriquecimento alimentar com o fornecimento de presas vivas, o que estimula o animal a interagir mais, como também a oferta de picolés nos períodos quentes, introdução de alimentos diferentes dos oferecidos no cotidiano e alimentos inteiros (com casca), de forma a oferecer mudanças ao que ele está acostumado. “O animal descobre que morder uma maçã inteira é diferente dos alimentos previamente cortados. Isso quebra a monotonia e gera bem-estar ao animal”, analisa Fabiana Leyton.